Devoção, fé, emoção e participação foi o que se viu mais uma vez na festa de Nossa Senhora Aparecida, em Sacramento. A festa da Padroeira do Brasil iniciou-se no sábado, 9, com a procissão levando a imagem até a Gruta dos Palhares. Romeiros jovens, adultos, idosos e até crianças, a pé, com velas nas mãos e orando percorreram os 12 quilômetros, em quase três horas de caminhada. Na saída, as palavras de esperança do pároco, Pe. Valmir Ribeiro, seguida da bênção das velas; na Gruta, a bênção final proferida pelo pároco do Desemboque, Pe. André Camargos.
Na terça-feira, 12, Dia da Padroeira do Brasil, desde 1930, conforme ofício do então Papa Pio XI, o dia começou cedo para muitos devotos, que seguiram a pé até a estação do Cipó; outros dirigiram-se para o Poção de Jaguara, de onde partiu a barqueata levando a imagenzinha milagrosa de Na. Sra. Aparecida e ainda outros a aguardaram na histórica estação da Mogiana.
Na chegada à Estação do Cipó, foguetório e vivas seguidos da missa presidida pelo pároco, Pe. Valmir e concelebrada por Pe. Edilson, da Paróquia de Conquista; Pe. André Camargos, da Paróquia Nossa Senhora do Desterro, do Desemboque, e pelo missionário redentorista, Pe. Dionísio Foltran Zamuner.
Nos passos da Mãe... uma caminhada de 12 Km
Na caminhada levando a imagem de Nossa Senhora até a Gruta dos Palhares, pessoas de todas as idades, jovens, adultos, idosos e até crianças, movidos pela fé, percorreram os 12 quilômetros que separam a cidade daquele balneário. Na cidade, a expectativa já era grande para muitos.
“Fui à Gruta no ano passado, andando e rezando e irei à Estação do Cipó, na terça-feira também. Tenho muito que agradecer e peço pra toda família, amigos, conhecidos. Os meninos preocupam, mas não sinto nem um pouco cansada, Ela me dá forças, enquanto eu puder andar irei na caminhada”, diz Zelinda De Santi Vieira, aos 77 anos.
“É uma oportunidade de estar junto de Nossa Senhora, que já está no coração da gente. É uma experiência de fé, de oração, de agradecimento...”, define Antônio Donizete Gabriel Dias, 45.
João Pedro, 3 anos, vestido de anjinho fez parte do trajeto a pé, carregando a vela após colocar flores na berlinda de Nossa Senhora. João Pedro, conforme a mãe, Mírian Maria de Souza, deve a vida a Nossa Senhora. “Na gravidez dele tive muitos problemas, então pedi a Nossa Senhora e prometi que até completar sete anos, ele iria nas caminhadas vestido de anjinho. Este é o segundo ano, andamos um pouco e depois paramos, a distância é longa pra ele”, conta, acrescentando que ainda não foi ao Santuário Nacional, mas pretende ir um dia.
As irmãs, Maura, Sandramar e Hilma Lúcio de Oliveira, fizeram a caminhada a pé pela segunda vez. “Não é promessa, mas fazemos a caminhada e rezamos por todos, pedimos bênçãos, paz, harmonia. O que manda é a fé e, na terça-feira, estaremos na Estação do Cipó pra continuar rezando e agradecendo”.
Terezinha das Graças, 59, veio da fazenda Santa Helena, especialmente para a caminhada. “Estou muito alegre, porque estou indo pela primeira vez e vou para agradecer um pedido que fiz pra Nossa Senhora. Vou fazer uns exames e sei que ela vai me atender, já estou agradecendo porque sei que vou fazer os exames e não vão dar nada, se Deus quiser. Com a ajuda de Nossa Senhora, vou fazer todo o trajeto andando...”
Leila Indelécio Pereira e o filho Derik Bianchini Orlando, 16, caminharam juntos pela segunda vez. Ela foi agradecer graças e pedir pela saúde da mãe e demais familiares; ele, foi rezar e pedir bênçãos. “Estamos indo pela segunda vez pra rezar pela saúde da mamãe, Hilda, e pedir bênçãos pra todos nós”, diz Leila; e Derik emenda: “Vou junto com mamãe, vamos rezando, agradecendo o que Deus tem nos dado”.
“Eu tenho a certeza de que todos vocês que vieram para participar dessa caminhada, trazem no coração ou um pedido para ser feito a Deus por intercessão de Nossa Senhora, ou vieram agradecer. De fato, é isso que Nossa Senhora quer ser, a intercessora, aquela que coloca nas mãos de Jesus, seu Filho, todos nós, nossas famílias, nossas comunidades, nosso trabalho, nossa cidade, nossas preocupações”, exortou o pároco, fazendo um pedido:
“- Eu faço um pedido especial: rezem por nossas famílias, rezem por nosso jovens. Vamos confiá-los nas mãos de Jesus, por intercessão da Virgem Imaculada. Que essas velas em suas mãos possam ser um sinal profundo da fé, da certeza que temos no coração, de que Jesus acolhe aquele pedido feito pela sua Mãe, como ela fez em Caná da Galileia”, ressaltou Pe. Valmir.
Missa campal na Estação do Cipó reúne católicos da região
A missa nas margens do rio Grande reuniu, como no ano anterior, um grande número de fieis, sacramentanos em sua maioria, mas muitos vieram das cidades de Franca, Uberaba, Conquista, Araxá, São Paulo, Uberlândia, Itamogi, Igarapava. Dentre as autoridades, registramos a presença do prefeito Wesley De Santi de Melo e família; o vice-prefeito Pedro Teodoro Rodrigues Rezende; vereador José Carlos Basso De Santi Vieira e o secretário de Cultura e Turismo, Amir Salomão Jacob, idealizador do evento.
Na homilia, o presidente da concelebração, Pe. Valmir Ribeiro ressaltou o amor de Nossa Senhora por seus filhos e a sua intercessão junto a Deus, o valor da vida e o ato de servir, destacando:
“- Esta festa tem um alcance diferente, porque une todo nós ao redor de uma mesma mulher, Maria, a Mãe de Jesus. Os títulos são muitos, mas é a mesma mulher, a Mãe de Jesus, dada a nós como mãe, sob o título de Nossa Senhora Aparecida. Ela é nossa padroeira nacional, portanto, sob esse título, Maria é convidada a olhar por toda a nação brasileira, todo o povo brasileiro, por isso rezemos por nós todos, pelos governantes, pelas famílias, pelos jovens, pelos doentes, por todos, todos”, disse e passou a palavra para cada um dos concelebrantes.
Padre José Edilson
“Precisamos na nossa vida, irmãos e irmãs, ver quais são os sinais de transformação que Jesus tem realizado em nossas vidas. Pela intercessão materna de Maria, Deus tem realizado na nossa vida, na vida de nossas famílias, na vida de nossas comunidades, mas é necessário também, por parte de cada um de nós uma resposta, uma resposta de amor, uma resposta de adesão a esse projeto de vida de Jesus, que é transformar a humanidade. Aderir a Jesus é proferir a nossa fé, é acreditar, simplesmente nesse Deus que se tornou homem para nos salvar e nos libertar. Como os discípulos creram em Jesus, que nós saiamos daqui com a certeza de nossa fé, de que Deus nos ama infinitamente, nos transforma e nos conduz ao reino”.
Padre André Camargos
“Neste dia especial, neste dia em que celebramos a festa da Mãe, padroeira do Brasil, padroeira de nossos corações, somos chamados a vivenciar a presença da mãe querida em nossa vida. Devemos fazer deste dia, um dia na companhia de Nossa Senhora. O Evangelista João deixa-nos claro, que a Mãe intercede por seus filhos através de Jesus. E, todo aquele que recorre a nossa Senhora é atendido. Todos que pedem a proteção, a intercessão da Mãe, são atendidos, porque ela protege, ela conduz, com seu manto sagrado, cada coração que pede com fé. Para nós o que é fé? O que é graça? A fé é sentir em nosso interior e presença da Mãe e do Filho Jesus; a graça é alcançada através dessa experiência. Que nós possamos nesta manhã, não deixar passar despercebida essa graça na nossa vida. E que ela possa interceder, conduzir nossas famílias, nossos filhos, nosso trabalho, porque ela é a Mãe intercessora”.
Padre Dionísio Foltran
“Hoje é dia de festa no Brasil inteiro e certamente é Maria que nos reúne e nos une a todos. Ela foi encontrada nas águas no rio Paraíba e hoje percorre as águas do rio Grande e nos faz unir as mãos em prece. Tive a felicidade de participar dessa segunda barqueata e pude ver nas margens do rio, pessoas rezando, fazendo o sinal da cruz, acenando, saudando a Mãe que passava. Um senhor, idoso, vítima de AVC, postou-se na beira do rio, ajudado por familiares e quando passou a imagem ele pôs -se de pé a rezar. Hoje, celebrando Nossa Senhora Aparecida, que é a nossa Mãe comum, vamos agradecer pelas graças recebidas, mesmo que isso nos custe algum sacrifício. Ofereça-o como oferta a Deus através da nossa Mãe de Aparecida. Lembremo-nos de todos aqueles, familiares, amigos, conhecidos que estão precisando de ajuda, de bênçãos, rezemos por eles”.
Prefeito e secretário avaliam a Festa da Padroeira do Brasil, em Sacramento
No final da celebração, padre Valmir agradeceu o empenho de todos, para a realização da festa e passou a palavra a Amir Salomão Jacob para as considerações e agradecimentos em nome do prefeito Wesley De Santi de Melo.
“- Primeiramente queremos agradecer a Deus e Nossa Senhora pela inspiração que nos deram pra que pudéssemos realizar essa festa. Temos uma quantidade imensa de agradecimentos a fazer, mas citar nomes seria incorrer no esquecimento de alguns, por isso colocamos nas mãos de Nossa Senhora todos aqueles que trabalharam, participaram e de alguma forma estiveram conosco”, disse, fazendo um agradecimento especial ao empresário sacramentano, José Humberto Ramos, da Multitrans, pelo patrocínio das camisetas dos romeiros.
Finalizando, o secretário, destacou a intenção da prefeitura de revitalizar a Estação do Cipó. Reafirmando sua satisfação e alegria com a participação de todos, reconheceu, em entrevista ao ET, que faltou divulgação da procissão para a Gruta.
“- Faltou divulgação, as pessoas pensaram que ela iria acontecer na véspera da festa e ela aconteceu quatro dias antes, mas a participação foi muito boa, linda. Na procissão fluvial tivemos uma participação maior de barcos, foi boa e agora a tendência é firmar a festa. De minha parte estou plenamente satisfeito, realizado”, avaliou.
O prefeito Wesley De Santi de Melo, avaliando a festa, recordou a entrega da imagem fac-simile, em Aparecida, à cidade. “No Brasil, existem três imagens fac-símile de Nossa Senhora Aparecida e uma delas está aqui. Para Sacramento, terra de padre Victor Coelho de Almeida, é uma bênção e temos que fazer justiça a essa imagem. A festa veio e vai se enraizar e se concretizar de forma definitiva , se Deus quiser. E com Nossa Senhora abençoando será uma festa eterna”, disse. O prefeito falou também da aquisição da área de 30.000 m², frontal à estação. “Adquirimos a área em frente á estação para a urbanização do local, para que possamos construir a capela, que ela merece. Estou feliz com a realização dessa segunda festa”, afirmou.
O missionário redendorista, Pe. Dionísio Foltran Zamuner, radicado em Paramaribo (Guiana Holandesa), participou com alegria da procissão fluvial. “Foi com alegria que participei dessa procissão fluvial, tendo à frente a imagem de Nossa Senhora Aparecida, ela que é sempre o caminho na nossa vida para Deus. Outra alegria grande foi ver tanta gente de outras cidades representando nosso povo brasileiro celebrando a Mãe Aparecida’, disse.’.
Lucília Borges, 92, participou da missa campal na Estação do Cipó, pela segunda vez, e se declarou muito feliz. “Completei 92 anos no dia 14, no ano passado rezei aqui e agradeci pelos meus 91 anos e este ano voltei para os 92 anos e vou continuar todos os anos. Sinto-me muito feliz por estar aqui”, confessou sorridente.