Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Saudades...

Edição nº 1728 - 22 de Maio de 2020

A bela Da. Zica do Areão

 

Albertina de Souza Vieira (Zica) (foto) morreu na Santa Casa de Sacramento, às 15h do dia 15 de maio, aos 92 anos. De acordo com familiares, Zica foi internada com uma dor no abdômen que, após tomografia, constatou-se que ela havia engolido um pedaço de palito que perfurou o intestino, causando uma infecção generalizada. Zica passou por cirurgia na terça-feira 12 e veio a óbito   na sexta-feira. Seu corpo foi velado no Velório Maurício Bonatti e sepultado às 22h, após as exéquias proferidas pelo pároco Pe Ricardo Fidelis.  Dona Zica, como era conhecida, deixou o companheiro Manoel Batista Filho, os filhos Elza, Cléria, Elma Lúcia, Celma, Edson, Edna, Cleusa, Neuza, Luceli, Edmar e Sandra. 38 netos, 30 bisnetos e 3 tataranetos.

 

Legado de trabalho e persistência

A vida não consiste em apenas contar os anos, ela é feita de histórias e histórias era o que não faltavam na vida de dona Zica, conforme revelou ao ET em entrevista por ocasião dos seus 88 anos em 1º/11/2015. Zica nasceu no Desemboque, segunda-filha de Sebastião de Souza e de Maria Peres, pais de mais nove filhos. Aos oito anos, ficou sem o pai que, louco, sumiu no mundo. A mãe Maria Peres pegou o que podia, jogou no lombo de uma égua, pegou os filhos e rumou para Sacramento. Viagem difícil, dois dias de estrada com um pernoite na Lagoa dos Esteios.  

“Na entrada do Santo Antônio já na cidade, a égua que estava prenhe afrouxou, caiu e ali  morreu com a cria”, relatou Zica.  Os primeiros dias na cidade não foram fáceis, até que a família fincou pé na fazenda do João Zico e dali, Zica saiu casada com Sebastião Jacinto da Silva e já com dez filhos, decidiram se mudar para a cidade, fixando residência no bairro Perpétuo Socorro (Areão), mas logo perdeu o marido, repentinamente. 

Viúva, Zica não esmoreceu, afinal tinha dez filhos para criar e foi à luta.  “Agarrei no serviço, trabalhando em casas de família, lavando roupas, passando... e não foram poucas. Havia dias que eu lavava roupas em duas casas. Mas minhas patroas eram muito boas, me ajudaram muito. Eu trazia comida e quitanda para os meninos. Era uma alegria, eles já ficavam esperando, esperando minha chegada...”, recordou. 

Prossegue, contando como conheceu o segundo marido. “Um dia conheci Lázaro Vieira da Silva, com quem me casei e tive a filha caçula, Sandra.  Sempre confiante em Deus, aos poucos fomos sobrevivendo, graças também a muita ajuda do Dispensário dos Pobres, da Sociedade S. Vicente de Paulo. Aí os meninos foram crescendo, começaram a trabalhar e as coisas foram mudando. Não foi fácil, mas vencemos, graças a Deus”. 

Apesar de tantas peripécias, Zica sempre deu a volta por cima. Era uma mulher feliz, dona de um sorriso largo, de quem pode dizer “vim, vi, venci”.  E era agradecida por tudo. “Sofri demais, trabalhei demais, mas foi bom. Hoje ver os filhos, netos, bisnetos, tataranetos é uma bênção de Deus. Minha família, graças a Deus, é uma felicidade. Valeu a pena, está valendo...”. 

Agora fica a saudade e a certeza de que a mãe, avó, bisavó e tataravó combateu o bom combate, acabou sua carreira, mas sempre guardou a fé, que lhe deu forças para chegar aos 92 anos...       A Deus, Zica!  

 

Dentista Benedicto morre em Goiânia 

O sacramentano Benedicto Ignácio de Faria (foto) morreu no dia 6 de maio, em Goiânia (GO), aos 97 anos. O artesão Benedicto foi sepultado no mesmo dia, no Parque Memorial de Goiânia, às 19 horas. A notícia chegou ao ET através da filha Mary-Nise Faria, residente em Goiânia, que nos últimos anos cuidava do pai. “Desde o final de 2018, ele enfrentava as consequências da Mielodisplasia, sem causas conhecidas”, informa.

 Através de mensagem ao ET, a filha agradece as orações e o carinho de todos que o conheceram. “Acreditamos que a vida segue em outros planos, mas a despedida é um momento supremo de (re)afirmação da fé - fé em nós mesmos, fé na vida!”, disse, lembrando uma frase do pai: “Em algum lugar o pensamento materializa, pela ação, concretizando ideais”. Que ele prossiga sempre. Fica a nossa eterna gratidão e saudade”.

Viúvo de Elaine de Araújo Ignácio, desde 2006, Benedicto deixa os filhos Mary Nise, Nilce Jussara e Gilson Hebart, todos sacramentanos, residentes em Goiânia. 

Benedicto Ignácio de Farias nasceu na região de Jaguarinha em  2/7/1922, onde viveu até os 17 anos com os pais, Joaquim Estevan de Farias e Izabel Maria da Almeida e os irmãos Bertulino, Juca e Dirce, fazendo lá seus primeiros estudos.  Em 1940, um ano depois do início da I Guerra Mundial, veio para a cidade fazer o Tiro de Guerra e seguir os estudos no Liceu Sacramentano. Daqui, Benedicto seguiu para o Rio de Janeiro, onde se formou em Odontologia.  

Em 1945, como reservista de 1ª Categoria, por ter feito o TG 285 – CRFC, em Sacramento, foi convocado, pelo Ministério da Guerra para o curso de graduação em São João Del Rey, e incorporado à Força Expedicionária Brasileira (FEB), mas não chegou a embarcar para o front. A guerra chegara ao fim.

 Retornando a Sacramento, abre seu consultório passando a exercer a profissão. Quatro anos depois, 1949, casou-se com Elaine de Araújo Ignácio e já com três filhos ainda pequenos muda-se para Uberaba, na época das campanhas para a construção do Hospital do Câncer Dr. Hélio Angotti, de quem recebe um diploma de benemérito, com a frase: “Sem você, esta história não existiria”.

Dez anos depois, em 1959, mudou-se para Goiânia com a família,  ingressou no serviço público (Polícia Científica/Secretaria de Segurança Pública do Estado de Goiás), onde trabalhou até aposentar-se. E em Goiânia terminou seus dias, mas sem nunca esquecer suas raízes e os amigos, desfrutando a vida, sempre que podia, numa propriedade no município.  

Em entrevista em 2016, ao ser questionado sobre o segredo da longevidade, brincou: “Eu vou revelar o segredo. Eu vou driblando a morte com minhas viagens. Quando a morte me procura aqui, estou em Goiânia. Quando ela me procura lá, estou em Sacramento, seguida de uma boa gargalhada e finalizou. “Sempre fui um homem de muita fé e temente a Deus. A vida é um dom de Deus, meu jovem. Sou um homem felicíssimo e só Deus sabe para onde irei... Minha fé em Deus é inabalável. Deus sobre todas as coisas. Ele é a inteligência suprema e a causa primária de todas as coisas, disso não tenho nenhuma dúvida”. Este era o Benedicto. Fica a saudade...

 

Jorge, médico da Santa Casa de Conquista

O médico Jorge Donizetti Yamamoto (foto), da Santa Casa de Misericórdia de Conquista, morreu aos 65 anos, vítima de infecção generalizada decorrente de uma cirurgia de transplante de rins, que apresentaram rejeição ao longo do tratamento. O óbito ocorreu às 3h da manhã dessa quinta-feira 21, em hospital de Ribeirão Preto (SP). Seu corpo foi trasladado para Conquista e velado na Loja Maçônica Estrela Conquistense 75 e sepultado às 18 horas, no Cemitério Santa Madre Paulina, em Conquista. 

Dr Jorge Yamamoto era natural de Uberaba, onde viveu sua infância e juventude. Estudou nos colégios Nossa Senhora das Graças e José Ferreira. Formou-se em Medicina, em 1984, na antiga Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro, hoje Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), iniciando-se na profissão em  Uberaba e cidades vizinhas, como médico generalista, atuando desde clínica geral a obstetrícia e cirurgia geral. Em 1987, mudou-se para Campos Altos onde, no ano seguinte, casou-se com Lucimar Silvestre Yamamoto, pais de dois filhos, Joyce Yuri Silvestre Yamamoto, médica em Ribeirão Preto e Jorge Donizetti Yamamoto Júnior, médico residente em Belo Horizonte.

  Em 1992 mudou-se para Conquista e, ao longo desses 28 anos, trabalhou na Santa Casa de Misericórdia como Médico da Saúde da Família, pela Prefeitura. Era também médico credenciado  do Sindicado dos Trabalhadores Rurais e mantinha na cidade seu consultório particular.  Em 2016 sofreu um acidente de carro, que o afastou temporariamente das atividades, retornando no ano de 2017. 

De acordo com o jornalista Firmino Libório Leal, da cidade de Conquista e confrade de Dr Jorge na Loja Maçônica Estrela Conquistense, o médico foi um grande ser humano, como pessoa e como profissional. “Exemplo de humanidade e competência nos seus atendimentos, Dr Jorge dispensa quaisquer outras apresentações, é unanimidade em nossa cidade quando o assunto é exemplo de ser humano. Há 28 anos vem desempenhando um trabalho em Conquista, que o abraça sempre, com carinho pelo médico e pessoa que é”, recorda Leal. (Colaboração do jornalista Libório Leal, de Conquista)