Fazendo justíssima homenagem, a Congregação do Santíssimo Redentor, que por mais de 50 anos semeou fé e cultura na cidade, denominou o Centro de Assistência Social (CAS), que funciona no antigo prédio do Seminário, de 'Pe. Antônio Borges de Souza'. A entronização da foto do patrono aconteceu em cerimônia festiva na noite dessa quarta-feira, 14, com apresentação do coral das crianças e descerramento da foto de Pe. Antônio Borges de Souza.
De acordo com Pe. Jadir Teixeira da Silva, diretor da área de assistência social da Congregação, na escolha do nome de Pe. Antônio pesou muito a sua atuação na entidade, construída inclusive por ele. “A ele é atribuído todo empenho, pois se temos aqui hoje um CAS com toda essa estrutura, devemos isso a Pe. Antônio, ao seu zelo apostólico, missionário e empreendedorismo”.
Para irmã Vera Alice dos Santos, superiora das irmãs Mensageiras do Amor Divino na cidade e supervisora do CAS, “agora o nome de padre Antônio ficará para a eternidade. A Congregação entendeu justo, por ele ser o idealizador e construtor do prédio. Sua obra é grandiosa na cidade”.
Participaram da cerimônia, além de Pe. Jadir, os padres redentoristas filhos da terra, Pe. Luiz Carlos de Oliveira, aluno da primeira turma do Seminário em Sacramento (ver crônica na pág. 2), representando o provincial, e Pe. Eugênio Bizinoto; Ir. Vera Alice, diretora da casa; Adriano Magnabosco, secretário de Governo, representando o prefeito Bruno Scalon Cordeiro, funcionários do CAS, pais, religiosas e oblatos redentoristas da cidade e crianças da instituição; além do Prof. João Bosco Martins, acompanhado da esposa, Anamaria Pinheiro. Nos tempos da Campanha do Tijolinho, João Bosco, ainda criança, foi um benfeitor da obra, tendo sido coroado Rei do Tijolinho por nove edições.
Redentoristas mantém oito CAS que atendem 1800 pessoas diariamente
O diretor da área de assistencial social da Congregação na Província de São Paulo, Pe. Jadir Teixeira da Silva, em entrevista ao ET, informa que, atualmente, a Congregação conta com oito obras assistenciais em funcionamento, com essa denominação de Centro de Assistência Social.
“- Nos CAS são desenvolvidos os mais diversos projetos, desde o sócio educativo, dirigido a crianças e adolescentes nas instituições, a assistência às famílias e idosos. Os CAS estão distribuídos nas cidades de Aparecida, Potim, Tiradentes, Campinas, São João da Boa Vista e Parque Peruche, todos no Estado de São Paulo e aqui nas Minas Gerais, o CAS Pe. Antônio Borges” informa Pe. Jadir.
De acordo com o missionário, que atende pela área de assistência social, passam pelos oito CAS, diariamente, cerca de 1800 pessoas, entre crianças, jovens adultos e idosos em período integral das 8h às 16h, com revezamento no contraturno escolar. “Para esse atendimento, a Província conta com 120 servidores, que formam as equipes multidisciplinares, todos, segundo a exigência legal, pessoas formadas nas diversas áreas:Assistência Social, Psicopedagogia, Psicologia, Pedagogia, artesanto, educação física... “A Lei da Assistência Social exige e só permite que os CAS funcionem com equipes mutidisciplinares, especializadas”,justificou.
O CAS Padre Antônio Borges de Souza oferece à cidade três projetos: Semear, SOS Família e Inclusão Digital, atendendo100 crianças e adolescentes, dentro do Projeto Semear, que consiste em aulas de música, artesanato, atividade física, informática, dança, teatro e apoio escolar. O Projeto SOS Família atende 38 famílias no CAS e no PSF do bairro Cajuru e o Projeto de inclusão Digital, além das crianças e adolescentes é aberto também aos idosos da cidade e às famílias assistidas.
O CAS Pe. Antonio Borges conta com 17 funcionários mantidos pela Congregação e três irmãs da Congregação Mensageiras do Amor Divino.
Na sua mensagem, padre Jadir afirmou que, Pe. Antônio teve toda a sua vida comprometida com a verdade e isso é muito importante para nós cidadãos, que vivemos numa sociedade que cultiva a mentira”.
Prosseguindo, afirmou que “a figura dele diz tudo o que poderíamos tentar falar de uma maneira imperfeita. O velho latim já dizia, 'Verba movent, exempla trahunt' (as palavras movem, os exemplos arrastam). Se os exemplos arrastam, é mais que convencer, e Pe. Antônio Borges é um homem que, pelo que foi, arrasta muita gente para o reino de Deus”.
‘‘Ao colocar este CAS sob o patrocínio de padre Antonio Borges, estamos retribuindo tudo aquilo que ele foi para nós: um homem de fé convicta, de uma esperança sempre revigorada, alguém que nos vai arrastando pelos caminhos de Deus. E Pe. Antonio teve a sua maneira de ser filho amado de Deus, deixando para nós essa herança. Por isso a nossa Província quis demonstrar toda a sua gratidão, o seu reconhecimento por tudo o que ele foi, é e será, pois a sua missão continua...”
“O seminário era a menina de seus olhos”
O ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges, com grau de parentesco com o homenageado, falou sobre a relação de amizade de sua família com Coronel Memeco, avô de padre Antonio, e de sua ligação com Pe. Antônio. Destacou a alegria que teve de poder falar por Sacramento nas suas exéquias, em Trindade (8/6/2011)e, sobretudo, os seus dons, o zelo apostólico, sua entrega diária à oração e sua preocupação quando o Seminário foi posto a venda. “O seminário era a menina de seus olhos e ele temia pelo uso que poderia ser destinado caso fosse vendido, até que depois da novena a Santa Terezinha de Lisieux, ele recebeu uma rosa de presente. Era este o sinal de que o Seminário não seria vendido. E hoje ele deve estar feliz com a bela obra desenvolvida aqui para os filhsos de Sacramento. Pe. Antonio é um exemplo de empreendedorismo, de fé, de oração. Como Pe. Victor está em processo de beatificação, também padre Antônio terá essa graça”, afirmou, recordando outras histórias com Pe. Antônio.
O Secretário Adriano Magnabosco, lembrando a amizade de Pe. Antônio com sua família, ressaltou o fato do quanto Sacramento deve a Pe. Antonio pelas obras realizadas e as lições plantadas.
Uma pequena biografia...
Padre Antônio é sacramentano, nascido no dia 7 de setembro de 1921, filho de Claudionor Alves de Souza e Dulcínia Borges de Souza, que desde cedo criou os filhos com fortes convicções religiosas o que foi um despertar para a sua vocação sacerdotal. Padre Antonio e mais 4 meninos da época foram para o Seminário Santo Afonso, em Aparecida levados pelo conterrâneo padre Victor Coelho, conforme contou padre Antônio, em entrevista ao ET em 2008 (Edição 1082, de 6 de janeiro de 2008) “Eu tinha 14 anos, foi em 1935. Éramos cinco meninos, mas digo que os outros quatro foram apenas pra me levar, porque eles não ficaram. Éramos o Sergio Scalon, o Paixão Flores, um português chamado Antonio Teixeira, o Jorge Cordeiro e eu. O Paixão Flores e o Jorge ficaram mais tempo, mas desistiram e eu estou até hoje.”. E de fato, mais de 60 anos de vida sacerdotal, depois da ordenação em 28 de dezembro de 1947.
Nas mais de seis décadas de serviço ao povo de Deus, são incontáveis as obras espirituais e 11 igrejas, seis delas no Estado de Goiás, o que lhe rendeu o título de “Padre Construtor” de almas e de templos. Mas a sua primeira obra edificada foi o seminário Santíssimo Redentor, que começou onde é hoje a Casa do Menor Rosa da Matta, em 1959. No mesmo ano deu início à construção do belo prédio do Seminário inaugurado em 1963, graças á famosa campanha do “Tijolinho” e muitas outras doações. O Seminário-menor de Sacramento abrigou centenas de jovens vocacionados, até fins dos anos 1990, quando encerrou suas atividades como seminário e depois de alguns anos reabriu como obra social, o hoje o CAS Pe. Antônio Borges de Souza.
Um dos últimos contatos mais direto de padre Antônio com os sacramentanos, deu-se em 2009, ano em que a comunidade católica e poder público comemorou os 50 anos da presença e do legado redentorista em Sacramento. Padre Antônio faleceu em 21 de maio de 2011, na cidade de Trindade (GO), onde construiu a sua última igreja, conhecida como Igreja de Pe. Pelágio e lá repousam seus restos mortais.
O nome do sacramentano padre Antônio Borges de Sousa já está estampado na fachada da obra redentorista, o Centro de Assistência Social (CAS) que atende atualmente 100 menores com assistência integral.