Funcionários da Santa Casa entram em greve

Funcionários da Santa Casa reuniram-se na tarde da terça-feira, 27, com representantes do Sindicato dos Empregados em Hospitais e Casa de Saúde, de Uberaba, na clínica CID, para discutir a situação da classe em relação à defasagem salarial, o não cumprimento do Plano de Carreira e, também, a falta de recolhimento do FGTS dos funcionários. 

A decisão final dos 39 funcionários presentes foi de paralisar as atividades na Santa Casa,  a partir da meia-noite desta sexta-feira, 23, garantindo os serviços básicos do hospital, com 30% do pessoal. De acordo com o presidente  do Sindicato, Juny   Júnior Guimarães, outros funcionários, que não  puderam comparecer  também vão aderir ao movimento. “Caso a adesão seja total, a classe vai organizar um sistema de revezamento, mantendo sempre na Santa Casa um efetivo de 30% do pessoal”, explicou. 

Defasagem salarial é de 16% em dois anos sem reajuste 

A Comissão de Greve explica que houve tentativas de negociação com a diretoria, porém sem êxito.  “Estamos há quase dois anos sem reajuste salarial. Já conversamos com a diretoria da Santa Casa, já cobramos intervenção da Câmara de vereadores, mas infelizmente não fomos atendidos”, disseram os representantes.

Muito contrariados, os funcionários foram alternando suas queixas à reportagem do ET: “Ficamos quase dez anos sem reajuste salarial, até que decidimos nos filiar no SindSaúde, de Uberaba. Foi quando fomos ouvidos, há dois anos. Mas desde então, o salário paralisou, o Plano de Carreira também, descontam nosso FGTS e não o recolhem à receita, enquanto o salário dos médicos é reajustado anualmente”. 

Outro funcionário denunciou: “Não tivemos êxito com nossas reclamações junto à diretoria.  Eles ouviam, só que muitas vezes apontavam a porta da rua para quem não estivesse satisfeito. Não é que não estejamos satisfeitos com o serviço. Não estamos satisfeitos é com a remuneração. É justo um reajuste anual, já que o salário  aumenta anualmente. Não precisa ser na mesma proporção, mas é justo um aumento para todos”. 

Ainda de acordo com a comissão, há pendências no cumprimento de acordos. “Há alguns acordos anteriores que estão no plano de carreira, já venceu o biênio e até hoje não foi pago pra ninguém.  Mas a nossa maior reivindicação agora é o reajuste salarial. Sabemos que a Santa Casa passa por dificuldades, só que para os médicos reajustam, dão um jeito pra tudo, menos para os funcionários”, dizem os representantes.

Provedor alega que não tem receita para aumento

O presidente do SindSaúde, Juny Guimarães, depois de uma conversa com o provedor da Santa Casa, Itair dos Reis Ferreira, minutos antes da reunião com os funcionários, afirmou que, segundo o provedor, “não há condições nenhuma de reajustar os salários, alegando que não tem receita suficiente”.  

Juny e Marcos Gennari, representante regional da Central dos Trabalhadores do Brasil – CTB, disseram ainda que, na conversa com Itair, este teria dito que a Santa Casa deixou de receber uma verba de R$ 120 mil, por incompetência dos funcionários”. Em entrevista ao ET, Itair negou essa afirmação: “Perdemos a verba, porque estamos com uma dívida com o fisco de R$ 200 mil, jamais afirmaria isso sobre nossos funcionários”, disse, prometendo responder a uma série de questionamentos do jornal, por emeio, mas até a edição desta matéria, não havíamos recebido as respostas. 

O presidente Juny Júnior Guimarães e Marcos Gennari estiveram na cidade acompanhados dos advogados, Frederico Fortes Ferreira e Fábia Núbia Moura e  Silva

O SindSaude existe em Uberaba, desde 1989. Juny é o décimo presidente da entidade, eleito no ínicio do ano,  após ocupar o cargo de vice-presidente na gestão anterior. O SindSaúde atua em Uberaba e cidades vizinhas, trabalhando com  funcionários somente de hospitais privados e clínicas.  

Salário da SC é o menor da região 

Segundo o presidente Juny, os funcionários da Santa Casa pertencem ao Sindicato dos Empregados em Hospitais e Casa de Saúde, de Uberaba, que  “O acordo do plano de carreira para os cargos de zelador, serviços gerais, recepcionista, farmacêutico, cozinheira, nutricionista, técnico em enfermagem, enfermeiro, pessoal administrativo, enfim para todos os cargos, foi firmado com o provedor Itair dos Reis Ferreira, só que além de não repassar o biênio, há uma defasagem salarial grande, em torno de 16%, relativos a 2010 e 2011”, lembrou Juny, informando que o salário base de um técnico em enfermagem é R$ 555,00, praticamente um salário mínimo; de enfermeiro,  R$ 1.200,00, auxiliar de serviços gerais, salário mínimo.

Em relação á média salarial da região, o presidente disse que o salário da Santa Casa está muito defasado. “Levando em comparação, por exemplo, a cidade de Conquista, a Santa Casa de Sacramento paga R$ 200,00 a menos para os cargos até enfermeiros. Já o enfermeiro de Conquista ganha R$ 1.000 a mais. E não estou citando  cidades como Uberaba, Uberlândia, mas uma cidade que está a mesmo de 20 km daqui”, disse.