Sacramentana organiza história de padre Victor

Geralda Ribeiro Pizzani, 81, sacramentana radicada em Santa Bárbara do Oeste (SP), há alguns anos, está fazendo um trabalho sobre a vida do também sacramentano,  Pe. Victor Coelho de Almeida (1899/1987), e esteve em Sacramento no final do mês de fevereiro, para mostrar à advogada Ivone Regina Silva, também autora de um documentário sobre a vida de Pe. Victor, as centenas de páginas do livro que será encadernado e entregue futuramente ao Arquivo Público  da cidade e à Congregação Redentorista. 

“Como sacramentana, nascida no Desemboque, conterrânea de Pe. Victor resolvi fazer esse documentário. Não almejo lucro, ele será entregue a quem de interesse. O meu intuito é mostrar a todos quem foi esse santo padre, o que ele fazia, o que passou e o que fez pelo Brasil, pelo imenso amor que ele tinha por esse povo, a quem sempre levou a devoção a Nossa Senhora. Padre Victor caminhava a bem do povo brasileiro, esse é o meu interesse maior. Quero deixar como sacramentana, se Deus quiser, esse documentário a minha cidade natal”, frisa. 

Há cerca de dois anos, Geralda iniciou o trabalho de pesquisa e de reunião de cópias de jornais, fotos, depoimentos, testemunhos, cartas, casos de milagres. Vou pesquisando nas famílias, nas cidades, via internet, para alcançar os lugares por onde ele passou que não foram poucos. Estou fazendo tudo para reunir o maior número possível de documentos, gostaria de ir a lugares, mas sou idosa, viúva, sozinha. Os filhos têm seus afazeres..., então, o que estiver ao meu alcance está sendo feito”, conta, apontando vários documentos importantes como os de quando Pe. Victor foi estudar  Teologia na Alemanha e dos papas do século de Pe. Victor.  

Geralda lamentou não encontrar na oportunidade a advogada Ivone Regina Silva, também interessada na história de Pe. Victor. “Ivone conhece minha pesquisa, ela esteve em minha cidade fazendo um vídeoo, por ocasião de uma homenagem que fizeram a Pe. Victor, em Sacramento. Ela gostou muito e agora que está quase concluído trouxe o livro para submetê-lo à aprovação de Ivone, do secretário Amir, enfim de pessoas que entendem dessas coisas e colher sugestões de como concluí-lo”, explica.

Segundo Geralda, os laços com Pe. Victor  firmaram-se a partir da  Vigília, que vem sendo uma inspiração trabalhada, na minha cidade, desde o Ano Marial, decretado pelo papa, no sesquicentenário da  Independência, em 1972. “A Igreja tinha que pensar alguma coisa para comemorar e Santa Bárbara abraçou a idéia, idealizamos a Vigília, que  nunca mais parou. Ela é realizada anualmente. Na época da I Vigília,  eu era presidente da comissão e fomos a Aparecida convidar padre Victor para participar conosco”, conta. 

Geralda diz que tinha uma senha para conversar com Pe. Victor, em Aparecida. “Diga a ele que é uma sacramentana. E ele nos vinha atender. Participou conosco dessa I Vigília e, a partir daí, nossa amizade se firmou e seguiu até a sua morte”, diz mostrando uma carta datada de 14/10/1989,  assinada pelo Papa João Paulo II, por ocasião da Vigília e cita o nome de Geralda, uma das idealizadoras da Vigília, que ficou famosa no país,nesses quase 40 anos de celebração. 

Geralda, 81, teve um encontro  com o secretário de Turismo e Cultura Amir Salomão Jacob, que aprovou a idéia e elogiou o trabalho. “Esse documentário é de uma riqueza ímpar e será um grande acervo para o Arquivo na terra de Pe. Victor. Ficamos muito felizes por essa visita, por conhecer esse  documentário que reúne tantas informações sobre esse filho da terra. Agora, vamos aguardar ansioso a entrega oficial desse documentário, que vai agora para o trabalho final. É uma riqueza esse documentário...”, afirma agradecido.

PADRE VICTOR

Conhecido no país como o arauto de Nossa Senhora Aparecida pelos anos de trabalho na rádio Aparecida, padre Victor Coelho de Almeida, filho de Leão Coelho de Almeida e Maria Sebastiana Alves Moreira, nasceu em Sacramento, em 22 de setembro de 1899. 

Órfão de mãe aos oito anos, o menino Victor foi para o Rio de Janeiro, com o tio, homônimo, cônego Victor Coelho de Almeida, pároco da Igreja de Bangu, que logo em seguida o internou no Seminário Santo Afonso, em 1911 e foi na Congregação Redentorista, que padre Victor viveu a maior parte de sua vida, 75 anos. 

Ordenado sacerdote em 1923, Pe. Victor, após um tempo de trabalho em Aparecida e Araraquara, seguiu para as Santas Missões entre 1930 a 1940, afastando-se por problemas de saúde.  Já restabelecido, a partir de 1948, passou a residir em Aparecida onde se tornou o 'Apóstolo do Rádio', pelo trabalho de evangelização através  da Rádio Aparecida e junto aos peregrinos no Santuário Nacional, até sua morte, em 21 de julho de 1987. 

Para a Congregação, através de informações de Pe.  Júlio João Brustoloni, ”Pe. Victor, nesse trabalho de missionário do povo, ele se santificou”. 

Em 12 de outubro de 1998,  iniciou-se o  processo de sua beatificação, que é aguardada com ansiedade pelos redentoristas e por Sacramento. 

O documentário de dona Geralda Ribeiro Pizzani, sem duvida, virá enriquecer a história de Pe. Victor e de sua cidade.