Os funcionários da Santa Casa de Sacramento entraram em greve a partir da zero hora dessa quarta-feira, 28, por falta de pagamento do salário. De acordo com o comando de greve, representado pelo enfermeiro, Mateus de Paula Pereira, apenas 30% dos funcionários estariam trabalhando, mas que, a partir do dia 30, a paralisação seria total, conforme documento protocolado na segunda-feira, 26, junto ao Ministério Público, com cópia enviada ao provedor, Itair Ferreira. “Mas ele não nos deu nenhuma resposta”, justificou o funcionário.
“-Hoje estamos parando 70%, a partir da sexta-feira, dia 30, paramos 100%. Já temos todo respaldo pra parar totalmente, segundo o presidente do sindicato, Juny Júlio, nos passou”, afirmou, ressalvando que, “algumas pessoas ficarão de sobreaviso para casos de urgência”, disse mais Pereira.
Justificou ainda o enfermeiro que os funcionários fazem greve por conta de atraso de pagamento. “Estamos com os meses de outubro e novembro, praticamente sem receber, dois meses. Como ponto de novembro fechou no dia 25, estamos, portanto, há dois meses sem receber. E todos dependemos do salário, todo mundo tem família, todo mundo tem despesas, então a única coisa que podemos fazer é a greve”.
Disse o enfermeiro que os funcionários procuraram negociação junto ao administrador da Santa Casa, Ademir Gobbo, mas sem resultado. “Ele nos recebeu bem, mas disse que não tinha dinheiro, porque a Prefeitura não havia repassado a parcela da subvenção”, afirmou, destacando que o repasse é feito com um mês de antecedência.
De acordo com Pereira, nem a prefeitura nem o provedor abriu negociação com a categoria. “A gente quer sentar e negociar com eles, mas enquanto não tiver o pagamento dos dois meses, a gene não volta”, afirmou.
“Sacramento é atípica, a cada quatro anos, quando se muda o prefeito, acontece isso”, diz presidente do Sind-Saúde.
Sem conhecimento do real repasse feito pela Prefeitura, o presidente do Sind-Saúde, regional de Uberaba, Juny Júnior Guimarães, em entrevista ao ET, justificou a greve devido à falta de repasses da subvenção por parte da Prefeitura.
“- No mês de setembro foi repassada a metade do valor da subvenção, no mês de outubro, o repasse foi zero e novembro, zero. O que o secretário disse é inverídico”, afirmou o sindicalista, chamando de mentirosos, tanto a secretária de Saúde do município, Elisângela A. Felipe, como o assessor jurídico da Prefeitura, Caires Lincoln Borges, que mostraram em entrevista ao ET (edição 1337, de 23.11.12), os repasses feitos até aquela data.
De acordo com a secretária, foram estes os repasses feitos: “Da subvenção anual de R$ 1.740.000,00, foram repassados até o momento, R$ 1.577.000, com os últimos repasses feitos: dois em outubro, R$ 80 mil, no dia 17; e R$ 55 mil, no dia 31; e um no início de novembro, no valor de R$ 33 mil. Faltam, portanto, R$ 163 mil para completar o valor, conforme a lei aprovada pela Câmara”.
Prosseguiu, Juny Guimarães, afirmando que os trabalhadores reivindicam nada mais do que o pagamento de seus salários. “O que queremos nessa reivindicação é o direito dos trabalhadores, nada mais que os salários que estão em atraso. Não estamos pedindo mais nada, que vamos deixar para o próximo gestor, que a partir de 1º de janeiro, que sentará conosco e conversará a respeito de melhorias”, explicou, aguardando dias melhores a partir de 2013.
“- É sempre positivo termos esperanças de que dias melhores, esperamos, virão a partir de 2013, haja vista que estamos no final do ano e estamos aí com a incógnita de falta da repasse financeiro, que gera um transtorno não somente aos trabalhadores, mas a toda população”, destacou.
Questionado sobre o atendimento mínimo da Santa Casa, Guimãres assegurou que a Santa Casa vai garantir um mínimo de funcionamento. “Momentaneamente, a greve está instaurada com 30% de funcionamento da instituição. A partir do dia 1º, não haverá mais atendimento, podendo chegar a 100%. Os pacientes que necessitarem de um atendimento mais amplo, provavelmente, serão removidos para Uberaba, através do serviço de ambulância da Prefeitura, haja vista a Santa Casa não ter recursos para tais situações”, esclareceu.
De acordo ainda com o sindicalista, o Ministério Público e o Ministério do Trabalho estão cientes do fato. “Essa é uma maneira que temos para forçar o prefeito Wesley a chegar a um consenso de pelo menos conversar”, reafirmou.
Segundo Juny, em 16 cidades do Triângulo e Alto Paranaíba, Sacramento é o único caso que diz respeito ao trabalhador .
“As demais cidades cumprem com as obrigações. Infelizmente, Sacramento é atípica, mas segundo relato de funcionários que estão aqui há muito tempo, a cada quatro anos, quando se muda o prefeito acontece isso”, finalizou o presidente do Sind-Saúde, Juny Guimãres.