O missionário redentorista, Pe. Gilberto Paiva, é um redentorista a serviço da congregação, não apenas nas missões, no púlpito ou na vida paroquial, mas principalmente no trabalho de pesquisa, para deixar registrada em livros a história da Congregação Redentorista. Da sua bibliografia já constam as obras: 'História da Rádio Aparecida, da Vice-Província Redentorista de Fortaleza e da Província Redentorista de São Paulo'; 'P: Vitor Coelho de Almeida – O Missionário da Senhora Aparecida'; e, mais recentemente, 'Orar 15 dias com Pe. Vítor Coelho de Almeida' e, ainda, 'Os Redentoristas no Brasil: um esboço cronológico'.
Em mais uma visita a Sacramento recebeu o ET para uma entrevista no Centro de Assistência Social (CAS) Pe. Antônio Borges de Souza, que para os ex-seminaristas e muitos sacramentanos continua sendo o 'Seminário', idealizado pelo sacerdote nos anos 1950 e que hoje é patrono da nova obra que funciona no prédio.
O Missionário da Senhora Aparecida
A biografia do sacerdote sacramentano, Pe. Vitor Coelho de Almeida, é o livro oficial da Congregação do Santíssimo Redentor, escrito a pedido da Província de São Paulo. “Eu havia acabo de voltar de Fortaleza, em 2010, depois de escrever a história dos irlandeses no Brasil. Um arquivo todo em inglês, tudo manuscrito, mas foi uma bênção morar com eles e fazer este trabalho. Retornei, estava em São João da Boa Vista e pensando em escrever a História da Igreja no Brasil, quando comecei a organizar as fontes, o Provincial padre Luiz Rodrigues me chamou para escrever a história a biografia de padre Vitor.
Batinas queimadas
No primeiro momento me recusei, por entender que biografia é uma coisa muito complexa, mas não houve jeito. Fui para a casa em São Paulo e comecei a trabalhar. Li 15 biografias pra ter uma ideia, João Goulart, Che Guevara, Reinaldo Gianecchini, Steve Jobs, li até a do Jose Sarney (risos), dentre outras. E passei a organizar a documentação sobre a vida de Pe. Vítor. E fiz descobertas interessantes, uma delas é que quando ele ficou tuberculoso, em 1942, o superior mandou queimar as coisas dele. Era normal isso, na época. Acreditava-se que muitos padres pegavam lepra, tuberculose, porque quando um morria, passavam as batinas para outros, então quando Pe. Vítor foi para Campos de Jordão, o superior mandou queimar as coisas dele. Não sei se naquela época ele já fazia diários.
Caríííísimos...
A partir de 1960 ele começou o tal de memorando que eu consegui e o Diário das Missões que encontrei no arquivo do seminário de Araraquara. E, realmente foi uma surpresa agradável encontrar todo o material disponível e no desenrolar do trabalho pude perceber um Pe. Vítor humano, um controversista, isto é, ele não dispensava uma boa discussão na defesa da fé e, também, um zelo missionário e, sobretudo um homem incansável. Depois do tratamento e da retirada de um pulmão, quando ele voltou para Aparecida, esse homem trabalhava por dois ou três. Ele fez consagração, na tarde do dia anterior à sua morte, com a urina solta, apenas um pulmão, surdo... e com aquela voz “Caríííssimos!”.
Ninguém fica santo depois que morre, mas é depois que morre é que se reconhece a grandeza da pessoa. Que nem Jesus; quando o soldado passou a lança e que trovejou ele disse: “Ele é de fato, o filho de Deus!”. Assim foi com Pe. Vítor e nos surpreendeu. Há textos radiofônicos emocionantes que ele escreveu, por exemplo, o livro, 'Os ponteiros apontam para o infinito'...
Foi de fato um santo em vida...
Eu me realizei ao escrever o livro. E como! Foi uma coisa muito boa e não me arrependo hora nenhum, pelo contrário fico agradecido pela oportunidade que tive de conhecer de tão perto a história de Pe. Vítor. Foi emocionante. Quanto a sua canonização, a Igreja apresenta para a Congregação da Casa dos Santos alguém para ser beatificado ou canonizado, que seja modelo, independente de milagre ou não, isso a fé e a ciência é que vão discutir. Pe. Vítor foi e é modelo de pastoral extraordinária e ordinária; foi missionário popular; ele foi um evangelizador que pensou em rádio, em TV, clube dos sócios; fazia músicas, escrevia, anotava tudo, e tudo pensando no povo Deus. Tudo para ele era o povo, inclusive, ele tinha medo de passar o vírus da tuberculose, então ele não ia para o confessionário, um local fechado, devido à proximidade, acredito que era um trauma por ter ficado doente tanto tempo. Era um homem do povo, ele ia para a praça tirar retratos com o povo, com os romeiros. Ele é modelo, tem muitas virtudes e, independente de milagres ou não, entre nós, orgulhosamente, podemos dizer que tivemos um santo.
14 capítulos,14 estações...
Eu me programei pra escrever o livro dessa forma, 14 capítulos, as estações da Via Crucis. É uma vida que tem momentos de alegria e de gozo. Pe. Vítor era muito alegre, cômico, tinha as suas tiradas, adorava festas. Mas também momentos de sofrimento e de dor. O calvário dele foi a doença e ele soube lidar com isso, assumiu isso como a cruz do dia a dia. Então, isto é em primeira mão para vocês: O 15º capítulo será 'a beatificação'. Em 2017, quando o Papa voltar para a festa dos 300 anos de Nossa Senhora Aparecida, e se Pe. Vítor for beatificado como esperamos, o livro terá uma reedição com um capítulo a mais, o 15º, a sua beatificação, que será como a redenção.
“Orar 15 dias com Pe. Vítor...
Quanto terminei a biografia, Pe.Luiz Carlos de Oliveira, conterrâneo de vocês, me falou da coleção francesa, 'Orar 15 dias', com mais de 300 volumes: 'Orar 15 dais com São Vicente de Paulo', 'Orar 15 dias com São Francisco'... No Brasil, a Editora Santuário tem os direitos autorais e acrescentou alguns nomes, Dom Helder Câmara, Pe. José de Anchieta. E, padre Luiz Carlos me sugeriu: “Por que não colocar 'Orar 15 dias com Pe. Vítor”, ainda que ele não seja beatificado. Aceitei na hora a sugestão e mãos a obra. 'Orar 15 dias com Pe. Vítor' é a fina flor da espiritualidade de Pe. Vítor, usei os textos dele, as orações dele... Já o último livro, 'Os Redentoristas no Brasil' é resultado de uma apostila, um trabalho de faculdade, que é um esboço cronológico de todas as casas redentoristas no Brasil. É um livro de 240 páginas, que objetiva resgatar a memória de nossas fundações, onde marcos presença, onde atuamos, os embates, erros e acertos nesses mais de 100 anos dos Redentoristas no Brasil.