Dentro das comemorações do 133º aniversário de nascimento de Eurípedes Barsanulfo, o Grupo Espírita Esperança e Caridade realizou, nos dias 27 e 28, mais um Seminário de Evangelização de Espíritos, com atividades na Escola Eurípedes Barsanulfo, sarau e palestra com Haroldo Dutra, de Belo Horizonte, no Colégio Allan Kardec.
A pedagoga e escritora Alzira Bessa França Amui (foto), presidente do Grupo Espírita avaliando o seminário e as atividades que se seguiram até o dia 1º, afirmou: “Estamos mais uma vez muito felizes porque a cada ano vemos que este trabalho de Evangelização de Espíritos, que é o grande trabalho de Eurípedes como educador, tem trazido muitas pessoas de fora. Há duas semanas fomos visitados pela Rede TV, com o programa 'Transição' e tivemos também uma palestra extraordinária com Dr. Haroldo Dutra.
Segundo Alzira, Haroldo é um orador de fama internacional, que fala grego, aramaico e que tem feito uma pesquisa muito importante, um estudo cientifico da passagem da vida de Jesus no oriente.
“- Ele veio a Sacramento para falar sobre a vida de Paulo, mas disse que chegando aqui, ficou tão tocado, que acabou falando sobre Eurípedes Barsanulfo,, enxergando o Colégio como um templo-escola. Enfim, o mais importante é que todos estão comungando uma era nova, a boa notícia de que temos que ter esperança no evangelho de Jesus, trazendo a todos nós um novo alento, uma grande esperança”, explicou.
Sobre as comemorações do nascimento de Eurípedes, Alzira afirma a presença de todas essas pessoas se deve a Eurípedes.
“- Ele tem o magnetismo de trazer as pessoas que chegam de todos os lugares. São 133 anos de seu nascimento, já podia ter sido esquecido, mas está cada vez mais vivo no pensamento das pessoas. Tivemos a Hora da Saudade, um momento ímpar, de muita alegria”, destacou.
Para Alzira as apresentações feitas pelas crianças e jovens foram brilhantes. “Isto traz em nós muita esperança e alegria, é toda uma história de cultura que é reavivada. Nosso papel é fazer com essa história se transforme, mas que seja viva em nossa vida”, finalizou a educadora.
As saudades de Saulo na 'Hora da Saudade'
Eurípedes Barsanulfo nasceu no dia 1º de maio de 1880. Filho de Mogico e Meca, tem ainda muitos parentes diretos em Sacramento. O advogado Saulo Wilson e sua irmã, Paula Virgínia Soares; as irmãs Cunha (Heigorina, Nizinha e Ionete) e Amália Rezende Cordeiro são sobrinhos diretos, em primeiro grau, de Eurípedes Barsanulfo.
Participando, anualmente, das comemorações alusivas ao tio, Saulo Wilson, 86, fala da tradição da Hora da Saudade. “Tio Eurípedes faleceu em 1918, eu nasci em 1927, mas desde a nossa infância, lembro de participar da Hora da Saudade, uma homenagem que sempre se prestou a tio Eurípedes”.
Lembra Saulo que em 1934, aos sete anos, era estudante no Colégio Allan Kardec, cursando o 1º ano primário na sala do tio professor, irmão de Eurípedes, Watercides Wilon. “No feriado, todos os alunos vínhamos aqui às sete horas da manhã assistir à Hora da Saudade, depois saíamos em passeata, até a casa de dona Cristina, da família Rodrigues da Cunha, que morava, na praça Getúlio Vargas. Eles eram fazendeiros e todos aqueles terrenos para baixo pertenciam à fazenda. Dona Cristina nos oferecia um café, com bolo, biscoitos, uma coisa deliciosa, comemorando também a data”, recorda.
Diz Saulo que rememora essas lembranças e sente uma imensa saudade. “Todos os anos, nessa Hora da Saudade, evoco todas essas lembranças. Mas depois, me lembro que participei muito com as pessoas que trabalhavam aqui, o Manuel Soares, Dr. Tomaz Novelino, Agnelo Morato, pessoas admiradoras de tio Eurípedes e que sempre vinham trazendo muitos conhecimentos, fatos ocorridos na vida de tio Eurípedes e sempre nessa Hora da Saudade. À medida que foram passando os anos, a saudade começou a aumentar. E já não era só de Eurípedes, mas a saudade de nossos pais, amigos, pessoas que trabalharam na casa como a Corina, uma pessoa extraordinária. Essa é de fato um Hora da Saudade, que nos comove”, diz com um certo saudosismo.
Na mensagem deixada aos presentes, Saulo agradeceu aos visitantes. “Nossa mensagem é sempre de agradecimento por estarem participando conosco e levando o conhecimento da vida e da doutrina espírita”.
E falando da vivência em casa com a família, sobretudo com seu pai Homilton Wilson, irmão e afilhado de Eurípedes, Saulo recorda: “Uma lembrança interessante é que sempre que perguntavam a papai, porque ele, sendo professor de Português, pessoa que escrevia muito bem, por que não escrevia sobre Eurípedes. Papai respondia: 'Escrever sobre a vida de Eurípedes é um dos processos mais difíceis que há, porque há coisas que aconteceram que pouca gente acreditaria'. Papai sempre se recusou a escrever sobre Tio Eurípedes, o que Corina fez com muito proveito e beleza, em “Eurípedes, o Homem e a Missão”, destaca.
Saulo se lembra ainda do fechamento do Colégio por um ano, em 1935. “Fiz o primeiro ano em 1934. Como meu tio Watercides adoeceu e não havia professor, o colégio encerrou as atividades em 1935 e eu fui para o Liceu Sacramentano, onde estudei o segundo ano com o Sr. Idelfonso Santana Peres. Em 1936, o papai reabriu o colégio e voltamos. E lá cursei o terceiro, quarto ano e o admissão”, diz, destacando a visão educacional de Eurípedes, que fez as salas mistas no Colégio, fundado em 1907. “As turmas eram mistas, mas o interessante é que havia o pátio das meninas e o pátio dos meninos separados, só ficávamos juntos na sala de aula”.
Outras lembranças da meninice de Saulo no pátio do Colégio, eram as duas jabuticabeiras, um ameixeira, um pé da castanha-do-pará e as cinco mangueiras. “O interessante é que nunca mais vi um pé de castanha-do-pará”, finaliza, contando essas histórias sob as sombras de um jasmineiro plantado por Eurípedes e seus alunos.