O fim do Carnaval marca o início da Quaresma e da Campanha da Fraternidade, tempo de preparação para a Páscoa. Durante as missas da Quarta-feira de Cinzas há a cerimônia da imposição das cinzas sobre a cabeça dos fiéis como sinal de penitência e desejo de conversão, práticas estimuladas pela Igreja, sobretudo durante a Quaresma. A tradição data do início do período de preparação para a Páscoa, registrada oficialmente a partir do século XI. Porém, desde a Igreja primitiva, os fiéis se utilizavam deste símbolo para reconhecer a fragilidade e mortalidade, ao mesmo tempo em que evocava humildade e penitência.
A imposição das cinzas marca o início do período mais importante na fé católica, é quando os fiéis se preparam para viver o mistério pascal, a Paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. A Quaresma é tempo de conversão, silêncio, oração, penitência e caridade.
As cinzas utilizadas na Quarta-feira de Cinzas na benzeção dos fiéis provêm da queima dos ramos abençoados no Domingo de Ramos do ano anterior. A elas mistura-se água benta e de acordo com a tradição, o celebrante utiliza essas cinzas úmidas para sinalizar uma cruz na fronte de cada fiel, proferindo a frase “Lembra-te que és pó e que ao pó voltarás” ou a frase “Convertei-vos e crede no Evangelho”.
Fraternidade e vida: dom e compromisso
Também na Quarta-feira de Cinzas acontece o lançamento da Campanha da Fraternidade (CF), coordenada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que este tem como tema, “Fraternidade e vida: dom e compromisso”; e por lema, “Viu, sentiu compaixão e cuidou dele”. A proposta da Igreja Católica é chamar a atenção dos fiéis em torno da defesa do combate à violência e à intolerância, tão presentes no cotidiano, incentivando todos os cidadãos a exercitar a empatia e desenvolver a capacidade de cuidar do próximo.
“Não se pode viver a vida passando ao largo das dores dos irmãos e das irmãs”, diz um trecho do texto base. Ver, sentir compaixão e cuidar são os verbos de ação que irão conduzir este tempo quaresmal. O texto-base da Campanha da Fraternidade 2020, mostra que na Parábola do Bom Samaritano, o olhar que Jesus ensina é o olhar de quem se compromete com o próximo e é desinteressado de si mesmo. Também diz que não é um olhar de quem tem dó, mas de ser compassivo e que reconhece a dignidade do outro.
O texto-base transcreve de modo integral um poema de Cora Coralina para ilustrar melhor essa ideia de qual olhar poderíamos ter diante do próximo: "Não sei se a vida é curta, ou longa demais para nós, mas, sei que nada / do que vivemos tem sentido, / se não tocarmos o coração das pessoas. / Muitas vezes basta ser: O colo que acolhe, O braço que envolve, A palavra que conforta, O silêncio que respeita, A alegria que contagia, A lágrima que corre, / O olhar que acaricia, O desejo que sacia, / o amor que promove. E isso não é coisa de outro mundo, / é o que dá sentido à vida. / É o que faz com que ela não seja, nem curta, / nem longa demais, / mas que seja intensa, verdadeira, pura enquanto durar".
E aí, qual será o nosso olhar?
Centenas de fiéis participam das celebrações em Sacramento
As celebrações da Quarta-feira de Cinzas e a abertura da Campanha da Fraternidade em Sacramento concentraram-se nas duas principais igrejas, a Basílica do Santíssimo. Sacramento Apresentado pelo Patrocínio de Maria e a Matriz de Nossa Senhora da Abadia, que reuniram centenas de fiéis, apesar da forte chuva no final da tarde e início da noite.
Na homilia, o reitor e pároco da Basílica, Pe Ricardo Alexandre Fidelis, focou a cerimônia na leituras do dia, Profecia de Joel (Jl2,12-18), na passagem, “Rasgai o coração e não as vestes; e voltai para o Senhor, vosso Deus”; e a carta de São Paulo aos Coríntios (2Cor5,20-6,2), conclamando a todos na sua pequenez a se voltarem mais para Deus, a se deixarem reconciliar com Deus, reconciliação que é possível, porque essa é a vontade do Pai, lembrando que este é o tempo favorável. Finalizou refletindo o Evangelho de Mateus (Mt6,1.16-18), ressaltando que “nada adianta jejuar, fazer penitência se não nos livrarmos da maledicência, da fofoca, da intriga”.
Na paróquia Nossa Senhora da Abadia, a celebração presidida pelo pároco, Pe Antônio Carlos Santos deu destaque à Campanha da Fraternidade de 2020, que tem como objetivo, 'conscientizar à luz da palavra de Deus, conforme diz o texto-base da Campanha que apresenta Santa Dulce dos Pobres e o Papa Francisco como exemplos de bons samaritanos, inspiração de caridade, em referência a uma parábola da Bíblia.
Na procissão de entrada paroquianos adentraram à Igreja com o banner da Campanha da Fraternidade afixado na Cruz com o significativo desenho de Santa Dulce dos Pobres, a primeira santa brasileira, canonizada no dia 13 de outubro de 2019. No centro do cartaz de divulgação da campanha da fraternidade, a santa brasileira aparece junto com crianças e idosos, nas ruas do centro histórico de Salvador.
Programação
Durante a Quaresma, todas as sextas-feiras até a semana das dores, haverá na Basílica do Santíssimo Sacramento, via-sacra às 6h30 e missa às 7h. Nas demais igrejas da paróquia, Santo Antônio, Rosário e Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, haverá procissão da penitência às 5h30 seguida de celebração da palavra.
Na paróquia de Nossa Senhora da Abadia, no mesmo dia, via-sacra, às sextas-feiras, saindo da Matriz para as igrejas da paróquia: Nesta sexta-feira 28 sai da Matriz para a Igreja de São Geraldo; Divino Espírito Santo (6/3), São Miguel(13/3) e São Brás (20/3). Ainda na Matriz de Na. Sra. da Abadia, haverá via-sacra todas as terças-feiras, às 19h e, também nos dias 27/3 e 3/4.