pe. Luis Carlos de Oliveira
Celebramos nesse domingo depois de Pentecostes a festa da Santíssima Trindade. É uma festa diferente das outras festas do Mistério Pascal de Cristo. Essas se ligam a um fato da vida de Jesus. A festa desse domingo celebra o augusto mistério da Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, fonte da salvação. O Papa João XXII estendeu a festa a toda a Igreja no ano 1331. É uma festa de origem devocional. Nem por isso deixa de ter importância. A devoção é muito útil e necessária para a vivência de todo o mistério de Cristo. Nesse ano B, a celebração toma um caráter de mistério de Salvação. O povo de Israel pôde fazer uma belíssima experiência de Deus. Ouviu a voz de Deus, foi escolhido e libertado por Ele. Esta experiência obriga a reconhecer que o Senhor é o único Deus e a observar suas leis. Nosso relacionamento com a Santíssima Trindade é uma vida reconhecida pelos benefícios que Dela recebemos, na criação, na redenção e na santificação, missões do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Embora sejam distintas as atribuições da missão, são ações do único Deus em três Pessoas.
O resultado de nosso reconhecimento é seguir o mandamento de Jesus Ressuscitado que nos envia na missão de continuar sua obra: "Ide por todo o mundo e fazei discípulos meus todos os povos, batizando-os "em nome" do Pai, do Filho e do Espírito Santo e ensinando-os a observar tudo o que vos ordenei" (Mt 28,19-20). Jesus quer que estejamos com Ele, como estiveram os discípulos. Batizar em nome é ser mergulhado em Deus. A experiência de Deus percorre não somente fatos, mas também nossas pessoas. Estamos unidos ao Deus Criador e convivemos em um mundo amado por Deus.
Abba Pai!
Pelo batismo recebemos, pelo Espírito Santo, a filiação divina que nos dá o direito e o dever de ter um relacionamento amoroso com Deus. Não se pode pensar em Deus sem amar. Estamos unidos ao Filho em sua vida e relacionamento com o Pai. Dizer "Pai nosso santificado seja vosso nome", é reconhecer a divindade, pois é um ato de amor. A experiência de Israel foi de libertação de tantos sofrimentos de escravidão de tantos sofrimentos. Experimentou uma educação paciente e prolongada para chegar à plenitude dos tempos: Chegou o tempo de Deus! Em Jesus continuamos experiência de um Deus à mão. João diz: "aquele que nossas mãos tocaram". Jesus passou entre nós fazendo o bem. Essa foi a proclamação de Pedro na casa de Cornélio (At 10,38). Libertou-nos também das prisões interiores do pecado, das quais são símbolos as curas físicas. Deus é um Pai amoroso, que dá um Filho que ama e um Espírito que é amor.
Uma história de família
Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos (Mt 28,20). Ele é o Deus conosco. A história de nossa família acompanha a de Jesus: "Se sofremos com Ele, é para sermos também glorificados com Ele" (Rm 8,17). O testemunho de nossa fé na redenção nos coloca como participantes dessa aventura libertadora fundada no amor. Jesus diz aos discípulos: "Vós que estivestes comigo em meus sofrimentos" (Lc 22,28). Continuamos construindo a história de amor desta Família Divina em nossa família humana. Quanto mais conhecemos o amor da Trindade Santa, mais teremos conhecimento do mal do pecado. Se não nos preocupamos com o pecado é porque não conhecemos o amor que o Pai nos oferece. Viver a vida de Deus em nós vale mais que tudo o que possa existir.
(*) Pe. Luiz Carlos de Oliveira é redentorista