Os irmãos protestantes da tradicional Casa de Oração tiveram um dia de palestras e confraternização na Sexta-feira da Paixão. De acordo com Geovane Fernandes de Silva, do corpo de presbíteros da igreja local, “a data é importante para todas as religiões.
“- Já são mais de 60 conferências realizadas desde que a Casa de Oração chegou a Sacramento. É uma oportunidade a mais para reflexão. Além dessa conferência temos as celebrações normais, a Escola Dominical e a reunião de evangelização e estamos abertos a todos para ouvir a palavra de Deus e louvar através dos cânticos”, informou.
Pastor Sebastião, que já esteve na cidade várias vezes participando de conferências veio pela primeira vez como palestrante. Na sua mensagem destacou o dia especial em que se comemora a morte e a ressurreição de Cristo.
“- É um dia especial em que se comemora a morte e em seguida a ressurreição de Jesus Cristo, que viveu um Cristianismo autêntico. Nossa mensagem é para que as pessoas, os irmãos vivam o que Cristo viveu, demonstrando amor ao próximo, companheirismo, fazendo a diferença nesse mundo tão hostil, tão longe de Deus nos dias de hoje. É preciso que façamos o que Cristo fez, amando o próximo como a si mesmo”, afirma e completa:
“- A religião é um dos pilares da sociedade e acreditamos que nunca se fez tão necessária como hoje, haja vista que o Senhor Deus nos mandou amar os irmãos, nos ensinou a amar as pessoas e, ao contrário, estamos nos distanciando das pessoas. Jesus nos mandou buscar Deus e as pessoas estão se distanciando de Deus. Hoje as pessoas têm tempo para tudo, suas realizações pessoais, seus objetivos e não têm tempo para Deus e isso acaba gerando o caos do mundo, com uma sociedade desestruturada, lares desestruturados, violência. Acreditamos que só vamos ter uma sociedade sadia quando o homem buscar Deus, quando ele voltar a amar e respeitar o próximo em todos os sentidos”.
Diante da presença de um grande número de adultos, um bom numero de crianças e alguns jovens, Pastor Sebastião fala do afastamento dos jovens da religião, fato observado em todas as religiões “hoje, seja no Protestantismo, catolicismo, espiritismo, enfim em todos os lugares há uma evasão dos jovens dos templos. O jovem, hoje, não quer ter compromisso com Deus.
Reconhecendo que o jovem tem se afastado da religião, seja ela qual for, Pastor Sebastião, diz que “o jovem quer ter a benção de Deus na sua vida, mas não quer compromisso e aí vai viver a sua vida como se Deus não existisse e aí vêm as consequências, que já estão sofrendo. Quantos jovens perdidos nas drogas, nos crimes, na violência. Temos pais que sofrem e choram por seus filhos; pais que oram diuturnamente por seus filhos, mas Deus colocou no coração de cada um o livre arbítrio e Ele respeita esse livre arbítrio, porque Ele fez o homem livre”.
Diz o pastor que em seus templos, são plantadas as sementes desde que são crianças, através da catequese, da escola dominical. “Nós as preparamos para Deus, mas quando crescem, vão embora, os apelos do mundo são muito grandes, aí passam a achar que religião é vergonha, acham tudo arcaico... E o que nós podemos fazer? Orar por eles, porque Deus está de braços abertos e um dia, como o filho pródigo, ele vai querer voltar. Essa é nossa esperança, porque as coisas do mundo, a adolescência, a juventude são efêmeras, elas passam rápido, há coisas muito mais importantes na vida e nossos jovens hão de descobri-las”.
Mr. James Crawford participa da Conferência
James Dickie Crawford, escocês radicado no Brasil, em São Joaquim da Barra (SP) desde 1952, aos 90 anos, é um exemplo de religiosidade, de dedicação e trabalho não só para os protestantes mas para todos.
Periodicamente, Mr. James vem a Sacramento e, este ano, participando da Conferência. O ET teve a oportunidade de trocar com ele uma palavrinha. James faz parte da igreja de São Joaquim da Barra, e visita sempre que pode as 11 igrejas da região e faz gravações de mensagens para programas radiofônicos e Plenitude Webradio.
Mr. James chegou ao Brasil 12 anos depois do Pator Leonardo Nye, que fundou a Vila Alexandre Simpson, em Sacramento. “Cheguei e já existia a vila. Fomos para Uberaba, a esposa Janet e eu, para aprender a língua, lá ficamos por nove meses e nos mudamos para São Joaquim. Há alguns anos sou sócio da Vila Simpson e venho a Sacramento uma vez por mês, aqui me encontro com Cristina Mcsorley, somos patrícios e ela aprendeu a língua brasileira conosco, ambos somos obreiros e cuidamos da Vila”.
Lembra Mr. James que a vila foi fundada para cuidar de crianças. “No começo eram cuidadas pelo Leonardo e sua esposa Irene, depois parou, mas hoje, abriga crianças e jovens de lares desestruturados em parceria com a Prefeitura. E temos a creche, onde a Cristina toma conta de crianças para os pais trabalharem, ou seja, a Vila continua com o propósito com que foi fundada...”.
James conta que chegou a Brasil aos 28 anos, recém casado com Jenny e aqui constituiu família com o nascimento dos filhos Robert (falecido), Allan (falecido), Margaret, William e Jim (falecido). Lembra que ao chegar a São Joaquim, sua mulher Jenny (falecida em 2012), por muitos anos foi a parteira da cidade.
“- São Joaquim era uma cidade nova, tinha 54 anos, era uma vila, não tinha nem hospital e a Janet como parteira formada, durante muitos anos exerceu essa função. Hoje São Joaquim é outra coisa, uma grande cidade”, afirma e com razão, aos 116 anos, São Joaquim conta com 46 524 habitantes e um IDH Geral alto, 0,762.
O belo coral da Casa de Oração
Augusto Cesar lançou em 2013, pela editora Loyola, o livro “Quem canta reza duas vezes' e no prefácio ele lembra Santo Agostinho, que disse: “Cantar é próprio de quem ama!” E afirma que faz da frase a sua pequena e silenciosa oração sempre que abraça o violão. E ressalta: “Aprendi que a música - dom de Deus - me ensina muito sobre o Criador, Senhor de todos os dons”.
Tudo isso que disse o escritor constatamos no belo coral da Casa de Oração, dirigido pelo músico Aparecido José Ferreira, mais conhecido por Cidão 57 que, como Geovane Fernandes é um dos filhos de Leonardo Nye, Irene Nye e Cristina Mcsorley.
Os primeiros contatos com a música Cidão teve na Vila Simpsom com Mr Nye, a partir dos três anos e assim seguiu até os 22 anos,fiel aos ensinamentos que recebeu.
‘‘- Na Vila nós tínhamos ensinamentos e tínhamos o coral. Sr. Leonardo nos ensinava a cantar, ele regia o coral. O gosto pela música, por coral, nasceu através dele, mas como faço parte da Banda Lira do Borá, aprendi a leitura da música com os maestros Edwin Neves e Paulo Constâncio e fui aprimorando. Aprendi a ler partitura, enfim tudo que um músico precisa saber e uso estes conhecimento para dirigir o coral, inclusive a divisão de vozes”, reconhece.
Afirma que preparar o coral precisa muita dedicação. ‘‘Não é fácil, difícil, precisa de muita dedicação, muito ensaio, tanto da minha parte quanto do grupo, não adianta eu querer se não tiver um grupo comprometido”.