Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Bertim assume SC prometendo trabalho e transparência

Edição nº 1344 - 11 Janeiro 2013

Nunca uma eleição da provedoria da Santa Casa esteve tão prestigiada. Estavam presentes, além do prefeito Bruno Scalon Cordeiro, dois secretários de seu governo, Isabel dos Reis Camargo (Saúde) e Maurício Scalon (Meio Ambiente). Do governo anterior, os secretários de Saúde, Edward Meirelles e Elisângela Felipe; o ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, que já foi tesoureiro da instituição, que votou rápido e saiu. Dos primeiros irmãos da instituição, compareceram para votar o advogado Antônio Rodrigues da Cunha (Moreno), que assinou a ata de 1949, e o dentista Rômulo Mendes do Nascimento (Dr. Romim).

Após a posse dos eleitos que ocorreu  logo em seguida à eleição, o provedor sainte Itair fez uma prestação de contas aos presentes e o provedor Bertim falou de sua disposição e vontade de trabalhar, confiante nos apoios que virão.  O prefeito Bruno Scalon Cordeiro, ao ser questionado sobre o valor da subvenção para  a Santa Casa disse ao ET que o Projeto de Lei será enviado à Câmara até dia 20 próximo. “Não temos o valor ainda, estamos fazendo o levantamento, já fizemos uma reunião com os secretários envolvidos nessa área e estaremos encaminhando à Câmara o projeto de lei das subvenções das entidades, inclusive do Carnaval, dos universitários e uma série de outros projetos até o dia 20”, afirmou.

Num rápido discurso aos presentes reafirmou a informação e disse mais: que aumentará o tíquete alimentação dos funcionários da Santa Casa para o  mesmo valor pago aos  servidores  municipais. 

 

Dívidas da SC somam R$ 800 mil 

 

Ao fazer uma ligeira prestação de contas na assembleia geral que aclamou o novo provedor da Santa Casa, o provedor que deixava o cargo, Itair dos Reis Ferreira, revelou um enorme pepino para o novo provedor, Bertim, uma dívida em torno de R$ 800 mil. “A dívida hoje gira em torno de R$ 800 mil reais, incluindo os  plantões médicos de outubro, novembro e dezembro; 13º dos funcionários e as dívidas com as obrigações trabalhistas, INSS e FGTS, além do SAAE”, confirmou ao lado do provedor, o auxiliar administrativo, Ademir Gobbo. Completou Itair afirmando que a Santa Casa não tem duplicatas em atraso nem em protesto e não há dividas em bancos nem no comércio. Mas há dívida com os laboratórios, além das citadas por Gobbo. 

Assumindo a Santa Casa em 2009 com uma dívida de mais de R$ 200 mil, Itair deixa a Santa Casa também no vermelho. “Recebemos no vermelho e infelizmente a deixamos no vermelho. Quando assumi a SC devia o 13º dos funcionários e estamos devolvendo na mesma moeda, não porque não quisemos, mas pelas circunstâncias. Os funcionário ainda não receberam o 13º. Nós tínhamos  um restante da subvenção da Prefeitura, R$ 63 mil, que poderiam pagar a primeira parcela do 13º, porém não foram repassados”.

Falando do repasse, o ex-secretário, Edward Meirelles, confirmou essa falta de repasse, ressaltando que a Prefeitura ainda tentou repassar mais R$ 53 mil no último dia de governo, porém o expediente bancário já havia encerrado suas operações no dia, mas a verba ficou à disposição da Santa Casa.  

Finalizando, ponderou Itair que a situação vai se resolver. “Tenho a certeza de que a administração que está começando, tanto da diretoria da Santa Casa quanto da nova administração municipal, ambas vão conseguir resolver e sanar essa dívida. Os prefeitos sempre pautaram com um grande compromisso com as entidades e o prefeito Bruno não vai ser diferente, conforme já anunciou”, disse.

 

SC perde anestesiologista 

 

O anestesiologista da Santa Casa, Cristiano Garcia Gonçalves, e sua esposa, Daniela Zago Garcia, médica pediatra, deixaram a cidade no final de dezembro, para trabalhar em Uberaba. Uma perda grande para a cidade e que muita gente lamentou, porém uma mudança claramente justificada e merecida, pois Dr. Cristiano foi aprovado em concurso da UFTM e vai trabalhar também como anestesiologista naquela cidade e a esposa Daniela, claro, o acompanhou. 

Para Itair Ferreira foi a perda foi realmente grande. “São dois excelentes  médicos. Ele, além de anestesista da SC,  atendida também no Pronto Socorro. Através de doutor Cristiano conseguimos ganhar uma máquina de anestesia capaz de anestesiar um bebê de seis meses, uma máquina de precisão, que está aí funcionando muito bem. Ganhamos a máquina através dele e a única despesa que tivemos foi o gasto para buscá-la. Drª Daniela, excelente médica  também. Os dois muito dedicados. Sacramento perdeu dois grandes médicos. Para ele foi muito bom, mas para nós muito ruim”, lamentou. 

 

Trabalhar com a verdade, vontade e consciência 

 

O novo provedor da Santa Casa, José Alberto Borges conhece bem a realidade da Santa Casa, pois administrou as finanças da entidade durante uma gestão como tesoureiro, e diz que está pronto para o desafio. “Vamos tomar posse e conversar, resolver o que a diretoria quer, o que a sociedade está querendo e ver se vamos conseguir alguma coisa, aquilo que a Santa Casa precisa. Temos que trabalhar muito, trabalhar com a Verdade, Vontade e Consciência. Esse 'VVC' têm que estar na nossa cabeça”, afirmou em entrevista ao ET, ressaltando os seguintes temas:

 

Transparência

“À sociedade vamos levar  o conhecimento da realidade. A sociedade inteira vai ficar sabendo da realidade. Vamos ser muito transparentes, tudo que puder ser publicado o será, tendo em vista que há alguns dias atrás esteve aqui um promotor público de Belo Horizonte, que julgou ilegal a greve feita pelos funcionários. Estamos aguardando a ata e ela será publicada na íntegra, para que a sociedade tome conhecimento e para que ela sirva de alerta para todos. Na gestão que estamos iniciando  vamos trabalhar com a maior transparência possível”.

 

Dívida herdada

“A dívida é de cerca de R$ 800 mil, mas se levarmos em consideração que temos outras santas casas piores, nossa Santa Casa não é inadministrável. Ela é administrável, mas teremos que fazer uma engenharia financeira e uma engenharia administrativa para funcionar. Como ex-gerente de banco, posso afirmar que já presenciei situações muito piores de entidades, entre elas, hospitais com dívidas bancárias. Sacramento tem um diferencial, pois não tem esses problemas. Somos privilegiados em todos os sentidos. Já vi situação muito pior aqui bem perto de Sacramento, em Franca, e a população reergueu a Santa Casa. 

E nós vamos mostrar a credibilidade dela para a população, para que todos possam contribuir com ela, como era no passado. Nós vamos precisar de ajuda”. 

 

Resgate dos irmãos

“Temos ideias para colocar em prática e, com o apoio da administração municipal e da sociedade, vamos torna-las realidade. Uma delas é resgatar os irmãos da Santa Casa. Se todos os irmãos colaborarem gera-se uma boa ajuda, por isso meu pensamento nesse aspecto é fazer um trabalho para resgatá-los e aumentar esse número de irmãos contribuintes. Ser irmão só pra fazer número não adiante, tem que haver a ajuda de cada um. Cada um faz sua parte. Vou tentar administrar junto com a diretoria, mas com o apoio da sociedade”.  

 

Itair confirma advertência à Santa Casa

No dia 18 de dezembro, o ET enviou emeio a três lideranças da Santa Casa: ao provedor Itair Ferreira; ao auxiliar administrativo, Ademir Gobbo e ao representante dos enfermeiros, Matheus Pereira, solicitando informações sobre a presença de representante do SUS/MG, declarando ilegal a greve, alertando sua diretoria que “a falta de atendimento põe em risco o credenciamento do hospital”. Nenhum dos três respondeu ao emeio.
Ao entregar o cargo, o provedor Itair confirmou que o representante do SUS/MG declarou que a greve foi considerada ilegal. “Antes dessa visita, fomos ao Ministério do Trabalho e fizemos um acerto final, que já havia sido fechado com o pessoal da Santa Casa. Mas nesse meio tempo esteve aqui um promotor de Belo Horizonte e disse que a greve era ilegal. Embora o pessoal já tivesse voltado a trabalhar, o promotor bateu o martelo, afirmando:
“- Fazer uma greve não é simplesmente parar. O Sindicato tem que comunicar, protocolar no Ministério do Trabalho, avisar duas ou três vezes, deixar claro à população que o atendimento básico continua funcionando com no mínimo 30% e 100% para urgência e emergência. Os funcionários da Santa Casa trabalham com vidas. A pessoa que não gostar e quiser fazer uma greve, fora dessas obrigações e responsabilidades, é melhor pedir demissão, porque isso não é serviço pra ela”.
Sobre a falta de médicos, anunciada em faixa afixada na frente do hospital, “Não temos médicos”, Itair informou que os médicos não pararam. “A SC não ficou nenhum dia sem médico. Acontece que como os funcionários e enfermeiros estavam em greve, os médicos só atendiam os casos de urgência e emergência. Na nossa gestão inteira, nunca houve falha por falta de atendimento e agradeço a Deus todos os  dias por isso”, destacou.