O retorno das imagens sacras foi marcado por uma missa presidida pelo pároco, Pe. Sérgio Márcio de Oliveira e concelebrada pelos sacerdotes, Pe. Gil Araujo e Pe. Ricardo Alexandre de Melo, após a procissão com o Santíssimo Sacramento em torno da praça Getúlio Vargas. Fieis que lotaram a basílica se emocionaram com a celebração e as orações de recepção da imagem.
Para Pe. Sérgio Márcio, o momento foi de oração e gratidão. “É um momento de fé, oração e gratidão por todas as pessoas que se sensibilizaram com a nossa causa, que deram a colaboração material, como a da família da Da. Cléria Scalon Cerchi e do empresário José Humberto Ramos, e, sobretudo que acreditaram na possibilidade, não apenas no restauro, mas da volta das imagens para o devido lugar”, disse, agradecendo.
De acordo com as explicações do historiador Amir Salomão Jacob, no final da celebração, a restauração teve um custo de R$ 30 mil, que só foi possível graças a doação daqueles benfeitores. Esclareceu Salomão que outras doações recebidas serão utilizadas na segurança das imagens, especialmente a da padroeira. “Além da instalação de câmeras de monitoramento, a imagem da Padroeira estará protegida por uma redoma de vidro blindado”, explicou, destacando a competência das religiosas responsáveis pelo restauro.
“- A imagem da padroeira passou por tantas pinturas que não se sabia mais a cor original do manto, assim optamos por fazê-la nas mesmas cores da imagem do vitral, datado de 1920, o que coincide com as cores da bandeira da cidade: branco azul e vermelho”.
As imagens ficaram prontas, quase cinco meses depois do gesto tresloucado do jovem Mizael Rodrigues Felix, 20, que adentrou a Basílica e quebrou todas as imagens. Mizael foi solto no dia 11 de setembro, mediante habeas corpus, concedido pelo Tribunal de Justiça de MG, e ficando livre também de pagar qualquer fiança, fixada na época pelo juiz em R$ 72.000,00, quantia que seria empregada na restauração das imagens que ele quebrou e no sistema de segurança implantado na Basílica.
Irmãs falam sobre as imagens
As irmãs Denise Pereira e Roberta nascimento, em entrevista ao G1 Triângulo, explicaram que pedaços de peças e outros itens que não puderam ser aproveitados foram colocados em caixas. “Evitamos usar pedaços muito pequenos nas restaurações, pois as imagens serão seguradas por muitas pessoas ao longo do tempo”, explicou Denise Pereira, faze do uma comparação.
“- Quando cheguei ao local após o incidente, a sensação que tive foi a mesma de quando uma mãe morre e deixa os filhos sozinhos. Tinha pedaços para todos os lados da Igreja”, afirma e irmã Roberta, outra restauradora, completa: “Quando as imagens chegaram até nós achamos que não íamos dar conta. Mas foi um trabalho árduo e que nos ensinou muito”.
De acordo com as irmãs, a imagem que mais deu trabalho foi a de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, padroeira da cidade. “É uma imagem histórica, a única de madeira, que levou cerca de dois meses para ser restaurada. Um historiador da cidade enviou uma foto, que ajudou a reproduzir as cores originais da peça, datada do século 19”, informou.
Após a conclusão do trabalho, irmã Denise deseja que as imagens sejam respeitadas, tanto pela arte quanto pela fé que representam. “Acho que o pessoal de Sacramento ainda está com a sensação de vazio, de uma casa sem mãe. Espero que quando ela retornar à igreja já restaurada e bonita, que ela faça brotar no coração a união das pessoas”, finalizou.