Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Espiritualidade vira disciplina em faculdade de Medicina da UFF

Edição nº 1631 - 13 de Julho de 2018

A Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense (UFF) incluiu a disciplina Medicina e Espiritualidade em sua grade curricular a partir deste semestre, mas a matéria ainda é opcional, isto é, estudantes do quarto período de Medicina podem optar pela aula, que fala da influência dos sentimentos na saúde, porém vem tendo boa aceitação. 

De acordo com os professores da faculdade, a disciplina promove discussões de como os fatores psicológico, familiar, social e espiritual podem auxiliar no tratamento de doenças.  

É a chamada Medicina Integrativa, que nasceu a partir da proposta da Carta de Ottawa, redigida em 1986, que conclamou a organizações sociais e   a Organização Mundial da Saúde (OMS) a esforços para r um novo padrão de saúde pública. 

Segundo o documento, saúde não é apenas “ausência de doença”, mas consequência do bem-estar físico, psicológico, familiar, social e espiritual, como explica o coordenador da disciplina na UFF, Professor José Genilson Ribeiro: “na Europa e nos Estados Unidos, cerca de 80% das faculdades já têm a disciplina  no currículo. No Brasil, ainda estamos devagar”. 

Responsável pela sua implementação no ano passado, Ribeiro diz que nas aulas são trabalhados os sentimentos. “Acreditamos que a doença começa na alma, se instala no corpo físico, e que é preciso tratar o paciente de maneira integral. Não basta tratar o efeito da doença, mas os aspectos totais. Muitas pessoas têm mágoas e não conseguem perdoar, isso as deixa presas em suas dores, o que dificulta a melhora física”, ressalta.

Segundo o professor, a disciplina Medicina e Espiritualidade vai além das salas de aulas.  Os pacientes são atendidos gratuitamente pelo Núcleo de Estudos em Saúde, Medicina e Espiritualidade (Nesme) UFF, onde atua um grupo de profissionais das áreas de psicologia, medicina e arteterapia.

Perdão é saúde – A Diretora da Associação Médica Brasileira (AMB) e presidente da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP), a psiquiatra Carmita Abdo, aprova a inclusão da disciplina e destaca que há uma comprovação do que é defendido pela disciplina de Medicina e Espiritualidade. São os efeitos, negativos ou positivos, da atuação das substâncias produzidas pelo corpo humano após a experiência de sensações boas ou ruins. 

“As emoções levam a modificações de substâncias no organismo. Quando liberamos ocitocina e endorfina, elas nos levam à melhora na imunidade e a sensações de bem-estar. O contrário ocorre com sensações negativas, que liberam substâncias que baixam a imunidade e causam doenças. Com o perdão não é diferente. Quando perdoamos alguém temos a sensação de alívio, de gratificação, o que é revertido em ocitocina”, detalha a profissional. (Fonte: O Globo/Redação ET)