A diretora Guatabira Maria Alves, da EE Tancredo Neves, a primeira a se manifestar com uma polidez a toda prova, informou à população das inúmeras tentativas para falar com o prefeito, porém sem êxito. Defendeu a qualidade de sua escola, apresentou dados, resultados de avaliações realizadas como o Simave e a prova Brasil. “Mas por uma questão de ética, que toda pessoa deve ter, não divulgarei nomes, mas os dados estão à disposição na escola para quem quiser ver e comparar, inclusive com as escolas da rede municipal. Os números referentes à avaliação recente demonstram que o aproveitamento da Escola Tancredo é melhor do que o de algumas escolas, inclusive municipais”, respondeu.
A diretora lamentou a falta de diálogo com a administração. “Continuamos acreditando que as questões se resolvem com o diálogo e a diplomacia”, disse, esclarecendo que a manifestação pública é um direito assegurado na Constituição e deixou claro que ninguém foi obrigado a participar, só o fizeram aqueles que tinham autorização assinada pelos pais.
Segundo o presidente do SindUTE local, Carlos Henrique de Oliveira, “caso aconteça a municipalização de uma escola em Sacramento, com certeza outras correm grande risco de fechar. A decisão de passeata foi tirada democraticamente em assembléia com participação de mais de 100 professores serviçais e secretários”, afirmou.
Carlos Alberto Cerchi, embasado em lei e nos direitos constitucionais, disse que a passeata demonstra o alto grau de politização da população, pois a cidadania é um dos princípios básicos da Constituição Brasileira. “A cidadania está assegurada nos direitos universais do homem. O regime democrático subtende a participação popular. O aluno foi preparado, para ele foi explicado o que significa uma participação popular e o que é municipalização. Os alunos que foram, estavam conscientes do que estavam fazendo. Ninguém foi obrigado, nem professores, tanto que, alguns permaneceram dentro das escolas”, disse.
Contrariando as palavras do prefeito Joaquim, quando afirmou pela rádio que 'gastou tanto com educação em seu governo', Cerchi lembrou ao prefeito que não há gasto com Educação, há, na verdade, investimento”. Afirmou mais o professor que investimento não é favor, é um direito constitucional do cidadão, portanto, previsto em Lei. “Tudo o que se faz para a comunidade é por obrigação do político e por direito do cidadão, não é favor, todos são pagadores de impostos e têm seus direitos assegurados”, frisou.
Berto falou ainda dos malefícios que uma municipalização pode trazer para o município, dando como exemplo a vizinha cidade de Conquista. Afirmou categórico o professor: “Educação não é aplicação de repasse financeiro, é muito mais que isso, é desenvolvimento, e o desenvolvimento, passa pela comunidade escolar”.
Sobre a afirmativa do prefeito de que a passeata foi conduzida por meia dúzia de professores que só querem receber seus salários. Carlos Alberto Cerchi elogiou o trabalho desenvolvido pelas escolas da cidade, os projetos que têm envolvido inclusive a comunidade. “A escola hoje tem por objetivo formar o aluno para a vida, para a cidadania, por isso passeata é uma forma de ensinar, de dar aula de civismo”.
Uma comissão de professores e membros do SindUTE estarão em Belo Horizonte dia 5 de dezembro, em audiência com a secretária de Estado da Educação, Vanessa Guimarães.