Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Separação de casal quase termina em tragédia

Edição n° 1256 - 06 Maio 2011

A separação do casal Yuri Alves de Campos Araújo,  25, e Márcia da Conceição Assis,  28,   por pouco não acaba em tragédia, mas o saldo não foi nada positivo: casa, móveis e roupas destruídas pelo fogo, Yuri ferido e Márcia  presa. Tudo aconteceu na segunda-feira, 2, por volta das 14h30. 

De acordo com Yuri, ele e Márcia estavam juntos há quatro anos, mas na mesma casa há um ano e sete meses, até que um dia não deu mais certo e separaram. “Ela saiu de casa, mas ficou com a chave. Havia algumas coisas dela aqui. Eu vinha pedindo pra ela levar o que era dela, mas ela não tomava providência. E virava, mexia ela estava aqui. Ela entrava a hora que queria. Dei um ultimato pra ela pegar as coisas e não voltar mais, aí, ela propôs voltar. Eu deixei claro que não queria nada e que ela podia pegar tudo da casa e levar embora. Disse-lhe que não queria nada. A casa é minha, ela veio pra cá, com a condição de que se não desse certo, separaríamos.  E hoje, estava no trabalho, quando me ligaram que ela estava aqui botando fogo na casa”, explica. 

Quem chamou Yuri no trabalho foi uma vizinha,  V.F.,  ao ver muita fumaça por cima do muro. “Eu vi muita fumaça, olhei por cima do muro e vi roupas queimando no quintal, aí liguei para o Yuri. Ele chegou e eu escutei os gritos dela, dizendo:  'É hoje que você vai morrer, nós dois vamos morrer'. E  ele falava: 'Não faz isso, não faz isso' e foi aquela barulheira de coisas quebrando. E ele pedindo: 'Não faz isso, não faz isso'. De repente, começou o  fogo na casa, eu peguei a mangueira e comecei a jogar água por cima do muro e liguei pra Polícia. Aliás, liguei duas vezes, o irmão dele ligou mais de uma vez e o próprio Yuri ligou quando saiu pela janela, a polícia demorou demais”, explica V. 

Yuri diz que logo que recebeu o telefonema, seguiu para  casa. “Quando eu entrei em casa,  ela disse que ia me matar e trancou a porta. Ela estava com um facão tipo podão, e partiu pra cima de mim. Eu protegia o rosto com um braço e tentava tomar a arma dela, por isso fiquei ferido no braço, quando peguei a arma, houve o corte no dedo. Aí,  ela pegou gasolina e  começou a jogar na casa e tocando fogo em tudo.  Como  a veneziana estava amarrada, arrebentei tudo com o podão e pulei a janela pra não morrer queimado”, conta.

Prossegue, afirmando que quebrou o vidro do carro para retirá-lo do pátio da casa, próximo ao fogo. “Meu carro estava muito próximo da casa. Não tinha chave, quebrei o vidro com um soco,  desengatei e sai de ré, parando atravessado na rua”, diz ainda segurando a receita e o atestado médico,  mostrando o braço enfaixado, a roupa suja de sangue e a destruição na casa: sofás, TV, cama de casal, guarda-roupa, fogão, tudo destruído pelo fogo, além de parte do telhado e paredes rachadas. Apenas um quarto com duas camas de solteiro e um guarda-roupa  não foi atingido pelo fogo. 

De acordo com Yuri, a PM chegou e conseguiu tirar a geladeira, a máquina de lavar roupas e o botijão de gás. Um caminhão pipa da Prefeitura chegou  com a água, mas já era tarde, praticamente tudo estava destruído. “Márcia pegou  minhas roupas com cabide e tudo, levou pra fora e tocou álcool e fogo, foi quando a vizinha me ligou”, explica, ainda muito abalado e desolado com a destruição.

“- Tudo novo, novinho, comprei essa casa e pago as prestações há mais de cinco anos e agora isso, não sei como vou fazer. A documentação da casa queimou toda... A roupa que tenho é essa do meu corpo, mesmo assim não tenho camisa. É numa hora dessas que a pessoas faz uma bobeira, mas Deus me iluminou...”, diz,  envolto num casaco dado por alguma pessoa vizinha. 

 A mãe de Yuri, dona Sueli, que chegava do trabalho era só lágrimas. “Eu vinha chegando da cidade, quando vi o carro atravessado na rua, vidros quebrados, fumaça, polícia, pensei o pior, mas Yuri já tinha sido levado para o hospital”. 

De acordo com os vizinhos, Yuri é um rapaz trabalhador, responsável , educado, amigo. “Ele não merecia isso, é muito trabalhador quantos jovens da idade dele têm uma casa, móveis, carro?... Ele é muito bom...”, solidarizam. 

 

Márcia é autuada por homicídio tentado

 

Márcia Conceição Assis, 28, presa por colocar fogo na casa de Yuri Alves de Campos Araújo, na rua Argila, 659, foi ouvida pelo delegado Rafael Jorge, que estava de plantão, e confessou ter colocado fogo na casa e a intenção era a de morrerem os dois. “Tranquei a casa para nós dois ficarmos lá dentro. Queria que nós dois morrêssemos”. Márcia nega ter agredido Yuri com um facão, diz que ele se cortou sozinho ao tentar abrir a janela.  Márcia disse mais: “Eu queria mostrar pra ele que a vida não é só bem material, eu não sou lixo pra ser tratada como ele estava me tratando”, 

Declarou que conviveu com Yuri aproximadamente um ano e três meses, sem contar os três anos de namoro e, reassumindo a culpa afirmou: “Eu queria por fogo na casa pra ele ver, eu tranquei a porta pra nós conversarmos. Primeiro, eu quis conversar e depois pus fogo na casa”. Disse que pegou gasolina no carro de Yuri. Declarou ainda que pôs fogo nas roupas da vítima do lado de fora de casa e conclui reafirmando: “Eu  fiz isso pra ele entender  que a vida não é bem material, não precisava ele fazer nada disso pra me largar, eu fui humilhada demais”. 

De acordo com o delegado César Felipe Colombari, Márcia foi autuada em flagrante por homicídio tentado. “Ela continua presa, já foram feitos os laudos comprovando tudo, o inquérito vai ser concluído nos próximos dias e ela deve ser indiciada por homicídio tentado. Tudo leva a crer  que ela quis matar o ex-companheiro em decorrência da separação que ela não aceitou. Ela afirma várias vezes que fez isso pra ele aprender a dar valor às pessoas”.