O prefeito Joaquim Rosa Pinheiro afirmou na reunião que o ex-prefeito Nobuhiro Karashima havia desistido de prosseguir com o projeto Cajuru II. Lendo alguns excertos de um ofício, afirmou que o ex-secretário de Planejamento, Cristiano Ribeiro da Silva, teria enviado à Caixa Econômica Federal, em Brasília, uma carta desistindo da construção das casas do Cajuru II. "O documento está aqui protocolado no dia 11 de setembro de 2004, assinado pelo Sr. Cristiano Ribeiro da Silva, Secretário de Planejamento do governo anterior. Ele pergunta se a prefeitura de Sacramento sofrerá alguma punição se optar por rescindir o contrato?", leu.
"E aqui, temos a resposta, enviada em 27 de setembro de 2004 pela Caixa prosseguiu o prefeito, tomando nas mãos outro ofício - "... esta poderá ser detratada, não existindo punição ao parceiro, exceto ao acúmulo da taxa de administração, junto com a taxa de frustração aos valores que deverão retornar ao tesouro nacional, no valor de R$ 77 mil. Cristiano não respondeu à Caixa Econômica, não pagou os R$ 77 mil, nem prestou contas...", afirmou Joaquim.
Na reunião realizada com os futuros moradores do Residencial Cajuru II, o prefeito Joaquim fez ainda muitas outras declarações, acusando “outras pessoas”, criticando o gerente da Caixa, “que não sabe de nada”e desafiando os moradores para mostrar o contrato que haviam assinado.
Veja o resumo:
Obras inacabadas
"O prefeito que não termina obra de outro governo é um prefeito atrasado. Agora, o prefeito que mente é mais atrasado ainda. E aqui com a gente não temos mentira, não. Não temos vergonha de falar na rádio, televisão, pra vocês, na rua, nos jornais, não".
Imprensa e vereadores
"Tem gente que fala: ah, vamos falar nas rádios, nos jornais... Mas nós não vamos agir por pressão de imprensa, de moradores, de presidente de bairro, de vereadores. Nós vamos agir por pressão da nossa consciência. Porque, quem vai defender as causas de vocês somos nós, vereadores e prefeitos. Ou vocês pensam que são os jornais, a televisão, as rádios que vão pagar aluguel ou colocar alguma coisa de comer dentro das casas de vocês?
Tom intimidador
"Não sou prefeito a primeira vez, não. E não sou homem de me intimidar com notícias de rádio, de jornal e nem pressão de vereadores", anunciou Joaquim em tom agressivo e desafiou: "Eu queria que alguém levantasse o dedo aqui, se alguém colocou algum tijolo lá. Ninguém levantou o dedo, portanto lá está fechado, não é pra que vocês não entrem, não, é para que vândalos não vão lá estragar as casa de vocês, não vão carregar o que é de vocês, roubar o que é de vocês, que foi comprado com dinheiro suado".
Elogio ao vereador Alex
O" vereador que for lá na porta da casa de vocês, falar, sem mostrar documentos, está mentindo. E eu tenho a certeza de que o Alex, não fez isso, e não tem sido omisso. A Câmara Municipal de Sacramento tem todas as informações, se quiser prestar esclarecimentos sobre o que o prefeito está fazendo, a Câmara tem condições.
Casa sem garagem
E voltando ao ataque, disse mais Joaquim. "Ah, mas na casa não se pode fazer garagem, a cozinha está na frente. As casas estão muito próximas, a cozinha na frente...", disse, em tom irônico, repetindo as críticas feitas pelos mutuários. Respondeu: "A casa está distante do muro três metros e meio. Do muro até à casa tem 3,5 metros; do muro na lateral tem mais 3,5 m e 2,25 aqui. Olhe aqui, na parte da frente(mostrando no mapa) não dá pra fazer uma garagem? Olha a diferença aqui, 2,25, na parte da frente, a cozinha está aqui"
Pelo amor de Deus, gente...
Primeiro, vamos morar, depois vamos fazer a garagem, gente. Eu morei em fazenda, era casa de chão. Eu tenho certeza de que alguns de vocês também já moraram. Vocês estão querendo melhorar. Mas antes de ter garagem eu queria ter moradia, cobertura. Ah, a cozinha é na parte da frente, ó, isso é um absurdo. Vocês estão ganhando uma casa, será que é justo exigir que a administração pública, que vem lutando aí, que faça uma cozinha do lado de lá? Encarece a questão do esgoto, encarece a questão do encanamento. Será que é justo?", perguntou.
Gerente da CEF não sabia de nada
"Ah, a Caixa não sabia? Quem não sabia era o gerente, que veio para Sacramento há dois dias, três dias, né Francisco?", afirmou, pedindo o assentimento do engenheiro, Francisco, que participava da reunião e criticando o atual gerente da CEF, Ludson Machado, que está em Sacramento há sete meses."Ele não sabia do processo, porque o processo, não é corrido aqui. O processo é de Brasília e Uberlândia. Não tô aqui crucificando ele, não. É uma boa pessoa. Mas ele não tem... Não sabia, porque as coisas na estão acontecendo em Sacramento, na CEF. A coisa está acontecendo em Brasília e Uberlândia".
90% aprovou mudança
Contrariando uma lista coordenada pela presidenta da Associação do bairro, Isabel Cristina Pansani, que mostrou a este jornal um abaixo-assinado com apenas 72 pessoas, das 142 inscritas que assinaram o contrato com a Caixa, o prefeito Joaquim disse que 90% dos futuros moradores estão satisfeitos com a nova metragem da casa. "A respeito de fofocas que falam por aí, do disse-que-disse, que se criou, nos últimos dias, a dona Izabel tem um documento, ó, 90% de assinaturas, dando aceite das mudanças das casas. Todos vocês que assinaram, vocês querem as casas com um metro a mais, um metro a menos, ninguém vai preocupar com isso, não", disse o prefeito, que, na verdade, reduziu 12 m2 do projeto iniciado pelo ex-prefeito Biro.
Desagregação
Por fim, o prefeito Joaquim, sem citar nomes, acusou "outras pessoas" por fomentar a desunião no bairro. "Quem está preocupado com essa política de desagregação são outras pessoas, que vocês sabem muito bem. Agora, que estamos incomodando estamos, porque estamos com 17 obras para serem iniciadas", afirmou, enumerando as obras nas escolas rurais, Santa Casa, nos bairros e outras ações da administração, já num tom mais ameno. Por fim, falou também do plano diretor lançado no início da semana, explicando a sua importância no crescimento da cidade.
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