Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Nova técnica opera tumores cancerígenos em minutos

Edição nº 1692 - 13 de Setembro de 2019

Pacientes oncológicos que não podem passar por cirurgia ou cuja cirurgia é de grande complexidade têm uma nova opção de tratamento, denominada, ablação por microondas, uma técnica recém-chegada ao Brasil, que utiliza micro-ondas (ondas eletromagnéticas de alta frequência) para ‘queimar’ os tumores, destruindo-os em poucos minutos. 

Entre os especialistas desse tipo de cirurgia, o médico João Paulo Giacomini Bernardes, filho do sacramentano Amâncio José Bernardes e Rosane Giacomini, realizou essa semana em Brasília, no Hospital Sírio Libanês, o primeiro procedimento utilizando a técnica, com perfeito sucesso.

 João Paulo nasceu em Araras (SP), cidade natal de sua mãe e, aos três anos mudou-se para Sacramento. Estudou na Escola Gotinhas de Mel (XX de Outubro) e na EE Cel. José Afonso de Almeida, transferindo-se a partir do 8º ano para o Colégio José Ferreira, em Uberaba. Formado pela USP de Ribeirão Preto, especializou-se em radiologia intervencionista no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo. 

A ablação por radiofrequência, a crioablação e a radiocirurgia funciona assim: os médicos utilizam exames de imagem, como ultrassom e tomografia, para localizar o tumor. Depois, chegam a ele com a ponta de uma agulha, com precisão milimétrica. A radiação esquenta e agita as moléculas de água do tumor, destruindo-o pelo calor gerado (seguindo o mesmo princípio de um micro-ondas convencional).

Segundo o João Paulo, uma das maiores vantagens da técnica é a velocidade, assim como a possibilidade de tratamento de lesões maiores. Outros tipos de tratamento, como a radiofrequência, podem demorar até dez vezes mais tempo que a ablação. A velocidade de destruição depende do tamanho do tumor, mas há casos em que é possível eliminá-lo em apenas dois minutos.

Por não envolver cortes ou cirurgia, a ablação permite que o paciente receba alta até no mesmo dia da intervenção. Foi o que aconteceu no caso do brasiliense operado pela técnica, João Gastio dos Santos, 73 anos. Com câncer no fígado, ele sofria com um tumor de 4,2 cm. O procedimento durou cinco minutos e o paciente foi liberado no mesmo dia. 

 

Quem é João Paulo Giacomini Bernardes

 

Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP) no ano de 2007 e residência em Radiologia e Diagnóstico por Imagem no Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto (2009-2011). Fellow em Radiologia Intervencionista com enfoque em procedimentos percutâneos no Hospital Sírio-Libanês em 2012 e residência (R4) do programa de Radiologia Intervencionista Oncológica do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) em 2013. Médico assistente da Radiologia Intervencionista do ICESP e atuação em Hospitais da cidade de São Paulo (Hospital Sírio-Libanês e Hospital Bandeirantes) entre 2014 e 2015. 

Atualmente (desde Fevereiro de 2016), é médico Radiologista Diagnóstico e Radiologista Intervencionista do Hospital Sírio-Libanês Brasília (Centros de Oncologia e Centro de diagnóstico por imagem). Assuntos principais de interesse: radiologia diagnóstica em medicina interna e oncologia, biópsias guiadas por tomografia e ultrassom, drenagens guiadas imagem, ablações percutâneas (carcinomas hepatocelulares, tumores renais, metástases hepáticas e pulmonares) e procedimentos percutâneos paliativos para dor em pacientes oncológicos.

 

Procedimento evita UTI

“Por ser minimamente invasivo, esse tipo de ablação tem como vantagens a rápida recuperação do paciente, evitando internações prolongadas e UTI. Além de ser uma solução menos mórbida, pode representar até mesmo uma economia para o sistema de saúde”, detalha João Paulo Bernardes.

Em geral, a ablação por microondas é utilizada para tratamento local de tumores de fígado, pulmão e rim, primários e metástases. Neste ano, o Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) realizou uma pesquisa para testar a técnica. Até agora, dois pacientes passaram pelo procedimento. A estimativa é que, até o fim do estudo, outros 60 sejam submetidos ao mesmo tratamento.

De acordo ainda com o médico, a técnica “tem suas limitações”. “Por isso, é necessário um time de especialistas avaliando caso a caso. São as chamadas equipes multidisciplinares, onde as melhores soluções para os pacientes são decididas em conjunto”, explica, informando que as equipes são compostas por médicos radiologistas intervencionistas, oncologistas, cirurgiões e radioterapeutas.

“Estamos felizes e animados com a chegada desta tecnologia, que aumenta nosso arsenal terapêutico. Os nossos pacientes agora podem ser tratados com a tecnologia de micro-ondas, que já é uma realidade nos grandes centros oncológicos do mundo”, completa o médico João Paulo, do Hospital Sírio-Libanês, recebendo o carinho da cidade que o recebeu aos três anos e onde realizou os estudos básicos.

Fonte: https://www.metropoles.com/saude/nova-tecnica-tratamento-destroi-tumores-cancerigenos-em-minutos