Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Peregrino termina promessa de 18 anos

Edição nº 1177 - 30 Outubro 2009

Antônio Pereira, 64, natural de Rondônia (RO), é um peregrino de Nossa Senhora Aparecida que há 19 anos vem andando pelo país a fora, passando inclusive por alguns países vizinhos, para pagar uma promessa que começou em 1990, quando tinha 45 anos. “Andar com Nossa Senhora é minha devoção. Eu adoeci com câncer. Fiquei oito meses internado em Porto Velho e um dia os médicos avisaram pra família me lavar pra morrer em casa. Disseram que eu não tinha cura, que não podiam fazer mais nada. Eu perdi a visão. Em casa, eu  quis ajudar a mulher, fazendo alguma coisinha, um dia fui buscar uns gravetos e, ao atravessar a  linha do trem, fui atropelado e teria que cortar a perna. Foi quando aconteceu um milagre em minha ávida”, conta. 

Segundo Pereira, o pedido feito à Nossa Senhora foi escrito pela esposa. “Minha mulher escreveu o que eu pedi: 'Eu andaria 18 anos a pé, pedindo esmola, se levantasse daquela cama e voltasse a enxergar'. Minha promessa era pra andar até 2009, sem aceitar nenhuma ajuda da família', disse, narrando a primeira visão que teve da santinha:

 “Eu estava internado no hospital Central de Porto Velho. Em frente a meu quarto, havia um velório e  uma capela. Minha mulher saiu, fiquei sozinho e ao tentar pegar a caneca d´ água,  caí da cama, e, no chão alcancei a caneca quando olhei, vi na água da caneca a imagem de Nossa Senhora.  Depois comecei a vomitar e melhorei, acho que foi um milagre, porque daí pra frente os médicos fizeram exames e eu não tinha nada”, revelou. 

Segundo Antônio, depois de um tempo, já curado, saiu pra pagar a promessa. “Saí para minha peregrinação com uma autorização assinada por  minha mulher,  meus filhos e padre Antônio. Parti no dia 15 de janeiro de 1991, às 17h30, de Porto Velho, rumo à Basílica Nacional, onde entrei no dia 27 de março de 2009, às 12h35. Fiz o trajeto da capela antiga à basílica de joelhos e subi  a rampa durante 2h40.  Ali vi Nossa Senhora mais uma vez. A mesma mulher  que vi em Porto Velho estava  dentro da basílica, ao lado da Nossa Senhora. O repórter da TV Aparecida não via, mas eu estava vendo, as duas”, contou.

Antônio diz que percorreu 25 mil Km a pé nesses 19 anos, passou por 527 cidades, seis estados (Acre, uma parte do Paraguai, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais e São Paulo). Gastou 66 pares de tênis, 31 bonés, 24 mochilas e foi  vítima de 22 tentativas de assalto. “Digo tentativas, porque nunca conseguiram levar o dinheirinho que eu carregava, porque eu pedia o necessário para a  viagem. Cheguei na terra da padroeira do Brasil são e salvo, curado, não teve estrada que me impedisse. Hoje estou curado, tenho saúde, que é a maior riqueza do mundo, junto com minha mãe Aparecida”.  

Diz Antônio que a imagenzinha de plástico que carrega pertenceu à sua avó. “Essa imagem vai passando na família, meu pai faleceu e a imagem passou para mim. Minha trajetória a pé terminou no dia que cheguei a Aparecida. Agora viajo de ônibus, passei por aqui, vou para Araxá e dali pra Uberlândia de onde tem um ônibus direto para Rondônia. Volto pra minha terra depois de 19 anos.”

Antônio é casado com Hilda Rodrigues Pereira, com quem tem um casal de gêmeos, José Carlos, advogado, e Cristiane, professora. Antonio diz que tem parte na fazenda São José, de 500 hectares, herança do pai para os 15 filhos.

Antes de embarcar, Antônio, que foi acolhido por padre Valmir Ribeiro, na Igreja Matriz, diz, agradecendo, que conheceu 619 padres que o ajudaram na peregrinação. Recebi ajuda de 31.910 pessoas ou comunidades. Ontem (28/10) eu estava com R$ 28,00 e aos poucos estou arrecadando o dinheiro para a viagem: R$ 310,00. Hoje, às 18h30 desse dia 25, parto para Rondônia”, afirmou, informando  o tempo que a  imagenzinha passou de mão em mão das pessoas que o cercavam dentro da Igreja Matriz.  “Faz 18 minutos e 16 segundos que a imagem está passando nas mãos de vocês”.