A Igreja Católica iniciou no dia 19, Quarta-Feira de Cinzas, o tempo Quaresmal, um tempo de conversão, penitência e reflexão com a Campanha da Fraternidade, que este ano tem como tema, Fraternidade: Igreja e Sociedade e o lema “Eu vim para servir”, lançada oficialmente em todo o Brasil.
A Campanha da Fraternidade, criada por Dom Helder Câmara em 1964, é realizada anualmente pela Igreja Católica, através da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, durante a Quaresma. A Campanha tem como objetivo despertar a solidariedade da sociedade em relação a um problema concreto que envolve a sociedade brasileira, buscando caminhos de solução.
Com o tema, 'Fraternidade: Igreja e Sociedade', e lema, 'Eu vim para servir' (cf. Mc 10, 45), a Campanha da Fraternidade (CF) 2015 buscará recordar a vocação e missão de todo o cristão e das comunidades de fé, a partir do diálogo e colaboração entre Igreja e Sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, cujo encerramento se deu há 50 anos.
“A Igreja está a serviço das pessoas”, afirma o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Ulrich Steiner sobre a relação entre Igreja e Sociedade; e diz mais, que o tema é bastante aberto e provoca um “debate sobre a participação e atuação dos cristãos na vida social”.
De acordo com Dom Leonardo, a CF 2015 parte de dois pressupostos fundamentais para a vida cristã, também centrais no Concílio Vaticano II: a auto-compreensão da própria Igreja; e as implicações da fé cristã para o convívio social e para a presença da Igreja no mundo. O papa Paulo VI havia expressado isso em duas perguntas feitas na abertura da segunda sessão do Concílio: “Igreja, que dizes de ti mesma? Igreja, dizei qual é a tua missão?”
A proposta desta edição é baseada nas reflexões sugeridas pela Constituição Dogmática Lumen Gentium (A luz dos povos) e na Constituição Pastoral Gaudium et Spes (A alegria e a esperança) que tratam da missão da Igreja no mundo. O documento conciliar Lumen Gentium revela a auto-compreensão da Igreja, formada por todos os que aderem a Cristo pela fé no Evangelho e pelo batismo. Assim, mais do que uma instituição juridicamente estruturada, a Igreja é um imenso “povo de Deus”, presente entre os povos e nações de todo o mundo, não se sobrepondo, mas inserindo-se neles.
A partir dessa visão, a Igreja passa a superar uma das grandes questões assumidas pelo Concílio, a visão dicotômica Igreja-mundo. Isto se desdobra no esforço da Igreja para abrir-se ao diálogo com o mundo; de estabelecer uma relação com as realidades humanas; acolher o novo e o bem; partilhar as próprias convicções; contribuindo para o bem comum e colocando-se a serviço do mundo. Essa nova postura é expressa na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, aprovada e promulgada em 1965, por Paulo VI, às vésperas do encerramento do Concílio. Neste texto aparece a visão cristã sobre o mundo e o homem, sua dignidade, existência e vocação, e ainda reflete sobre a comunidade humana e as relações sociais, o sentido do trabalho e da cultura e sobre a participação da Igreja enquanto povo de Deus inserido na sociedade, na promoção do bem de toda a comunidade humana. Tudo isso vem de encontro aos pronunciamentos do Papa Francisco sobre a importância de a Igreja estar a serviço de seu povo. “Ele fala de uma Igreja em saída, comunidade samaritana, Igreja que não pode se omitir, nem abster de dar sua contribuição para a reta ordem ética, social, econômica e política da sociedade”, afirma.