Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

A Deus, nossos irmãos vítimas da Covid-19

Edição nº 1769 - 12 de Março de 2021

Entre os dias 9/2 a 11/3, toda Sacramento, mas, especialmente, dez famílias sacramentanas viveram a dolorosa experiência da separação e ausência provocada pela morte e, em grande parte, privados de uma justa despedida  de pessoas  queridas, pais, mães, esposas, filhos, amigos, conhecidos. Foram dez mortes, das quais três por outras causas não identificadas e as demais vítimas desta terrível peste que assola o mundo, a Covid-19. 

Manoel Pio dos Santos (9/2); Edivarde Alves (15/2); Marcos Antônio da Cunha (24/2); Irene Maria da Silva (25/2); Lauriana Borges de Araújo (28/2); Ana Luiza Borges (2/3); Olavo Batista Cardoso (4/3); Joana Pereira de Almeida (6/3); Cássio Luiz Prudêncio (8/3) e Aparecida Augusta da Matta Lenza (11/3). As famílias que nos enviaram sua biografia e fotos, deixamos o registro.

A dor é doída demais... O que nos conforta é nossa fé que nos fortalece e nos impulsiona a seguirmos firmes segurando nas mãos de Deus. Sentimentos e conforto às famílias. “Ele é nosso refúgio e nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade.” (Salmos 46:1) (Fonte: Comando Covid/Sacramento)

 

Cidinha da Matta

 

Aparecida Augusta da Mata Lenza, a Cidinha do Adalberto, morreu nessa quarta-feira 10, no Hospital São Domingos, em Uberaba. O seu corpo foi trasladado para Sacramento e sepultado no dia seguinte às 10h30, após ser velado por familiares. Professora por formação, dedicou sua vida a família. Viúva de  Adalberto Faleiros Lenza, deixa os filhos, Adalberto (Dirce), Alberto (Lisiane), Suzane (Ricardo), Roberto ( Suzane) e Saulo (Gabriela) e sete netos.  

Cidinha deixa também uma grande história de vida. Nascida em Conquista, onde viveu toda a sua infância, mudou-se para Sacramento onde fez seus estudos. E foi na escola, criança ainda, que conheceu aquele que seria o seu grande amor, lembra o filho Adalberto. “Meu pai, homem rústico, sistemático, largou os estudos e foi embora pra fazenda. Os anos se passaram, ele veio para a cidade e, um dia, na casa de um amigo, viu aquela loirinha de olhos verdes e logo quis saber quem era... Para sua decepção, a menininha que conhecera na infância era noiva. Mas logo acabou tudo e começou um namoro com papai. Entre esse reencontro, o noivado e o casamento foram 11 meses. 

Foram morar na rua Capitão Ferreira com Major Lima e ali criaram todos os filhos. Ela chegou a lecionar, mas depois de casada, papai não a deixou trabalhar mais. Coisas daquele tempo. Para ele, mulher não trabalhava, mas era um homem muito bom, excelente marido, um grande pai. Sempre moramos nesse endereço. Mamãe brincava, dizendo que dali só sairia para o cemitério.  E assim foi”, relata o filho concluindo, emocionado. 

“- Criou todos nós com dignidade. Muito religiosa, depositou na família muito amor. A vida dela foi a família e a religião. Era uma mulher muito caridosa. Talvez muitos não saibam, mas ela era uma Robin Hood, pedia para dar aos pobres. Preocupava-se muito com o próximo. Deixou aqui num quarto, as coisas que ela iria doar. Ainda estão aqui com os nomes e nós vamos 

entregar. Enfim, mamãe viveu para o família, o próximo e para Deus. Acredito que ela esteja na casa do Pai”. 

 

Pe Carlos Alexandre é vítima da covid

 

O padre diocesano, Carlos Alexandre de Souza (foto) 44 morreu vítima da Covid-19, em um hospital de São Paulo, onde estava internado desde a segunda-feira 8. Seu corpo foi trasladado para a sua cidade natal Guararapes (SP), onde reside seus pais e demais familiares, e sepultado, nessa quinta-feira 11, por volta das 15h.  Os padres Otair Cardoso e Fábio Meira representaram a Arquidiocese junto à família. Às 18h, o arcebispo Dom Paulo Mendes Peixoto presidiu a missa na Catedral Metropolitana em sufrágio de sua  alma com transmissão pelo YouTube  e Facebook. 

Padre Carlos Alexandre estava em Sacramento como vigário paroquial da Paróquia Basílica desde novembro de 2018. De acordo com o reitor, Pe Ricardo Alexandre Fidelis, “Pe Alexandre estava numa viagem para visita familiar e, até onde temos conhecimento, ele apresentou os sintomas quando já estava lá”.

Padre Carlos Alexandre de Souza, foi ordenado sacerdote em 3/11/2000, na mesma data da ordenação do pároco, Pe. Ricardo. Começou a vida presbiteral na Paróquia de Nossa Senhora do Carmo, na cidade do Prata, onde criou a quase Paróquia de São José Operário; passou depois pela Paróquia se São Sebastião, em Água Comprida; São Judas Tadeu, em Uberaba; Santo Antônio, em Araxá e a quase Paróquia Santo Antônio de Pádua, em Uberaba e de lá veio para Sacramento, assumindo as funções de vigário paroquial em 8/11/2018, ao lado do colega de ordenação, Pe. Ricardo, atendendo sobretudo as capelas nas comunidades rurais. 

Por onde passou, tornou-se muito querido pelos paroquianos pelo seu carisma, o seu jeito peculiar  de 'cowboy' e, sobretudo, pela mensagem deixada em cada celebração.   

A edição 1731 do ET, de 12 de junho de 2020, registra suas palavras na reinauguração da ponte Ângela Magdalena Scalon (Ponte da Carmelita). “As pontes ligam as margens dos rios. Mas é necessário também construir pontes para ligar as pessoas umas às outras, deve existir uma ponte entre as pessoas. A ponte que nos liga ao outro nos torna mais misericordiosos, mais agregados e mais justos”, disse, conclamando: “Nunca nos esqueçamos que precisamos construir uma ponte maior para a eternidade, mas ela só se constrói pelo amor, pela bondade, pelo bem...”.    

E neste dia 10 de março, Pe. Alexanre atravessou a ponte que construiu para levá-lo ao céu, após 19 anos de vida sacerdotal. 

O pároco, Pe. Ricardo, que desde a internação de Pe Carlos em São Paulo, foi  a ponte entre o hospital e os paroquianos,  após divulgar o seu falecimento, em sua página no facebook registou: “24 anos de amizade e convivência... fomos ordenados diáconos e presbíteros juntos e por duas vezes trabalhamos na mesma paróquia em favor do povo santo de Deus... O Pai te acolha meu amigo e irmão. Requiescat in pace! (Descanse em paz!)”.

 

Joaninha do Otevil

 

Joana Pereira de Almeida (foto), mais conhecida por Joaninha, próxima dos 92 anos, foi mais uma vítima da covid-19. No dia 27 de fevereiro último foi internada no Hospital Regional em Uberaba devido a falta de vagas nos hospitais particulares e morreu uma semana depois, no dia 6 de março. Viúva, deixou duas filhas legítimas, Elenice (José Luiz Pires) e Aparecida (Cidinha do Luiz Rodrigues), uma filha de coração, Aparecida (Cidoca do Mauro Wilson), a qual criou desde os seis meses de idade e uma nora, Marlene (João Luiz de Melo, in memorian). Deixou 12 netos, 17 bisnetos e 1 tataraneta.

“Sempre esbanjou saúde, disposição, bondade e lucidez! Enfim, recebeu o certificado de 'Missão Cumprida'. Resta-nos um coração partido... a saudade daquele colo de vovó e a tristeza de não poder ter dado o último beijo e abraço devido a essa doença Covid que dissemina famílias e nos faz refletir sobre os verdadeiros valores da nossa vida que é nossa Família, nosso bem mais precioso. Descanse em paz!”, homenageou uma de suas netas.

 

Rosinha de Fátima

 

Rosângela Aparecida de Fátima (foto com o filho, Denys), mais conhecida como Rosinha, morreu nessa segunda-feira 8, às 6:45, no Hospital Escola de Uberaba onde estava internada desde o dia 5 de dezembro, por complicações do diabetes e dos rins. O seu corpo foi velado por familiares e amigos e sepultada no Cemitério São Francisco de Assis, após orações proferidas pelo ministro das exéquias, Luiz Alberto da Silva, no rito católico, e por Pedro Henrique, grande amigo da família, no rito espírita, lembrando a companheira das reuniões do Espiritismo da qual participava. 

Rosinha deixa o filho único, Dennys, demais familiares, amigos e um legado de trabalho e de mulher guerreira. Durante muitos anos trabalhou na Santa Casa de Misericórdia, onde cultivou, pelo seu carisma, um grande número de amigos. Como profissional, foi sempre muito prestativa, nunca deixando de cumprir seu papel com total responsabilidade e competência.

O filho Dennys lembra com carinho da mãe amorosa e mulher extraordinária. “Sempre muito carinhosa, amorosa, batalhadora, nunca deixou de cumprir seu papel de mãe, até mesmo durante sua enfermidade. A mim deixou um grande legado de ensinamentos e valores que um filho deve ter”.