Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Morte trágica de Paulo Jr. comove cidade

Edição nº 1169 - 04 Setembro 2009

O jovem Paulo Roberto Zago Jr, 24, morreu na madrugada do domingo, 30, por volta das 2h30 da manhã, vítima de acidente na rodovia Sacramento/Conquista. A notícia de sua morte comoveu a cidade, sobretudo os jovens, que consternados buscavam uma resposta para tão violento acidente. 

De acordo com a Polícia, Paulo morreu na hora, o que pode ser confirmado pelo estado em que ficou o veículo. “Em 30 anos de profissão, nunca vi um carro nesse estado. Não dá pra identificar. Ele deve ter capotado várias vezes...”, comentou o empresário Alonso Ribeiro, do Ferro Velho, para onde foi levado o Fiat Palio. 

Do veículo, apenas os bancos dianteiros permaneceram intactos, por isso especula-se, que se Paulo tivesse de cinto de segurança, teria ferimentos, mas não seria atirado para fora do veículo. 

O corpo de Paulo foi levado para o IML de Araxá, retornando a cidade por volta das 13h00. Após ser velado por centenas de pessoas, familiares, conhecidos e sobretudo jovens, que não escondiam emoção no velório. 

Depois das exéquias proferidas pelo vigário paroquial, Pe. Wanderlei, Barrosinho, como era conhecido pelos amigos, foi sepultado às 18h00, no cemitério local. “Ele foi se encontrar com o pai, que mal conheceu’, diziam muitos presentes em referência ao pai, Paulo Roberto Zago que morreu nas mesmas circunstâncias, em 9 de outubro de 1993, na MG 190, quando Paulo Jr, tinha apenas 8 anos. 

 

“Será como o acidente do papai, nunca vamos saber o que aconteceu”, diz Keila

De acordo com a irmã, Keila Zago, a família estava reunida em casa até altas horas, quando Paulo saiu. “A gente estava jogando truco. Ele levou a namorada em casa às 2h00 e logo depois foi para Conquista. Não sabemos o que foi fazer lá, não sabemos”, disse, consternada. 

Paulo estava sozinho, mas não chegou ao seu destino. “Sabemos apenas que ele passou no posto, abasteceu e foi. Daí pra frente a gente não sabe o que aconteceu. Às 2h50 da manhã, foram em casa avisar do acidente. Tudo aconteceu entre 2h00 e 2h30, mais ou menos, porque quando nos avisaram ele já estava no necrotério.Na hora chamaram a ambulância primeiro, antes da Polícia. Um motociclista vinha de Conquista e viu o carro capotando”, contou a irmã.

Segundo contou o motociclista, o carro saiu muito da estrada, quebrou a cerca e entrou numa fazenda. “Aí, a Tânia Moreno, que voltava de Conquista, viu a moça da fazenda desesperada, no acostamento, informando que havia um acidente. Ela parou no local e acionou a ambulância. Só depois é que ela foi ao local, onde Paulo estava e viu quem era e percebeu que meu irmão já estava morto. Infelizmente, o socorro já não adiantou. O médico disse que a morte foi instantânea”, disse mais, com resignação. 

 

Para Keila, essa será mais uma incógnita para a família. “Será como o acidente do papai, nunca ninguém vai saber o que aconteceu”, afirmou Keila. “Éramos muito unidos, amigos. O pessoal diz que ele deve ter dormido, mas não acredito nisso. Eu o conhecia bem, se ele estivesse com sono, não teria saído. Ele deve ter se distraído com alguma coisa...”

 

A  dor da perda, a saudade, mas uma certeza: Paulo era só coração 

Paulo Roberto Zago Júnior deixa um vazio muito grande nos corações da mãe  Zilda Paula Zago, das irmãs, Keila e Karina, e dos amigos. A dor da perda é incompreensível, a saudade será constante, mas a certeza de que Paulo foi uma grande pessoa, grande amigo, bom filho, bom irmão, será eterna.

“Paulo era pura coração, uma pessoa muito boa. Todos gostavam dele. Para nós de casa ele era tudo. O homem da casa. Hoje nos sentimos sem chão. Não sabemos como vai ser de agora em diante. Nosso pai morreu, ele tinha oito anos, eu tinha 11, por isso não me lembrava que era uma  dor tão grande. É uma dor muito grande, que não tem como explicar. E esse 'perder alguém' era o maior medo de minha vida. O chão foge dos pés da gente. A dor é muito forte...', declarou em lágrimas. 

Também os amigos sentem o mesmo vazio da família. Para Fabiano Afonso, Chiquinho, ex-patrão de Paulo, ele era uma grande pessoa. “Paulo, o Barroso, era uma grande pessoa. Ele trabalhou conosco dois anos. Saiu do gás e veio pra cá, depois eles o chamaram de volta, não tivemos como falar não. Ele era muito querido, funcionário exemplar. Conhecia a cidade inteira. Nunca, nenhum freguês reclamou dele. Educado, responsável, brincalhão, amigo, alegre, transmitia uma coisa boa para as pessoas. Ele  saiu no começo do ano, mas todos os dias passava por aqui. Foi um choque saber de sua morte”, afirma. 

Para José Luiz do Prado e Zélia, os últimos patrões de Paulo, a dor sentida também foi enorme. Conta Zélia, que trabalhava mais diretamente com Paulo Júnior, a quem chamavam de Juninho, que ficou arrasada. “Ainda custo a acreditar. Referência sobre Juninho são as melhores». 

 

Para Zélia, Júnior era seu braço direito. ‘‘Excelente funcionário, responsável, pontual, honesto e, sobretudo, muito amigo. Era um filho, e assim ele me considerava, como uma mãe, ele dizia à sua família. Nesses quase três anos de convivência, ele foi exemplar comigo, sempre pronto, disponível, de bom astral, e com os fregueses, um carinho constante. Que pena!!Estou arrasada” – disse mais, chorando.