Quem tem irmãos sabe como é dividir todos os momentos e ter com quem compartilhar lembranças incríveis da infância. E foi exatamente isso, que o ET presenciou esta semana num bate papo com duas belas irmãs que, juntas, somam 176 anos: Maria José Alves Magnabosco (Zezé) 86, e Terezinha do Menino Jesus Vieira, 90. Zezé e Terezinha são as duas únicas filhas dos saudosos Olívio Alves Figueiredo e Maria Madalena Ferreira. Ambas sacramentanas, aqui nasceram, cresceram, estudaram, se casaram e constituíram famílias. Dona Zezé ficou por aqui e Terezinha, há 73 anos, deixou Sacramento, primeiro para Barretos, onde residiu durante 63 anos e, os últimos dez, após a morte do marido, está com os filhos, em Campo Grande (MS). “Criei, eduquei e amei os dois, agora que eles façam o mesmo comigo”. Mas o vínculo fraternal nunca se perdeu. Da varanda da casa da av. Capitão Borges, onde Da. Zezé nasceu (Terezinha, um pouco mais acima, do outro lado da rua) passam a tarde, as duas trocando lembranças e amenidades...
Minha primeira professora...
quem é que não se lembra de sua primeira professora. E quem é que não tem só palavras e lembranças boas dela. Vale dedicar essa entrevista em homenagem a todas as professoras pelo seu dia, no último 15 de Outubro. Dona Zezé tem na cidade uma grande história como professora por 40 anos, na EE Afonso Pena Júnior, onde se aposentou, depois de alfabetizar e ensinar milhares de estudantes. Ali, também construiu grandes amizades que, com a evolução natural da vida vão partindo para os braços do Pai, mas todos estão na memória, que não anda lá essas coisas, com todo o direito de esquecer alguns detalhes... Mas vem logo à mente: Dona Corália, a primeira diretora com que trabalhou, Marileia Maluf, Leda Borges e as colegas de Magistério, Doralice, Aparecida Miranda, Maria do Carmo e a vizinha Agnes.
Mas dona Zezé...
não foi apenas professora, foi esposa de Sílvio Magnabosco (in memorian) que juntos criaram três filhos, Madalena, Silvinho (falecido), Renata e Viviane, filhos que lhes deram cinco netos e dois bisnetos. E hoje curte, diariamente, a vida ao lado das filhas e netos, na mesma casa onde nasceu. Mas confessa que dias como esses que está vivendo com a visita da irmã, Terezinha, não tem coisa melhor. Zezé já esteve em Campo Grande. Foi de avião, para encurtar o tempo da longa viagem, pilotado pelo sobrinho Roberto (filho de Terezinha). Mas não gostou.
“Quase morri de medo, tanto pra ir como para voltar. Acho que não voltarei lá...”, revela entre risos da irmã, que vem sempre de avião trazida pelo filho. “Meu filho me traz, aterrissa em Jaguara e as sobrinhas vão me buscar. Fico um tempo por aqui e quando quero retornar, Robertinho vem me buscar. Mas a Zezé, apesar dos convites, se recusa a ir”.
Com incrível lucidez...
a irmã foi logo revelando como ganhou um nome tão abençoado, 'Terezinha do Menino Jesus Vieira'. “Mamãe, muito devota de Santa Terezinha do Menino Jesus, me batizou com o nome da santa. O Vieira é do meu marido, Vicente Vieira, irmão do João, do Alberto...” Terezinha casou-se aos 22 anos e durante algum tempo residiu em Sacramento, morando também na Capitão Borges, onde é hoje a Chinelaria da Bela Cosméticos, vizinha do prédio ao lado, onde o marido Vicente tinha um comércio de bebidas. Primogênito, Waltinho, atleta brilhante de basquete, nos anos 60, quando integrava a equipe d'Os Corujas e ODUS, nasceu ali. Já Roberto, nasceu onde mora hoje Dona Zezé, ambos pelas mãos da parteira, Idalides Milan de Rezende e Dr. Valadares.
E se lembra com carinho...
dos vizinhos da época: Elza Crema, dona Ariovalda, Oscar Dentista, João Vieira, Juquinha Vigilato, a marcenaria do Américo Bonatti... “Tanta gente que já se foi, tudo vai acabando, mas o prédio do comercio está lá, hoje um pet-shop. Tenho muita saudade daquele tempo que não volta mais. Os meninos eram pequenos, quando nos mudamos para Barretos a convite do tio do Vicente, o Antenor Duarte. Vicente foi cuidar das fazendas do tio, um trabalho que durou 63 anos... durante todo o tempo que vivemos lá. Um pouco depois, Vicente abriu também um comércio em Barretos e eu tomava conta quando ele não estava”, revela, ressaltando que os filhos sempre passavam as férias na casa da tia Zezé.
Nada como estar com a irmã...
Zezé! E assim, se Maomé não vai a montanha, a montanha vem a Maomé. Para Terezinha, vir a Sacramento é uma alegria muito grande. “Só nós duas de irmãs, então a gente tem que cuidar, zelar, ficar sempre perto, enquanto Deus permite. Sempre fomos unidas, estive sempre presente em todos os momentos de sua vida, nos bons e tristes momentos. Então, se ela não vai, eu venho. 'Se Maomé não vai a montanhaj...' Não é o que dizem?
Terezinha vai passar uns bons dias com Zezé, e daqui vai para Barretos, onde tem muitos amigos conquistados ao longo de 63 anos de convivência e vizinhança. Lá mantém ainda a casa. Dentre os amigos, está a Drª Scylla Duarte Prata, filha de Antenor Duarte e prima de Vicente, seu marido. E seu filho, Henrique Prata, diretor presidente do Hospital de Amor.
Perto do Pantanal...
Terezinha não curte apenas aquela beleza exuberante do Pantanal mato-grossense, ali também estão os dois filhos amados, o engenheiro Walter (Tânia) e o advogado Roberto (Maria Eugênia) que lhe deram quatro netos e já seis bisnetos.
Questionada sobre o segredo da lucides e jovialidade aos 90 anos, Terezinha tem a receita: “Tranquilidade, aconchego, cuidado e amor dos filhos. Quero ir ali, eles ou minhas noras me levam, quero vir pra cá, Roberto, com quem moro, pega o avião e me traz. Walter também mora próximo. Os dois são muito unidos e sempre cuidando de mim. Sou feliz, muito feliz”.