Edição nº 1682 - 05 de Julho de 2019
As irmãs da Congregação de São José de Cluny despedem-se de Sacramento neste domingo 7, em missa de Ação de Graças celebrada na Basílica do Santíssimo Sacramento Apresentado por Maria, às 19h. O agradecimento manifestado na Eucaristia se deve aos relevantes serviços prestados pelas irmãs na cidade, em especial, na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, na Obra Social João XXIII e na Escola Profissional S. Vicente de Paulo (Creche Ciju) e pelo legado de exemplos de fé, oração e amor aos pobres, vivenciados em suas obras nos últimos 56 anos. Na oportunidade, segundo anúncio do pároco Pe. Ricardo Fideles, pelas redes sociais, a Congregação receberá durante a Missa em Ação de Graças, a Comenda Cônego Hermógenes, honraria maior da Paróquia-Basílica pelos relevantes serviços prestados a cidade nesse mais de meio século de trabalho voltado à caridade.
E como Sacramento lhes tem a agradecer...
São 56 anos de presença na cidade e um grande legado de serviços e religiosidade, desde aquele 2 de janeiro de 1963, da chegada das primeiras quatro irmãs, Antônia da Sagrada Família, Mafalda do Menino Jesus, Maria Benigna de Jesus Martins e Tereza da Purificação Vaz, que tomaram posse como administradoras da Santa Casa, na presença de autoridades civis e religiosas, dentre elas, o arcebispo metropolitano, Dom Alexandre Gonçalves Amaral e representantes da sociedade.
As irmãs da Congregação francesa de São José de Cluny, ao assumirem a Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, naquele início dos anos 60, revolucionaram o trabalho hospitalar ali então existente, considerando o ponto de vista administrativo, social e assistencial, ganhando da sociedade, de imediato, uma admiração geral.
As Irmãs de Cluny foram presença marcante como administradoras da Santa Casa até o ano de 2002. A função, desde então, foi delegada a uma diretoria leiga, enquanto as irmãs passaram para o quadro funcional, ali permanecendo até 2010, quando deixaram por definitivo aquele nosocômio.
Portanto, por 39 anos as Irmãs permaneceram na Santa Casa como administradoras e mais nove anos como enfermeiras profissionais da entidade. Um vínculo de profissionalismo, competência e amor por quase meio século foi o legado dessas missionárias na entidade.
Mas o seu trabalho foi também edificante em outras duas grandes obras: a Obra Social João XXIII, que deu origem ao Largo João XXIII com a construção de várias casas para serem doadas a famílias carentes e da Igreja de São Miguel; e a Casa Infanto Juvenil São Vicente de Paulo, a Creche Ciju, que continua o seu trabalho assistencial e educacional na formação de 80 crianças.
Neste domingo, as irmãs, certamente, cantarão Roberto Carlos: “Já está chegando a hora de ir/venho aqui me despedir e dizer/ em qualquer lugar por onde eu andar/vou lembrar de você...”
Em resposta, em vozes uníssonas, os sacramentanos, moradores do bairro João XXIII, paroquianos em geral, pais e educandos da CIJU, enfim a cidade inteira, sem dúvida, iremos dizer-lhes: “Eu tenho tanto pra lhe falar/mas com palavras não sei dizer/como é grande o meu amor por você...”, porque o seu amor foi sem medida pela cidade ao longo dessas mais de cinco décadas.
Para irmã Mafalda voltar à cidade foi uma bênção
Na sua última vinda a Sacramento em 2013, irmã Mafalda do Menino Jesus, falecida em 2014, uma das cinco pioneiras na cidade, em entrevista ao ET, se confessou feliz por poder voltar, para comemorar os 50 anos da sua chegada a Sacramento.
Gosto muito de Sacramento...
Irmã Juliana Maria da Eucaristia Ferreira, falecida em 2016, chegou a Sacramento na segunda leva de irmãs, em 1978, junto com irmã Filomena e, por 34 anos foi presença na Santa Casa e na comunidade sempre levando a palavra amiga e cristã, fazendo cumprir a máxima de sua fundadora, Ir. Javouhey: "Estar em toda parte onde houver bem a fazer e sofrimento a aliviar".
Ela também conversou com o ET na época, recordando que quando chegou à cidade com Ir. Filomena formavam uma comunidade de cinco irmãs, todas morando na Santa Casa. “Quando chegamos ainda estavam construindo a clausura e nós morávamos num quartinho da Santa Casa. Trabalhei na entidade aqueles anos, até me aposentar, porém continuei trabalhando até que me mudei para Lucélia. Foi um tempo muito rico, de conhecer muita gente”, conta.
Para Ir. Juliana, Sacramento é como se fosse sua pátria. “Gosto muito de Sacramento. Voltar à cidade para celebrar os 50 anos, é uma grande honra e alegria, porque grande parte de minha vida religiosa foi aqui. Amo a cidade e foram tantos anos, que Sacramento é quase a minha pátria. Sacramento sempre nos acolheu, nos respeitou, nos ajudou. Não fossem as pessoas tão amigas, não estaríamos aqui há tanto tempo”, confessou.
Agora, está chegando a hora de ir, mas vão ficar na memória das gerações anteriores e da atual, além dos nomes das irmãs já citadas, também as irmãs que passaram por Sacramento: Luísa de Cristo, Isabel Vieira, Isabel Bernardo, Rosália, Celina, Rosa Gil, Florência, Laura, Célia, Idalina, Gracinda, Maria do Coração, Divina, Maria dos Anjos, Maria dos Prazeres, Cinira, Maria Rosa, Cecília, Irene e hoje ainda se encontram na cidade, na coordenação da CIJU, irmã Edna, que conta com a ajuda de irmã Idalina que retornou à cidade há poucos anos. Ambas retornam para Lucélia (SP).
Belas recordações de tão grande presença
No dia 13 de janeiro de 2013, uma missa em ação de graças, na Matriz do Santíssimo Sacramento, presidida pelo vigário paroquial, Pe. Paulo Henrique Martins, marcou o cinquentenário da presença das irmãs da Congregação de São José de Cluny, em Sacramento.
Aquela celebração, que contou com a presença da superiora da congregação no Brasil, Ir. Ermínia Maria Genaro, trouxe à cidade também Ir. Mafalda do Menino Jesus, (na época com 93 anos) que viveu 12 anos na cidade; Ir. Juliana Ferreira, (na época com 86 anos), que trabalhou na cidade durante 34 anos e irmã Florência da Silva, com 63 na época, dos quais 19 anos foram vividos em nosso meio. Além da presença das irmãs Cecília Horikoshi e Maria Rosa dos Santos, que na época coordenavam a CIJU.
Naquele mês, o ET recordava que a Congregação francesa das Irmãs de São José de Cluny, fundada em 12 de maio de 1807, por Ana Maria Javouhey, chegou ao Brasil em 1960. Três anos depois, no dia 2 de janeiro de 1963, atendendo a um pedido do arcebispo de Uberaba, Dom Alexandre Gonçalves Amaral, quatro irmãs chegavam a Sacramento. E por pouco não desistiram da cidade.
De acordo com irmã Benigna, em uma de suas entrevistas ao ET, a escolha estava entre duas Santas Casas, a de Uberaba e a de Sacramento. Em uma visita prévia para conhecer a cidade, a superiora, Madre Antônia, não gostou do que viu. As péssimas condições do hospital e a falta de acomodação para as irmãs pesavam na opção. A ida para Uberaba estava decidida, quando a visão da imagem de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, no alto da Igreja Matriz, muda os acontecimentos. Veja o fato contado por Ir. Benigna:
“- Descíamos da Santa Casa, Madre Antônia e eu, por aquela bonita avenida que tem o nome do Vigário Paixão, em direção à casa de Da. Carmelita Bernardes Borges, que nos hospedou a pedido de Dom Alexandre, quando divisei no alto da Igreja Matriz, a imagem de Nossa Senhora, a padroeira da cidade. Em silêncio, pedi-lhe que nos iluminasse um pouco mais naquela decisão. Lembro-me de que as luzes da cidade eram uns 'tomatinhos' dependurados no alto de postes de trilhos de ferro. Ambas estávamos caladas, até que, em determinado momento, madre Antônia disse:
“- Isto aqui é um canto!' (expressão portuguesa para significar 'cidade distante, abandonada, desajeitada'...' – grifo nosso). Olhei para Nossa Senhora no alto da Igreja e respondi-lhe: 'Nosso Senhor Jesus Cristo esteve em todos os cantos, minha Madre'. Essas palavras parecem ter comovido madre Antônia e, desde então, fincamos pé em Sacramento”, revelou na época Ir. Benigna ao jornalista Walmor Júlio, ao recordar a história.
As irmãs de
S. Joseph de Cluny
'Discípulas missionárias por um mundo novo'
Presentes em 57 países com 2.600 missionárias espalhadas em cinco continentes, Sacramento viveu a graça da presença das irmãnzinhas da congregação francesa de Saint Joseph de Cluny por 56 anos. Chegaram ao Brasil em 1960 e três anos depois, Sacramento recebeu as primeiras quatro irmãs para fundar aqui uma casa. Nessas quase seis décadas, passaram pela cidade mais de 30 irmãs. A seguir, recordamos a despedida de duas queridas irmãs, Mafalda e Juliana, que falaram ao ET por ocasião do cinquentenário da congregação na cidade.
Congregação está presente em 57 países
De acordo com o site da Congregação (http://sj-cluny.org/Uma-Congregacao-Missionaria), em 2017, a congregação das Irmãs de S. José de Cluny era composta por 2.600 irmãs, distribuídas em 57 países da Europa, Ásia África, Américas, e Oceania e 30 províncias que trabalham na educação, na saúde, na evangelização, na ação social. Mais de 250 delas trabalhando na África.
Na Vice-Província do Brasil, fundada em 1960, são 26 irmãs, trabalhando em sete comunidades, dentre elas, quatro centros educativos nos estados de São Paulo, Paraná e Minas Gerais, onde administram a Casa Infanto Juvenil 9CIJU0, em Sacrameto.
Destaque-se que a Congregação, atendendo aos apelos e necessidades dos tempos atuais, trabalha com o lema: Discípulas missionárias por um mundo novo”.