Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Carolina é citada no enredo da União da Ilha, no Rio

Edição nº 1716 - 28 de Fevereiro de 2020

A escritora sacramentana, Carolina Maria de Jesus, mais uma vez fez parte do tema de enredo da escola de samba União da Ilha do Governador, do 1º grupo das escolas do Ri de Janeiro, penúltima escola a desfilar no Grupo Especial, na madrugada dessa segunda-feira 24. A Comissão de Frente denominada, 'A magia da educação', abordou os problemas sociais da favela e do país. Após receberem um livro, e entrar no carro, que é uma grande favela, as crianças pobres se transformam em profissionais de várias áreas.

 

Em um dos muros da favela, a foto de Carolina é estampada com duas citações tiradas de seu best-seller, 'Quarto de Despejo': “Cheguei a conclusão que é pobre quem deve ler, porque o livro é a bússola que há de orientar o homem no porvir”; “Gosto de manusear um livro. O livro é a melhor invenção do homem”. 

A escola viveu maus momentos no desfile, o carro quebrou, provocou buraco, estourou o tempo e foi rebaixada.

 Esta não foi a única homenagem a Carolina no Carnaval 2020. A escola de samba do Grupo Especial de São Paulo, Tom Maior com o enredo, 'É coisa de preto', entrou no Anhembi saudando heróis negros da história, Elza Soares, Carolina Maria de Jesus, Mano Brown, Madame Satã, Machado de Assis, Pixinguinha, Joaquim Barbosa e encerrou com uma homenagem a Marielle Franco. 

Anteriormente, Carolina já tinha sido homenageada. Em 2019, o bloco e movimento cultural, 'Pega o Lenço e Vai', homenageou a trilogia de escritores negros, Carolina Maria de Jesus, Lima Barreto e Solano Trindade.  

Conheça a homenagem a Carolina, de autoria de Danilão, escrita para o bloco:

 

“Vim de lá do interior/ 

Das Minas Gerais/ 

Na busca de uma melhor condição/

Cheguei em São Paulo, Cheguei/ 

E tive o encontro com a miséria/

Amarguras e tristezas/

De uma vida na Favela/

 

Com o meu caderno pra remediar/ 

Na caneta o refúgio/ 

Do quarto de despejo/ 

A casa de Alvenaria/ 

Com crônicas e poesia/ 

Me eternizei/ 

No meu sonho de escrever/ 

E assim, me apresento:  

 

Sou, Carolina!” 

No carnaval de 2017 Carolina e o marinheiro João Cândido, conhecido como 'O Almirante Negro', e líder da Revolta da Chibata, foram homenageados pela escola de samba Renascer de Jacarepaguá, dentro do enredo, 'O papel e o Mar'. 

Em 2018, também a Acadêmicos do Salgueiro, pelo Grupo Especial do carnaval carioca, homenageou Carolina e outras mulheres como Tereza de Benguela, Maria Filipa de Oliveira e Luíza Mahin, dentre outras  no enredo, 'Senhoras do Ventre do Mundo'.

 Mas o mais antigo registro de Carolina no Carnaval data de 1963, quando ela e outros personagens foram o enredo da escola de samba Aprendizes de Lucas (hoje Unidos de Lucas), criada em 1932, no bairro de Parada de Lucas, Rio de Janeiro, para o desfile promovido pela Prefeitura do Rio de Janeiro naquele ano.   

Conforme o registro, o enredo da Aprendizes para o carnaval de 1963, 'Páginas da história', idealizado por João Moleque, veterano do  carnavalesco do bairro da Saúde, bairro onde era preparado o carnaval da escola.  

“O Jornal o Globo, de 19.01.1963, diz que 'Páginas da História' era um enredo que focalizaria “heroísmo, arte e literatura, representados por Henrique Dias Rebouças, Nassau, Portinari, Pedro Américo, Francisco Lisboa, Machado de Assis, José de Alencar, e, em destaque, Carolina Maria de Jesus, autora da obra, 'Quarto de despejo'.  

Mulher negra, mãe de três filhos (João José, José Carlos e Vera Eunice), catadora de papel, moradora da extinta favela do Canindé, à beira do poluído rio Tietê, em São Paulo, Carolina Maria de Jesus tinha um sonho e fez de tudo para poder concretizá-lo. Mesmo com apenas dois anos de educação formal...”, registra Jorge Renato Ramos, no livro 'Apoteótico: os maiores carnavais de todos os tempos', de 1963.

 

(https://clubedeautores.com.br/livro/apoteotico-os-maiores-carnavais-de-todos-os-tempos-2)