Há alguns meses, o tenente Vicente Rodrigues da Silva Filho, da Reserva da Polícia Militar de Minas Gerais, criou o jornal, "O Jornal do Formigão", do qual é editor, repórter e redator. O ‘pasquim’, como ele mesmo o denomina, já está na sua 15ª edição e traz notícias locais com um toque de humor e poesia incríveis. Do pasquim, Tenente Vicente imprime a também incrível tiragem de um exemplar, folha tamanho A4, e quem quiser que faça cópia. Leia, tire cópias e passe adiante", é a recomendação do editor no expediente.
Ocorre que na edição nº. 12, mês de maio, o redator publicou notícia do "barulho" da rua São Pedro, com a referência à "Lanchonete-Casa de Chá e Similares 146th Saint Pedro Street Sacramento/Califórnia", aliás é assim que ele escreve. Por causa da notícia, Vicente foi procurado pelo proprietário do Clube "Armazém", o advogado Guilherme D´Ávila Fonseca, para, segundo Vicente, agredi-lo verbalmente.
A notícia chegou a este jornal, por defensores e simpatizantes de tenente Vicente. Afinal, poucos tem a coragem de fazer o que ele faz e assinar em baixo. Mas fomos averiguar. Em entrevista, Vicente explica: "No dia 7 de junho, eu estava na fila da loteria, gosto de fazer uma fezinha, e vi que o senhor Guilherme passou algumas vezes na porta da loteria. Quando eu saí, por volta das 17h00, estava falando ao telefone, quando ele me chamou: ‘Tenente!’ Eu estava distraído. Ele repetiu: ‘Tenente Vicente!’ E chegou dizendo: "O senhor fica escrevendo essas porcarias". Foi falando umas coisas até impublicáveis. Me chamou de negro à toa, disse que não sou daqui e que ele não sabe o que faço aqui; que ninguém gosta de mim, aqui, que a minha moral é pior do que de cachorro. Que eu não tenho que ficar ligando com coisa que não é da minha conta. Eu lhe respondi, que não é da minha conta, mas o Sr. Raul me pediu para olhar isso. Aí ele respondeu que o senhor Raul é caduco. Eu lhe disse, que ele está caducando mas tem os direitos dele.
Eu lhe disse que não estava falando do Armazém. "Estou falando não é de você, estou falando da rua, da parte de fora do Armazém. Da rua é que está vindo baderna, inclusive estão usando até a casa Legislativa e ele foi me xingando, falando, falando", explica Vicente, dizendo que mais uma vez interrompeu: "Você está falando por causa desse jornal? Aí ele me perguntou: "Que jornal? Essa merda aí?". Eu lhe disse que ele tinha o direito de resposta, que o jornal não é anônimo, que eu posso escrever dentro da livre manifestação de pensamento. Disse-lhe que poderia me processar. Aí ele passou para ofensa pessoal. Disse que não tenho moral, falou da minha família, me mandou caçar trabalho, que estou cheio de dívidas. Estou mesmo, mas estou pagando, mas aí ele me chamou de sem-vergonha. Ele não sabe da dimensão exata da palavra vergonha na cara, pra chamar um homem de sem vergonha é preciso não ter vergonha e estar acostumado a ser chamado de sem vergonha e eu não sou. Aí eu dei uma resposta contundente, porque aí a coisa foi descambando para a ignorância e eu deixei pra lá, mas não vou me calar. E escrevi a resposta pra ele no jornal de número 14: "E o palhaço quem é?" e no nº. 15 "O espectro do dedo de Deus"", explica.
Tenente Vicente afirma que não tem testemunhas da conversa entre os dois. "Eram mais de cinco horas, horário que tem poucas pessoas na rua. Ele aproveitou a hora que eu estava isolado, porque eu paro o meu carro mais embaixo. Na hora eu fiquei chateado, desconsertado, sabe como a gente se sente, por que ele é uma pessoa que eu pensava ser amigo da gente, colega de jogar bola, ele me pôs abaixo de cachorro, como dizem", lamentou.
Conforme o Tenente, o Alvará expedido pela prefeitura é para funcionamento de lanchonete, casa de chá, sucos e similares "não é para casa de shows. Não que eu tenha alguma coisa contra casas de shows, sou contra o desrespeito às pessoas que moram em volta. As pessoas têm medo dele. Todo mundo ali que ficou sabendo disso, veio falar comigo, que tem medo de falar, quer dizer, eles têm medo de exercer a cidadania".
Segundo Tenente Vicente, o jornal vai continuar "enquanto tiver notícia ele vai circular".
Procurado pela redação, por telefone na quarta-feira, 14, por volta das 16 horas, Guilherme disse que nada tem a dizer sobre esse episódio e sobre as reclamações de Sr. Raul de Melo.