Sacramento viveu na manhã do dia 12 de outubro, as emoções da IV Festa de Nossa Senhora Aparecida, que tem seu ponto alto com a Procissão Fluvial, num percurso de 13 km. A barqueata, este ano com 23 barcos, entre lanchas e canoas, partiu da histórica estação de Jaguara e dirigindo-se até a estação do Cipó, onde é celebrada uma missa campal, participada por várias centenas de fieis, devotos da Mãe, padroeira do Brasil.
Outro momento singular foi a Procissão das Luzes, que excepcionalmente, este ano aconteceu na quarta-feira, 10, devido ao período eleitoral, e que reuniu centenas de fieis que percorreram os 12 km que separam a cidade até a Gruta dos Palhares. A rodovia Antenor Duarte, na escuridão da noite, literalmente, foi iluminada pelas velas e encheu-se de cantos e preces entoadas pelo pároco, Mons. Valmir Ribeiro.
A Festa de Na. Sra. Aparecida começou no primeiro ano do governo do prefeito Wesley De Santi de Melo, através da Secretaria de Cultura e Turismo, que tem como secretário, Amir Salomão Jacób, idealizador do evento. A imagem recebida pelo prefeito e pelo secretário, na Basílica Nacional de Aparecida, no início de 2009, foi um presente da Congregação do Santíssimo Redentor à cidade.
Festa começou para celebrar os 190 anos da cidade
A festa nasceu, segundo o secretário Amir Jacób, para marcar e fazer parte da história dos 190 anos de Sacramento, terra que nasceu sob o patrocínio da Virgem, em 1820.
Some-se à história a devoção e fé das pessoas a Na. Sra. Aparecida, que se emocionam durante a caminhada e na celebração eucarística. Muitos fieis participam também para pedir ou agradecer graças e muitos para orar por todos à Mãe Aparecida.
São quatro anos de festa e a cada ano testemunhamos a emoção das pessoas ao tocar a berlinda com a imagem, nas duas procissões, com os olhos cerrados e em silêncio, murmurando no coração um prece, na caminhada ou ao ouvir o espoucar dos fogos da barqueata que se aproxima.
Os fogos anunciam o momento em que Nossa Senhora vai apontar na curva do rio Grande, seguida de muitos outros barqueiros ao som da música: “Ô Senhora Aparecida, rainha da minha fé,/ a força de quem é forte, / escudo de quem não é, /põe a sua mão sagrada / sobre a cabeça da gente, / consolo dos oprimidos,/ proteção dos inocentes,/ nos livre da ignorância /que nesse mundo existe / miséria, violência e fome,/ nossa verdade mais triste/ ô Senhora Aparecida, Nossa Senhora Aparecida / és a luz do meu caminho / direção da minha vida”.
E de fato, a emoção e o esforço das pessoas como que confirma a máxima de que “Ninguém chega ao Pai a não ser por Jesus; e ninguém chega ao Filho, a não ser por Maria”, uma das invocações das “Ladainhas Loretanas”. E tão bem afirmou Mons. Valmir no início da procissão: “Essa nossa caminhada é uma expressão de fé, uma manifestação de fé, por amor a Deus, a Jesus Cristo, a Nossa Senhora, para agradecer e pedir graças”.
O ET conversou com alguns devotos, sobretudo idosos, na saída da Procissão das Luzes, todos esperavam chegar à Gruta caminhando e chegaram. Veja os depoimentos.“Faz quatro anos que vou à Gruta, este ano não estou bem de saúde, mas vou tentar ir a pé. Os meninos vão com o carro, mas se Deus quiser eu vou chegar lá, como cheguei à Capela do Divino Pai Eterno há oito anos. Nossa Senhora é a mãe”. (De Eurípedes Vieira da Silva, Baianinho do Chevetão, 73, membro da Irmandade do Santíssimo, desde os 19 anos).
“Essa é a terceira Procissão das Luzes que acompanho até a gruta. Um momento de muita fé. Nossa Senhora nos leva no colo”, diz Mercedes Aparecida de Oliveira, 83, ao lado das três amigas, que foram pela primeira vez, Iracy Manzan Prudêncio, 71; Maura Camilo, 56 e Lauzita José Bernardes, 66. As quatro somam 274 anos e mostram uma fé inabalável. “Deus nos despertou para acompanhar Nossa Senhora pela primeira vez e vamos conseguir, se Deus quiser”, diz Lauzita.
Outra que foi pela primeira vez à Procissão das Luzes é Divina Maria da Silva Peres, 66. “Já participei da missa de Nossa Senhora na beira do rio, mas sempre tive vontade de ir à procissão e vou pela primeira vez, vou rezar pelos meus filhos e para todos os que estão precisando de orações”.
“É um privilégio podermos viver momentos como este”
Monsenhor Valmir, celebrante da missa campal, ao lado de padre Paulo Henrique, com a sua peculiar alegria, contagiou mais uma vez os participantes da celebração que chegaram em veículos motorizados ou a pé, pessoas de Sacramento, Conquista, Franca, Uberaba e outras cidades vizinhas, todos com um único sentimento: fé.
Na homilia, após refletir sobre o papel da Mãe de Deus e nossa na vida do cristão, Mons. Valmir disse “é um privilégio podermos viver momentos como este. Sacramento é, sem dúvida, uma terra abençoada de muitos modos e por muitas coisas e também por isto. Temos, neste dia, em que o Brasil celebra sua padroeira, a possibilidade de louvar a Deus bendizendo a mãe de Jesus Cristo desse modo tão particular, que é essa manifestação profunda de fé que começou na noite da quarta-feira, dia 10, numa procissão muito bonita. É um privilégio podermos viver este momento que pelo quarto ano estamos celebrando”, reafirmou.
O pároco agradeceu, ao final da celebração, ao prefeito Wesley e ao secretário Amir pela idealização e consolidação da festa. “Queremos deixar nossa gratidão àqueles que desde o início sonharam, idealizaram e tornaram possível essa manifestação de fé. Nós, como Igreja, nos tornamos parceiros, solidários, mas o primeiro passo não foi nosso, mas quisemos estar juntos dessa manifestação que nasceu do coração de pessoas que têm uma fé muito grande em Deus e Nossa Senhora Aparecida, o prefeito Wesley De Santi e o secretário Amir Jacób”, agradeceu.
“Essa festa só tende a crescer”, afirma Amir
Amir Salomão Jacob, que encerra o seu mandato na Secretaria de Cultura Turismo e Cultura, se declara feliz com o crescimento da festa de Nossa Senhora Aparecida. “É uma festa que está consolidada, é esperada pelo povo todo ano. Essa festa se firma em dois pilares: o da fé é o turístico, visto que a procissão já é conhecida regionalmente”, explica.
Focada em dois momentos, o da Procissão das Luzes e a Procissão Fluvial seguida de celebração eucarística, Salomão espera continuidade da festa com o novo governo que se instala a partir de janeiro. “A cada ano mais e mais pessoas vão até a gruta dos Palhares acompanhando a imagem que remete à mãe Aparecida e, a procissão fluvial que é restrita a quem possui barcos, mas que propicia a participação de um grande número de fieis na missa nas margens do rio Grande e espero que assim continue, na gestão do prefeito eleito, Bruno Scalon Cordeiro”, destacou, ressaltando que o próprio povo pode manter a festa.
“- Caso o prefeito não a mantenha, o povo a manterá, porque há muitos devotos de Nossa Senhora para essa festa”, disse em entrevista, reafirmando a expectativa após a missa no dia 12, lembrando que tudo o que e bom vem de Deus. “Acho que essa festa nasceu de inspiração divina, já pensando na comemoração dos 190 anos da cidade”, lembrou.
Informou mais o secretário que toda a área em frente ao rio foi adquirida pela Prefeitura, incluindo o casarão que será transformado na Capela de Na. Sra. Aparecida. “Em princípio, a prefeitura recebeu da União, apenas 35 metros a partir da estrada, sem acesso ao rio. Mas graças a Deus fizemos a negociação e conseguimos toda a área, onde futuramente será uma praça, totalizando 2.550 metros, incluindo o casarão que será adaptado e reformado para a Capela de Nossa Senhora Aparecida, já transferida para a paróquia e registrada em cartório”, informou para a alegria de todos.
Finalizando o secretário agradeceu ao prefeito Wesley pelo apoio à ideia e por concretizar todos aqueles atos e a compra da grande área que serve aquele patrimônio, ao Mons. Valmir, aos patrocinadores das camisetas e a todos que ajudaram a estruturar a festa nesses quatro anos.
“- Agradecemos a todos, deixando todos no coração de Nossa Senhora”, disse e dirigindo-se aos devotos afirmou: “Vocês, devotos de Nossa Senhora, enquanto estiverem aqui, Nossa Senhora estará”.