Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Ricardo Cordeiro morre atropelado em rodovia paulista

Edição n° 1261 - 10 Junho 2011

 

Sacramento está mais uma vez de luto, desta vez pela morte do médico Ricardo Rezende Cordeiro, 60, vítima de atropelamento, na rodovia Washington Luis (SP-310), na manhã dessa terça-feira, 7. Cumprindo um hábito diário, Ricardo pedalava sozinho no acostamento da rodovia. Estava  equipado com roupa especial e capacete, quando foi atingido por um caminhão Renault, de porte pequeno, mas que foi fatal. 

De acordo com a polícia rodoviária daquela região, o amassado na parte frontal direita, na altura do parabrisa, mostra que Ricardo bateu a cabeça antes de ser arremessado longe, apesar de usar os equipamentos de proteção. O médico sacramentano, residente em Araraquara desde 1984, morreu no local, apesar dos esforços envidados pelos bombeiros e socorristas do Serviço de atendimento Móvel de Urgência.  

Não houve testemunhas. A única versão apresentada à Polícia foi dada pelo motorista do caminhão. "Eu estava vindo e vi o ciclista. De repente, ele deu uma saída para o lado da pista e, quando eu vi, já havia batido. Não deu para fazer nada", disse Nelson Casoni, contrariando a opinião do guarda que fez o B.O. do acidente. 

Conforme a polícia, marcas no asfalto mostram que o caminhão de transporte de artesanatos, que saiu de Matão com destino a São Carlos, tentou frear. O médico bateu com a cabeça no vidro dianteiro do veículo, lado direito, que acabou quebrado pela força do impacto, e foi arremessado longe.

"- A causa do acidente ainda demanda uma investigação e participação da perícia, mas tudo indica que houve a colisão no acostamento", opinou o capitão Márcio Rogério Simplício, comandante da 1ª Companhia de Policiamento Rodoviário. O caminhão também ficou danificado. A bicicleta especial, usada em competições esportivas de alto rendimento, ficou amassada.

Araraquara contabiliza, só neste ano, 17 mortes no trânsito; quatro só nesta semana.

Médico, radicado em Araraquara (SP), Ricardo foi velado naquela cidade e seu corpo foi trasladado para Sacramento, à noite. Velado por familiares e amigos, Ricardo foi sepultado às 9h00 da manhã, após as exéquias proferidas pelo pároco, Pe. Valmir Ribeiro. 

 

Ricardo, o médico atleta

 

 

Ricardo Rezende Cordeiro (foto) 60 anos, completos em 12 de maio,  é sacramentano, o filho mais velho de Jorge Fidelis Cordeiro e Amália Rezende Cordeiro e aqui cresceu ao lado dos irmãos, Beatriz e Jorge Luiz, dos amigos, entre peladas na rua e pedaladas na primeira bicicleta, uma Monark,  que ganhou com um álbum de figurinhas  da Copa de 1958. E ela durou muitos anos, durou para sempre, na sua memória conforme recordou numa entrevista ao ET, em junho de 2010. 

Sempre que chegava para as férias, pois estudou em Sacramento só até a 8ª série, o ensino médio já  foi em Araraquara, mas sempre que vinha a bicicleta estava lá. Com ela, ia nadar na Terceira Ponte, ia à Gruta dos Palhares, aos jogos do Atlético. Depois já universitário, abandou a bike e foi dedicar-se ao futebol em Ribeirão Preto, onde cursava Medicina. 

Desgostoso com as brigas que via nos jogos de futebol, abandonou-o também e foi dedicar-se ao tênis, mas a atividade durou pouco, assim como a corrida. Ricardo sabia que seu esporte era o ciclismo, mas foi através da conversa com um cliente que resolveu  e comprou a sua primeira Caloi 10 para pedalar com amigos. Enturmou, aprimorou o gosto e não parou mais. 

Foram quase 20 anos de ciclismo. Nesse tempo percorreu longos caminhos no Brasil e nos exterior. No Brasil destacam-se  o Caminho da Fé, até Aparecida do Norte, com mais de  500 km, viagem a Ouro Preto para o Iron Biker; no exterior, o Caminho de Santiago da Compostela, durante 12 dias. Depois, na Espanha e Argentina e a viagem à Patagônia, entre o Chile e Argentina, na Cordilheira dos Andes e, tantas outras aventuras, alternadas entre a vida de renomado médico dermatologista na Clínica da Pele, que mantinha  em sociedade na cidade de Araraquara, onde residia desde 1984.   

Em Araraquara, Ricardo constituiu família e conquistou amigos, que o definem como  “um ciclista prudente e apaixonado, tanto por moto quanto pela bicicleta. Usava equipamentos profissionais, e tinha prazer em pedalar”, dizem e destacam: “Se o acidente não o tivesse impedido, ele colocaria em prática um sonho ainda mais ousado: a mesma distância percorrida com medalha de prata, aos 70 anos, e de ouro, aos 80 anos”.

Ricardo deixa a esposa Rita Loyola e os filhos, a fisioterapeuta Tânia e o médico Daniel.