Mais de 700 sacramentanos passaram os dias de Carnaval em Aparecida, em oração, momentos de lazer e de visitas turísticas. Na noite da última sexta-feira 9, a partir das 19h30, foi bonito ver as centenas de romeiros, homens e mulheres, jovens e crianças de todas as idades se despedindo na estação rodoviária, que ficou pequena para receber os 17 ônibus. Oito veículos ficaram no espaço da rodoviária e os demais em frente ao Arquivo Público e na rua paralela ao SAAE. Só faltou o 'buzinaço', na saída, porque à medida que lotava um veículo, ele partia.
E quem estava muito feliz com a movimentação era a Maria Borges, (Mariquinha), que reafirmou o que dissera na véspera. “Fico muito, muito feliz, por saber que no dia em que eu não mais puder ir, a tradição estará mantida. Todos os organizadores, exceto a Marisa Manzan, que continua a romaria do Volmir, todos os outros viajavam comigo. Fico emocionada de ver”, reconhece Marquirinha, que este ano não teve a ajuda da companheira Elza, devido a uma fratura na perna. Mas Cinara Silva a substituiu a altura.
Entre os romeiros, muitos estreantes, mas a maioria tem entre 20, 30, e até mais de 40 anos de Romaria, como Aristonides Amâncio de Melo. “Já perdi a conta, mas faz muito tempo, começamos com o Volmir Manzan, depois passamos para a Mariquinha. Já viajamos com os filhos todos, hoje somos a Maria Lina e eu”, relata, afirmando: “Nunca faltei um ano sequer e é a melhor coisa da minha vida, quando a gente avista o Santuário, o coração palpita e a emoção é grande...”.
“Família que reza unida permanece unida”, a frase é do sacerdote irlandês, Pe. Patrick Peyton, que em 1942 fundou a Apostolado do Rosário em Família, para promover a oração familiar, especialmente o Rosário. Pe. Patrick que morreu em 3 de junho de 1992, aos 83 anos, foi beatificado em 9/12/2017.
Nessa já histórica peregrinação ao Santuário Nacional de Aparecida, a célebre frase do beato irlandês é seguida a risca por muitas famílias, como por exemplo, Maria Valdeci e Divino Ventino de Faria, que levam a família inteira em ônibus próprio. Também por Geralcino Silveira Borges, que faz a viagem há cinco anos e revela.
“- Para mim, existem três coisas importantes na vida: a romaria a pé ao Santuário de Nossa Senhora D´Abadia; ir aos pés de Nossa Senhora Aparecida e caminhar com as Folias de Reis. Enquanto vida eu tiver, enquanto pernas e voz eu tiver, enquanto Deus me permitir farei essas três coisas”, diz ao lado da esposa, Tereza de Fátima Fornazier Borges, companheira de 41 anos. “Ele faz a peregrinação de Nossa Senhora D´Abadia há 19 anos, quando eu tinha já um ano de caminhada”, diz a simpática cozinheira da Escola Coronel.
Bianca Alves dos Santos vai a Aparecida há oito anos e este ano viajou com o filho Rafael, a mãe e uma tia. “Muito bom uma viagem dessas, é um momento de a gente renovar a fé, agradecer e pedir bênçãos, mas também de descansar, conhecer pessoas. São muitas bênçãos”.
Lina Zanqueta vai a Aparecida, da mesma forma, diz que espera ansiosa a data. “Já chego de uma viagem pensando na do ano seguinte, não vejo a hora de chegar o carnaval para a viagem. Tenho muita fé com nossa Senhora Aparecida e cada peregrinação ao seu Santuário, para mim, é uma bênção”, afirma ao lado da amiga, Maria Auxiliadora, que completou 30 anos de romaria. “Vou trabalhando e todo mês guardo um pouquinho para a viagem, porque é um lugar onde renovo e encontro muita fé, esperança e amor. Vou sempre para agradecer”.
Os irmãos Luciana dos Reis Oliveira, Nilson e Newton e a prima Terezinha fazem a romaria anualmente. Luciana há 31 anos, Nilson e Newton há mais de 20 anos e Terezinha 15 anos. “Nossa Senhora nos ajuda tanto o ano inteiro, então temos que ir ao seu Santuário agradecer, mas temos pedidos também a fazer. E chegar à casa da Mãe e entregar todos os pedidos das pessoas amigas que nos recomendaram é uma bênção, uma graça muito grande”, reconhecem.
Celso Roberto Santana há alguns anos viaja no ônibus da empresa Viaje Vale, dos filhos Dênis e Flávio. Hoje viaja de graça, mas há muito mais tempo é um peregrino assíduo. “São 28 anos de romaria com a família inteira, e o nosso objetivo sempre foi o de agradecer por tudo que temos, por tudo que conseguimos. Veja que os meninos eram crianças e os levávamos a Aparecida e hoje eles estão nos levando, uma pena que a Neiva não esteja aqui, mas ela está lá batendo palmas nesse momento”.
Álvaro Reis, a esposa Hilda voltaram a Aparecida mais uma vez, a última visita ao santuário foi em 2003 e dessa vez foram acompanhados da filha Margarete e retornaram como todos, felizes e abençoados.
“- Acima de tudo, sou ecumênico, tenho uma formação espiritual. Deus está dentro de cada um. Um padre que faz a Oração da Manhã, disse que “um dia Felipe chegou para Jesus dizendo que nunca vira Deus e Jesus responde: 'Você está comigo há tanto tempo, eu falo porque Deus está em mim e eu estou em Deus. Deus está em toda parte'”.
Diz mais Álvaro que ‘‘a Mãe Santíssima, desde a visita da prima Isabel, já sabia que seria a mãe do Salvador e ela tem todo o poder de interceder junto a seu filho em todo e qualquer pedido... Que maravilha é a passagem das Bodas de Caná. É aí que está a importância da Mãe.
2017 foi um ano muito difícil pra gente, principalmente com doenças, mas com muita fé a gente vai superando tudo isso...”, relata, e destaca a emoção de participar da missa de Padre Vítor, no encerramento da 7ª Romaria. “Milhares de pessoas e que emoção foi quando o arcebispo celebrante Dom Orlando Brandes falou que ele era sacramentano e nós todos lá. Foi emocionante e a emoção faz parte do ser humano...”.
A alegria dos organizadores
Além das tradicionais romarias da Mariquinha e do Volmir, hoje organizada pela filha Marisa Manzan, os devotos de Nossa Senhora Aparecida contam com as romarias organizadas por outras cinco pessoas: Maria do Divino, Rosemeire, Manin, Marlene e Bete.
Marisa Manzan assumiu a organização da Romaria que começou com o pai, Volmir Manzan, o pioneiro na cidade, que viajou a Aparecida por quase meio século. Papai morreu há oito anos, mas a romaria nunca parou, mamãe assumiu a organização e há cinco anos eu tomei à frente, para mantermos uma tradição que ele começou. Além disso, manter essa viagem é ajudar esse pessoal a visitar a casa da Mãe Aparecida, pelo menos uma vez. É comovente ver a alegria das pessoas, isso nos deixa muito felizes”, destaca Marisa que levou dois ônibus.
Rosemeire Maria dos Santos Ferreira organiza Romaria há 12 anos, mas no início o objetivo era atender a família. “A família é muito grande, viajávamos com Marquinha e o Volmir, mas só a família lotava um ônibus, aí tivemos a iniciativa de organizar o nosso próprio ônibus, mas os amigos se interessaram e hoje estamos com quatro ônibus. São muitas bênçãos a viagem inteira, muita alegria, todos voltamos muito felizes e este ano não será diferente...”, afirma.
Maria Valdeci Faria (Maria do Divino) há dez anos organiza romaria, também para atender a família. “A família cresceu e aí decidimos arrumar um ônibus da família. Estamos levando um ônibus só, mas aí dentro tem filhos, genros, noras, netos e bisnetos e os lugares que sobram passamos para os amigos”, afirma, com Divino completando: “Estamos casados há 52 anos, e vamos todos juntos agradecer, uma viagem dessa é uma oportunidade de unir a família”.
Amir Ferreira (Manin) completou a 12ª romaria e revela o que o levou à organização. “Romaria é uma tradição na minha família, viajei mais de 20 anos com dona Mariquinha e a Elza, exemplos de pessoas, de organização. O que elas fizeram para essas romarias até hoje, é fantástico, maravilhoso. Com o tempo, entretanto, percebemos uma demanda maior, e como fica difícil uma pessoa só organizar tudo, decidimos proporcionar mais oportunidades, contratando outros ônibus e deu muito certo”, relata Manin, que levou dois ônibus.
Marlene Aparecida de Oliveira Melo, organiza romarias há três anos e viajou com três ônibus. “É um ônibus por ano. Começamos com um, depois dois e agora são três e a procura é grande”, explica, justificando que a iniciativa de organizar romaria é pela fé e pela vontade de ir manifestada por muita, gente que fica feliz; e, para nós, é uma alegria muito grande”, afirma ao lado do marido Ivo Alves Januário.”