Seis jovens, vítimas afetadas, por um gás exalado no salão de baile do Pacheco's Buffet, possivelmente, 'Spray de pimenta', durante o Carnasacra, no último sábado, 16, estiveram na redação do ET, fazendo publicamente a denúncia e pedindo providências às autoridades e cobrando maior segurança no local.
Narraram os jovens que, por volta das 2h30, no canto direito baixo, de quem entra no salão, logo abaixo do camarote que funciona no mezanino, começaram a sentir os efeitos do gás. “O primeiro sintoma foi falta de ar, como se estivesse sufocado, uma falta de ar total, a garganta começou a queimar e querendo fechar, muita tosse e ardência incomum nos olhos, que lacrimejavam, muitos com ânsia de vômito”, queixaram-se.
Afirmaram que os mais alérgicos chegaram a tossir sangue. Um professor levou a filha ao hospital. Mas como os médicos não realizam mais o exame de corpo de delito, não houve como constatar a materialidade do crime, nem punir o possível, ou possíveis autores.
Segundo os jovens, o gás é inodor e invisível. “Não tem fumaça, não tem cheiro, apenas os sintomas aparecem, como se estivéssemos sendo envenenados. A única alternativa de todas as pessoas que estavam ali naquele setor, e que foram afetadas, foi correr para fora do salão em busca de ar. Foi terrível. Ainda, ao dormir, sentíamos os efeitos, tendo que acordar e beber água”, contaram mais.
O vocalista da banda 'De corpo inteiro'chegou a denunciar que haviam jogado gás de pimenta no salão. Também uma das funcionárias contratadas que estava em um dos caixas se queixou do problema, que durou aproximadamente 30 minutos, segundo os jovens.
Depois de fazerem a denúncia, os jovens lamentaram o incidente. “É lamentável tudo isso. A gente trabalha a semana toda. Temos um final de semana com um evento diferente. Saímos para nos divertir, sadiamente, e acontece isso. Queremos mais segurança. Se foi uma brincadeira, foi de muito mau gosto, criminosa. Poderia haver um tumulto. Já pensou, todo mundo correndo, alguém cai, é pisoteado. E daí? Quem é o culpado ou culpada?” – denunciam revoltados.
Boletim de ocorrência
Segundo o registro de ocorrência, ao chegar ao local, a PM deparou com várias pessoas saindo do salão, com uma das vítimas informando que “estava no salão e começou a ter dificuldades para respirar e começou a tossir e notou que havia outras pessoas com os mesmos sintomas”.
O B.O. prossegue afirmando, ao procurar saber o que havia acontecido, a PM foi informada de que alguém havia utilizado spray de pimenta no interior do salão”. Diz ainda o BO, que outra vítima foi conduzida ao pronto socorro por familiares. A PM encontrou nas proximidades do salão, outra vítima caindo na via pública, passando mal. A PM acionou a ambulância, mas a vítima também foi levada ao PS por familiares.
Outra testemunha disse à PM – narra o B.O. - que viu quando um indivíduo “baixo, de óculos, gordinho” lançou o spray de pimenta no meio do salão. A PM entrou em contato com a chefe dos seguranças do local, Edson Marques da Silva, para saber se eles haviam utilizado spray de pimenta no interior do salão e ele informou que quem havia praticado a ação fora um agente penitenciário de nome Elton, que não foi localizado.
Procurado pelo jornal, o diretor do presídio, Aparecido Alves Galdino, informou que vai tomar as medidas necessárias para o caso e, se si ficar comprovada a ação do agente, ele terá a punição pertinente.
O que é o spray de pimenta
O spray de pimenta é considerado arma química não letal, mas não é permitida a venda desse produto para pessoas físicas ou jurídicas, que não estejam autorizadas pelo Exército Brasileiro, responsável e reguladora de materiais desse tipo.
Em alguns países é permitido para uso pessoal. No Brasil, é autorizado o uso entre as polícias e instituições jurídicas autorizadas pelas Forças Armadas para controle de distúrbios civis ou defesa pessoal.
Se alguém for pego vendendo o produto sem autorização do exército, vai responder pelo crime de contrabando. Caso a pessoa física seja pega portando um spray, o produto será apreendido e um inquérito policial será aberto para apurar como foi adquirido o produto. Se o cidadão usar o spray, ele responderá por lesão corporal.
O que disseram os promotores do evento
Promovido pelas meninas do Catshop, Anninha Carvalho e Melissa Amui, com apoio de Daniel Afonso – Cebolinha, o Carnasacra já é um evento consagrado na cidade e que, anualmente, leva muita gente ao Pacheco's Buffet. Procurados pela reportagem, Daniel respondeu pelo grupo.
“Nesses 14 anos em que realizo eventos na cidade, destes dos últimos 7 anos, apenas um – que é a Festa Fantasia – sempre levei tão a sério não só a diversão do público, como a qualidade dos produtos e serviços oferecidos.
Seria bem mais fácil simplificar uma coisa aqui, outra ali, mas a responsabilidade que tomo com as pessoas que compram seus ingressos é ainda maior e impede que isso aconteça. O objetivo é garantir o melhor! O mesmo acontece com os eventos do Catshop, sempre primando pela qualidade, seja ela no atendimento quanto em proporcionar uma festa com segurança. Durante todos esses anos, nunca se registrou sequer ocorrência neste sentido.
Em todo esse tempo, raras vezes as coisas fugiram às metas estabelecidas. Quando ocorreu esse incidente em específico, nós da organização (repito: Eu, Anninha e Melissa) estávamos do lado de fora do recinto do Pacheco's Buffet, bem ali na bilheteria do Parque de Exposição 'Hugo Rodrigues da Cunha' – local de venda de ingressos na hora do evento. Estávamos realizando o fechamento das últimas contas, como por exemplo, do pagamento dos 20 seguranças contratados que teríamos que acertar até o último minuto do horário previsto.
Quando adentramos ao salão, fomos informados sobre o acontecido. Imediatamente, Melissa acionou a Polícia Militar e fez o boletim de ocorrência. Se há suspeitas ou não, entregamos o caso para a polícia. Sentimo-nos extremamente chateados com a situação, pois foram meses de muita organização e divulgação, onde a principal meta era tentar trazer mais de opção para os jovens da cidade.
Hoje, a maior preocupação nas ruas é a violência. Nas boates, nos bares, a diversão sempre pode acabar, se não houver, além da consciência de cada um, a preocupação dos promotores do evento em trazer uma equipe séria de segurança.
Sobre o fato, as devidas providências encontram-se no momento nas mãos da Polícia Civil. Esperamos que fizessem valer a nossa insatisfação em ainda ter pessoas regadas de inveja ou até mesmo de utilizar a sua artimanha de boicotar a alegria de quem está ali dançando e curtindo o momento”.