As voluntárias, Agnes de Carvalho Loyola, Delfina Cândida de Melo e Maria do Carmo Chaer Borges foram homenageadas pela Paróquia do Ssmo Sacramento Apresentado pelo Patrocínio de Maria com a Comenda Cônego Hermógenes, entregue pelo pároco Pe. Sérgio Márcio de Oliveira, no Dia de Corpus Christi, após celebração eucarística, na Igreja Matriz.
A Comenda Cônego Hermógenes, criada este ano para homenagear religiosos e pessoas que prestam relevantes serviços à Igreja, foi entregue pela primeira vez ao Cardeal Dom Orani Tempesta, na festa da Padroeira da cidade, dia 31 de maio e agora para as três mais antigas voluntárias da paróquia.
O serviço de voluntariado na Paróquia foi criado por Pe. Nazareth Magalhães em 1974, no vicariato de Pe. Gil Barreto Barreiro (1969/1975). De acordo com Delfina, na época, sete voluntárias iniciaram o trabalho, Almira Duarte, Irene Afonso Mendes, Lúcia Tormin, Rita Giani e as três homenageadas.
Agnes de Carvalho Loyola, dedica quase que a metade de sua vida aos serviços da Igreja. Professora aposentada, Agnes conta que tudo começou com padre Magalhães, mas sempre foi ligada à Igreja. “Fiz a catequese na Igreja do Rosário com dona Bina e Rosa da Matta. Mamãe (Ana Bárbara) e papai (Ignácio) sempre nos orientando na fé católica e fui seguindo. Fiz parte da Pia União das Filhas de Maria, ministrei catequese no tempo do Pe. Saul e coordenava a Cruzadinha com a Valda Giani” recorda.
A Profa. Agnes iniciou o trabalho de voluntário com Pe. Magalhães, no início da década de 70, e nunca mais parou. Ainda hoje é responsável pela preparação dos paramentos dos padres que celebram nas comunidades rurais. “Padre Saul já dava assistência á zona rural, mas a partir dos redentoristas as celebrações intensificaram muito e prosseguem até hoje. Há celebrações de terça a sexta-feira, às vezes até duas por dia, além das celebrações em dias de festas. Há 40 anos faço este trabalho de organizar os paramentos e também como Ministra da Eucaristia”, explica.
Para Agnes, receber tal homenagem foi uma surpresa imensa e com uma humildade ímpar afirma: “Foi um susto, não sabia dessa homenagem e nem sei se é merecida, porque acho o trabalho que fazemos é porque, como católicos, temos a obrigação de ajudar e é um serviço insignificante. Fui tomada por muita emoção e até um certo constrangimento, mas estou muito agradecida e pretendo continuar até quando Deus quiser”.
Delfina: “Faço com alegria este serviço para a Igreja”
Delfina Cândida de Melo, 83, até os 30 anos morou na fazenda Alpercatas com os pais, Constantino e Cândida Rosa. “Na fazenda, eu era costureira, fazia roupas pra todo o pessoal da redondeza. Aí , aos 30 anos, por influência do Pe. Antonio Borges de Souza, decidi ir para o Mosteiro das Monjas Redentoristinas, mas fiquei apenas um ano, não me adaptando à vida de clausura. Depois, morei também durante sete meses num convento no Rio Grande do Sul, onde uma prima era superiora, mas não fui com fins religiosos. Retornei e passei ajudar papai na fazenda.
Com apenas o curso primário incompleto, aos 31 anos, Delfina decide completar o antigo curso ginasial e vai morar em Ribeirão Preto, onde permanece durante sete anos, até concluir a 8ª série. Retorna a Sacramento e aceita o convite de integrar o quadro de voluntárias da Igreja Matriz. “No início, era responsável pela produção das hóstias, depois o serviço geral da Sacristia, nos reparos dos paramentos, alfaias e toalhas da Igreja, abrir e fechar a Igreja, além de Ministra da Eucaristia”, informa.
Agradecida pela homenagem, Delfina relata a sua emoção. “Fiquei feliz pelo reconhecimento, embora não tanto merecido, fiquei emocionada e na hora levei um grande susto, porque nunca havia recebido uma homenagem. Estou agradecida pelo reconhecimento, mas acho que cada um tem que doar um pouquinho de si para a igreja. É um trabalho muito gratificante para quem faz e necessário para a paróquia. Faço com alegria este serviço para a igreja”, afirma.
Maria: “Acho-me ainda jovem...
A Profa. Maria do Carmo Chaer Borges, 73, pode-se dizer que trabalha para a igreja a vida inteira, pois cresceu dentro da casa do então vigário diocesano, Pe. Saul Amaral, de quem recebeu a primeira comunhão e, no momento de sua morte, na Santa Casa onde estava internado, deu-lhe a última comunhão.
“- Desde os oito anos, quando meus pais decidiram mudar para a cidade, estou ligada à Igreja. No princípio, acompanhando a Bira (Jandira Cordeiro) e a Zizi Brigagão, que cuidavam da igreja, arrumava o altar e outras coisinhas, mas não podia pôr a mão em nada que fosse sagrado. Na ordenação do meu primo, Pe. Antonio Afonso Cunha, ele me deu licença para arrumar o cálice. Eu tinha17 anos e eu continuei. Eu dei a última comunhão para o Mons. Saul, na santa casa. Ele me deu a primeira comunhão e eu lhe dei a última”.
Maria chegou a pensar em ingressar num convento, só não foi em obediência ao pai (José Pandó) e ficando por aqui passou a dedicar-se mais e mais ao voluntariado. Ao longo desses mais de 60 anos desempenhou várias funções. “Antigamente não havia equipes como hoje. Arrumávamos andores, preparação do altar, paramentos, hóstias... Quando padre Magalhães organizou o grupo, aí dividimos as tarefas. Agnes e eu tomávamos conta da igreja por 22 anos. Tomamos conta dos casamentos por 20 anos, aqui na Matriz e no Rosário. E eu ia também para o Perpétuo Socorro, cuidava da capela do seminário até os redentoristas irem embora e lecionava no seminário a convite de padre Gil. Enfim, no começo fazíamos de tudo, agora é que descentralizou”. Maria do Carmo é catequista desde os anos 1970 e também Ministra da Eucaristia.
Para Maria, a homenagem foi emocionante. “Eu, como a Agnes e a Delfina, não esperávamos por isso e foi algo fora do comum. Nenhuma de nós nunca havíamos pensado em algo assim pelo nosso trabalho. Nem sei como subi as escadas, pois fiquei muito emocionada e agradeço muito e, apesar de estar com 73 anos, me acho ainda jovem e quero trabalhar até o final da minha vida”.
Maria do Carmo tem o título de Leiga Consagrada da Fraternidade São José de Uberaba, desde 2009.