Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Funcionários da Santa Casa estão em greve

Edição nº 1338 - 30 Novembro 2012

Os funcionários da Santa Casa de Sacramento entraram em greve a partir da zero hora dessa quarta-feira, 28, por falta de pagamento do salário. De acordo com o comando de greve, representado pelo enfermeiro, Mateus de Paula Pereira, apenas 30% dos funcionários estariam trabalhando, mas que, a partir do dia 30, a paralisação seria total, conforme documento protocolado na segunda-feira, 26, junto ao Ministério Público, com cópia enviada ao provedor, Itair Ferreira. “Mas ele não nos deu nenhuma resposta”, justificou o funcionário. 

 “-Hoje estamos parando 70%, a partir da sexta-feira, dia 30, paramos 100%. Já temos todo respaldo pra parar totalmente, segundo o presidente do sindicato, Juny  Júlio, nos passou”, afirmou, ressalvando que, “algumas pessoas ficarão de sobreaviso para casos de urgência”, disse mais Pereira.  

Justificou ainda o enfermeiro que os funcionários fazem greve por conta de atraso de pagamento. “Estamos com os meses de outubro e novembro,  praticamente sem receber, dois meses. Como ponto de novembro fechou no dia 25, estamos, portanto, há dois meses sem receber. E todos dependemos do salário, todo mundo tem família, todo mundo tem despesas, então a única coisa que podemos fazer é a greve”. 

Disse o enfermeiro que os funcionários procuraram negociação junto ao administrador da Santa Casa, Ademir Gobbo, mas sem resultado. “Ele nos recebeu bem, mas disse que não tinha dinheiro, porque a Prefeitura não havia repassado a parcela da subvenção”, afirmou, destacando que o repasse é feito com um mês de antecedência.  

De acordo com Pereira, nem a prefeitura nem o provedor abriu negociação com a categoria. “A gente quer sentar e negociar com eles, mas enquanto não tiver o pagamento dos dois meses, a gene não volta”, afirmou. 

 

“Sacramento é atípica, a cada quatro anos, quando se muda o prefeito, acontece isso”, diz presidente do Sind-Saúde. 

 

Sem conhecimento do real repasse feito pela Prefeitura, o presidente do Sind-Saúde, regional de Uberaba, Juny Júnior Guimarães, em entrevista ao ET, justificou a greve devido à falta de repasses da subvenção por parte da Prefeitura. 

“- No mês de setembro foi repassada a metade do valor da subvenção, no mês de outubro, o repasse foi zero e novembro, zero. O que o secretário disse é inverídico”, afirmou o sindicalista, chamando de mentirosos, tanto a secretária de Saúde do município, Elisângela A. Felipe, como o assessor jurídico da Prefeitura, Caires Lincoln Borges, que mostraram em entrevista ao ET (edição 1337, de 23.11.12), os repasses feitos até aquela data.

De acordo com a secretária, foram estes os repasses feitos: “Da subvenção anual de R$ 1.740.000,00, foram repassados até o momento, R$ 1.577.000, com os últimos repasses feitos: dois em outubro, R$ 80 mil, no dia 17; e R$ 55 mil, no dia 31; e um no início de novembro, no valor de R$ 33 mil. Faltam, portanto, R$ 163 mil para completar o valor, conforme a lei aprovada pela Câmara”.

Prosseguiu, Juny Guimarães, afirmando que os trabalhadores reivindicam nada mais do que o pagamento de seus salários. “O que  queremos nessa reivindicação é o direito dos trabalhadores, nada mais que os salários que estão em atraso. Não estamos pedindo mais nada, que vamos deixar para o próximo gestor, que  a partir de 1º de janeiro, que sentará conosco e conversará a respeito de melhorias”, explicou, aguardando dias melhores a partir de 2013.

 “- É sempre positivo termos esperanças de que dias melhores, esperamos, virão a partir de 2013, haja vista que estamos no final do ano e estamos aí com a incógnita de falta da repasse financeiro, que gera um transtorno não somente aos trabalhadores, mas a toda população”, destacou. 

Questionado sobre o atendimento mínimo da Santa Casa,  Guimãres assegurou que a Santa Casa vai garantir um mínimo de funcionamento. “Momentaneamente, a greve está instaurada com 30% de funcionamento da instituição. A partir do dia 1º, não haverá mais atendimento, podendo chegar a 100%. Os pacientes que necessitarem de um atendimento mais amplo, provavelmente, serão removidos para Uberaba, através do serviço de ambulância da Prefeitura, haja vista a Santa Casa não ter recursos para tais situações”, esclareceu. 

 De acordo ainda com o sindicalista, o Ministério Público e o Ministério do Trabalho estão cientes do fato. “Essa é uma maneira  que temos para forçar o prefeito Wesley a chegar a um consenso de pelo menos conversar”, reafirmou. 

Segundo Juny, em 16 cidades do Triângulo e Alto Paranaíba, Sacramento é o único caso que diz respeito ao trabalhador .

“As demais cidades cumprem com as obrigações. Infelizmente, Sacramento é atípica, mas segundo relato de funcionários que estão aqui há muito tempo, a cada quatro anos, quando se muda o prefeito acontece isso”, finalizou o presidente do Sind-Saúde, Juny Guimãres.

Para prefeito repasse está em dia
Ouvido pelo ET, o prefeito Wesley De Santi de Melo disse que “a Prefeitura não mantém nenhum vínculo de emprego direto ou indireto com a Santa Casa, que é uma instituição particular, sem fins lucrativos.  E, como instituição, reconhecidamente de utilidade pública, recebe do município, uma subvenção social, anual,  no valor de R$ 1.740.000,00, dos quais, R$1.577.000,00, já foram repassados, restando apenas R$ 163.000,00.  Além dessa subvenção, a Prefeitura repassou até o momento, outros R$ 786.500,00, correspondentes a sobreavisos, cirurgias, internações e vários outros procedimentos. E, ainda,  mais R$ 502.183,00, referentes a convênios com o Ministério da Saúde. Portanto, não é justo os funcionários e o Sindicato da categoria afirmarem que não estão recebendo por falta do repasse da Prefeitura”.