Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Padre Gil comemora 70 anos com amigos

Edição n° 1307 - 27 Abril 2012

O professor Gil Barreto Ribeiro, é conhecido entre os sacramentanos como Pe. Gil, pelo trabalho sacerdotal realizado na cidade no início dos anos 1970, quando assumiu a Paróquia Na. Sra. do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, como primeiro sacerdote redentorista a ocupar o cargo de vigário.  

Pe. Gil esteve em Sacramento nos dias 20 e 21 para celebrar com amigos o dom da vida, os seus bem vividos 70 anos, quando recebeu o carinho dos amigos e confrades da Congregação Redentorista, Pe. Alberto Pascoto e Pe. Antonio Carlos Vanin, que vieram concelebrar uma missa em ação de graças preparada pela comunidade.

A aconchegante Capela do Seminário, hoje transformado em obra social da Congregação, foi escolhida para a celebração, lembrando a casa onde morou durante cinco anos. Na noite de sexta-feira ali estavam inúmeros amigos que lotaram a capela para a celebração e para um coquetel ao final, com direito a um vídeo mostrando slides de sua passagem por Sacramento. 

A missa, comovente, entoada pelo Coral do Bené, lembrando velhas canções do tempo dos Encontros Rurais, foi participada por velhos amigos, como o casal, engenheiro Antônio Celso e Edilce e a coordenadora da Pastoral Rural em seu vicariato, Oralda Manzan, que o levaram até o presbitério, sob os aplausos de uma igreja emocionada.

A celebração eucarística, preparada por um grupo de amigos, foi o reviver de uma missa realizada nos encerramentos dos encontros rurais. Ali estavam, como comentarista, Amir Salomão Jacob; na primeira leitura, Amur  Ribeiro, ex-palestrante nos cursilhos e encontros de jovens, nos tempos de Pe. Gil, que dinamizou a paróquia. Amur, recordando os velhos tempos,  antecipou-se, fazendo os comentários sobre o fariseu Gamaliel, depois de expressar a sua alegria de entrar numa Igreja que traz o Sacrário no centro do presbitério, a exemplo do que aconteceu durante muitos e muitos anos na  matriz de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, cuja grande reforma foi implementada por Pe. Gil, em 1972.  

Grande surpresa também foram os belos cânticos entoados por velhos jovens dos anos 70, sob a coordenação de Bené. Outra comovente surpresa na missa, que emocionou os fieis, quando o presidente da celebração, Pe. Alberto, deu a Gil a honra de proclamar o Evangelho (João 6,1-15). 

Na homilia, Pe. Alberto, depois da reflexão sobre o Evangelho, passou a considerações sobre Gil, destacando que ele “deixou o ministério, mas não deixou o sacerdócio”, enumerando o trabalho de evangelização feito por  Gil em Goiânia durante todos esses anos.

 E num momento de interação dada por Pe. Alberto aos participantes para citarem adjetivos que caracterizam Gil. Muitos amigos se revezavam ao proclamar Pe. Gil como  “perseverante, evangelizador, amigo, exemplo, inovador, audacioso e corajoso pela transformação da Igreja local, sacerdote sempre, o pai do ecumenismo e respeito às religiões na cidade”, disseram dentre outras. 

O adjetivo corajoso, que foi dado pelo amigo Walmor, foi  repetido por Amur Ribeiro, ao lembrar que Gil foi ao cinema pedir a ele para baixar a música que estava atrapalhando a celebração da missa das 7h00. E Pe. Vanin completou com a “serenidade”, marca  perene em Gil.

“- E foi a serenidade que o ajudou a superar muita coisa”, disse ressaltando  o sacerdócio que Gil mantém nesses anos todos.  “Gil nunca deixou de ser sacerdote. Ele deixou o ministério, mas não deixou de ser sacerdote, pois continua no seu  trabalho  de ser Igreja, de ser evangelizador”, disse, destacando que a  questão sacerdotal precisa ser repensada, revista.

 

70 anos de vida

 

Coube à advogada Ivone Regina Silva, a ação de graças pelos 70 anos de Gil, que teve o seu trabalho e trajetória com o padre, esposo e pai de família reconhecidos. Disse Ivone: “Nós, mais velhos, já algodoados  pela brancura do inverno, nos lembramos com muita saudade, Senhor, daquele jovem  missionário redentorista que aqui aportou  com alma pura, forte, dinâmica e corajosa,  como o ardoroso apóstolo,  quando nossa fervorosa Paróquia era ainda campo pequeno,  dado a vocação sacerdotal, espiritualidade   e grandeza do seu coração. 

Assim, Pe. Gil logo mostrou a que veio”, disse, destacando: “Conquistou  toda a juventude sacramentana  a quem ensinava através do TLC (Treinamento de Liderança Cristã), dos famosos 'encontrões' da JUS (Juventude Unidade Sacramentana). (...)

No magistério Pe. Gil também conquistou as normalistas do Curso Normal, não só pela sabedoria, mas sobretudo,  pela sua carinhosa postura de mestre, elegância e parcimônia... Criou o Cursilho de Cristandade, conseguiu incutir nos casais  a amar sem impor condições. E no trabalho pastoral comunitário, Pe. Gil levou aos encarcerados a presença da caridade cristã... 

Aos pobres levou  a coragem de vencerem,  aprender a confiar e a viverem  de acordo com ela. Aos doentes, um gesto de amor, carinho e de conseguirem perceber o sopro de Deus dentro de seus corações. Aos responsáveis pela comunidade, autoridades civis, militares e religiosas, com a voz estrondosa de verdadeiro apóstolo do Senhor, apontou destemido o cumprimento do direito e da justiça”, lembrou a ex-educadora.

Ivone destacou ainda a força com que Gil enfrentou na hora de decidir entre o sacerdócio e  o matrimônio. “Mas, não esmoreceu.  Confiou plenamente no Senhor, que o ungiu, o consagrou  e o tornou forte para suplantar  os incrédulos, os espíritos endurecidos, a agressividade  e a deserção. E na mesma esteira, encontrou  muitos confrades, parentes  e verdadeiros amigos  que o conheciam e o amavam,  que lhe deram força, coragem e fé para sobrepujar todas as vicissitudes daquele momento e partir em busca de sua tão sonhada felicidade. Só assim Pe. Gil resolveu assumir seu verdadeiro amor por sua querida Alda... E dessa feliz e sublime união, trouxeram à luz, duas lindas crianças: Larissa e Thiago, razão maior de orgulho, amor e carinho de suas vidas”.

Concluindo, Ivone concluiu:

“Este, Senhor, é o grande legado de vida que Pe. Gil nos deixou. Por isto, esta festiva celebração  comemorativa do seu septuagésimo  aniversário, não é mero triunfalismo, porque estamos conscientes de que foi uma sublime graça do Senhor ter chamado à luz da fé todos nós que aqui estamos para agradecer, para com o olhar de gratidão a Deus,  pela vocação cristã e familiar de Pe. Gil. 

E esta noite, de modo tão especial,  é a expressão da alma de todos nós sacramentanos, que nos sentimos agraciados pela bondade de Deus em ter-nos enviado através de nosso querido Pe. Gil, a mensagem de Cristo e ter implantado em nossos corações, a fé, o amor e a realidade esplêndida e permanente de nossa Igreja.  

Por tudo isto, obrigada, Senhor!”

 

Comendador Gil Barreto

 

Ao final da celebração, o prefeito Wesley De Santi de Melo, depois de enaltecer os relevantes serviços prestados pelo ex-vigário, enumerou várias obras realizadas pelo então, Pe. Gil, como a grande reforma da Igreja Matriz, a construção da Igreja de Na.Sra. do Perpétuo Socorro, no bairro homônimo, as diversas pastorais criadas na cidade e na zona rural, além do trabalho dignificante com os casais e jovens...  

Após ressaltar e enaltecer o trabalho realizado pelo religioso, o prefeito Wesley, afirmando que estava ali representando o povo de Sacramento, outorgou-lhe a Comenda da Ordem de Nossa Senhora do Patrocínio do Santíssimo Sacramento, a mais alta  honraria do município, sob os aplausos emocionantes dos presentes. 

 

O carinho dos amigos 

Depois da celebração, os cumprimentos, os abraços, as recordações e  risos ao assistir aos slides com as fotos da época,o discurso do amigo, o ex-prefeito José Alberto  Bernardes Borges    e o “parabéns pra você”. 
Destaque para dois encontros impares: com a cadeirante Cléria Scalon Cerchi e com Mário Florentino Santana, que o trouxe de carroça até o Seminário, quando aportou em Sacramento, pela primeira vez. 
Mário recordou a chegada de padre Gil à cidade. “O senhor novinho, menino ainda, chegou à Rodoviária. Não havia  táxi. Eu passava pela rua de charrete e o senhor perguntou onde ficava o Seminário. Eu expliquei e disse que ia passar lá perto, só que estava de carroça. Não deu outra, o senhor jogou a malinha lá, pulou em cima e o deixei aqui na porta”, contou e Gil, com  uma boa risada, respondeu: “E eu que não me lembrava mais disto. Achava que tivesse chegado aqui de táxi”. 
Mário, embora tímido, recordou mais: “Depois, o senhor criou a comunidade Perpétuo Socorro. Fez um trabalho grande lá. E eu fui do primeiro grupo que o senhor levou pra fazer cursilho em Araxá e lá o senhor contou sobre a sua chegada a Sacramento. Virei também Vicentino com o seu incentivo”. E Gil emendou: “O tempo passou para todos nós e o senhor não esqueceu...”.
Momento de agradecer 
Foram muitas emoções num dia só. Mas Gil com a serenidade e segurança de sempre cantou seu amor a terra. “Meu tempo aqui foram os melhores de minha vida. Aprendi muito com Pe. Saul, com a cidade toda. Tive muitos apoios o que era preciso, pois Sacramento foi a minha primeira paróquia”. 
Agradecimentos também à Congregação Redentorista, que chamou de “a minha congregação”. E aos amigos: “Quis dividir este momento com vocês, num lugar onde fui muito feliz”, disse e fez uma declaração:  “Quando deixei o ministério e recebi a autorização de Roma  para me casar, temia  ter decepcionado muitas pessoas. Não são fáceis questões como essas.  As pessoas depositam confiança, acreditam no trabalho da gente e eu temia tê-los decepcionado. Casei-me, tive meus filhos e embora tivesse vontade de voltar, temia a reação das pessoas. Passaram-se vinte anos até que me decidi voltar a Sacramento. E como fui bem recebido! Eu, minha esposa Alda, meus filhos Larissa e Thiago,  fomos muito bem recebidos. Sou grato a Sacramento por isto”.
Gil reafirmou o que disseram Pe. Alberto  e Pe. Vanin. “Como disseram não deixei de ser sacerdote. Além de lecionar por 25 anos na Universidade Federal de Goiás, trabalhava na comunidade a pedido do pároco. No nosso prédio, fazemos a novena de Nossa Senhora Aparecida, novena de Natal, as reflexões da quaresma. 
Engraçado que, quando começamos a rezar no prédio, pra novena de Nossa Senhora Aparecida, deixei um convite na caixa de correio de cada apartamento e pedi resposta. Na véspera de começar, houve apenas uma resposta. Pensei: já somos dois e qual não  foi a minha surpresa, quando apareceram oito casais em casa.  Cada dia rezávamos  num apartamento e terminamos a novena com mais de 30 pessoas do prédio. Aí pediram pra continuarmos a rezar e passamos a rezar o terço todas as segundas-feiras”, contou, agradecido pela graça de ter recebido o carisma redentorista. 
O ex-prefeito José Alberto Bernardes Borges por duas vezes saudou o amigo Gil Barreto. Primeiro, após a missa, durante o coquetel, recepcionou em seu rancho às margens da represa de Jaguara, o amigo Gil Barreto Ribeiro, os missionários redentoristas, Pe. Alberto Pasquoto e Pe. Antônio Carlos Vanin e um grupo de amigos, na tarde de sábado, para um almoço.