O professor Genildo Batista de Oliveira, 39, autor de homicídio tentado contra o sargento da PM, Haroldo Antônio Rodrigues, que culminou na morte de Euripedina Maria da Silva, na manhã do dia 11 último, prestou depoimento ao delegado Cezar Felipe Colombari da Silva, na quarta-feira, 19.
Acompanhado pela advogada Claudia Gonçalves dos Santos, Genildo declarou que após a descoberta do envolvimento de sua mulher com Haroldo, procurou o policial e pediu para que se afastasse de sua família e que decidiu, após, procurar conselhos religiosos e psicológico, com o fim de manter o casamento, mas que Haroldo sempre que o via o provocava: “tipo assédio, chegando perto, empurrando”.
O professor declarou que estava vivendo bem com a esposa, mas as provocações continuavam. Disse que chegou a ir embora do carnaval por provocação de Haroldo e que, na festa do Oba Oba também foi embora, porque o policial o estava provocando. Confirmou a denúncia feita pelo próprio Haroldo em seu depoimento, que naquela festa teve a intenção de matá-lo.
Confessou Genildo que “foi até o carro, em frente ao salão do Pacheco e pegou uma faca para matar Haroldo. Mas quando ia entrando no salão, os amigos o impediram”. Narrou também que Haroldo sempre ligava para sua casa, que a pessoa do outro lado da linha na conversava, mas que sabia que era ele que estava ligando.
Outra declaração de Genildo feita ao delegado foi a de que Haroldo, quando o via segurava a arma, para mostrar que estava armado.
Falando do dia do fato, Genildo disse que voltava da padaria pela rua Joaquim Murtinho, por volta das 7h30, quando viu Haroldo na calçada da mesma pista em que trafegava. Ao avistá-lo, percebeu que Haroldo pegou a pochete e lhe mostrou a arma. “Daí fiquei cego e joguei o carro em cima dele. Eu fiquei louco”, confessou, acrescentando que, como não havia atingindo o policial, resolveu dar a volta, virando o carro antes da rotatória e retornando.
“- Eu estava cego de raiva – prosseguiu narrando - daí eu não vi mais nada e ninguém. Joguei o carro e bati, daí eu saí do carro e desmaiei”. Genildo reafirmou que naquele momento não viu ninguém, além de Haroldo, que não viu dona Euripedina e que queria era matar o Haroldo. Genildo finaliza o depoimento afirmando: “Fiz uma lambança na minha vida, estou extremamente arrependido, estraguei muitas vidas”.
Esposa presta depoimento
R.M.S., esposa de Genildo, também prestou depoimento, na tarde de quarta-feira, 19, ao lado da advogada Cláudia Santos. Negou alguns aspectos do relacionamento entre ela e Haroldo, mas confirmou o que Genildo já havia dito em relação às provocações. R disse que acredita que Haroldo ligava para sua casa para provocar Genildo, que a pessoa que ligava ficava quieta, calada e usava um número não identificado.
R. confirmou a história do carnaval, afirmando que ela e Genildo foram embora do Carnaval porque Haroldo “ficava passando e fazendo gracinhas”. E que Genildo começou a ficar nervoso e ela o chamou para ir embora. Prosseguiu afirmando que, uma vez, Genildo lhe disse que Haroldo colocou a mão no bolso, demonstrando que estava armado.
Outra confirmação feita pela esposa é a de que na festa do Oba Oba, “Haroldo ficava sempre passando perto da gente, mexendo com a gente, daí o Genildo ficou nervoso e fomos embora. Mas no carro, ele pegou uma faca e tentou entrar na festa pra matar Haroldo. Meus amigos não deixaram 'ele' entrar.
R. disse ainda no seu depoimento que algumas vezes, Genildo disse que só teria sossego, quando matasse Haroldo e que dizia: “Seria melhor pra nós ter sossego, que Haroldo fosse transferido da cidade”. Afirmou mais que seu filho, de 17 anos, reclamou que Haroldo o estava provocando: “passando e esbarrando”, mas que Genildo não tomou conhecimento dessas provocações.
Sobre o marido, R. afirmou que Genildo é ótima pessoa, que nunca a agrediu nem aos filhos e não sabia se Haroldo chegou a provocar a filha de 13 anos, mas que a filha, por duas vezes, disse ter visto Haroldo em frente à casa deles.
Finalizou afirmando que, sobre os fatos ocorridos do dia 11, Genildo saiu para ir à padaria e que quando ela tomou Genildo já estava preso.
Delegado conclui inquérito até segunda-feira
O delegado Cezar Felipe Colombari está concluindo o inquérito, que terá apenas uma alteração. Depois de ouvir Genildo e sua esposa, retirou a qualificação de 'motivo fútil'. “A polícia civil, na fase de encerramento das investigações, oitiva de várias testemunhas, chegou à conclusão de que o homicídio tentado contra o sargento Haroldo não foi por motivo fútil, uma vez que ficou comprovado que Genildo vinha sendo provocado pela vítima, o que o teria levado a essa atitude impensada”.
Mas ratificou suas declarações anteriores ao ET. “Porém, como o meio de execução dele tornou impossível a defesa da vítima, continua a acusação de homicídio doloso tentado e o mesmo ocorre com a morte de dona Euripedina, classificada como homicídio doloso consumado. Mesmo ele assumindo que não a viu, quando ele volta na rua e joga o carro pra cima do Haroldo pela segunda vez, como representante da Polícia Civil, entendemos que ele assumiu o risco de matar”.
De acordo com o delegado Cezar, as suas conclusões finais alegam que houve dois crimes de homicídio, um tentado e outro consumado, ambos dolosos, um direto e outro eventual. “O fato de Genildo voltar é como o fato da faca, se a pessoa estiver com uma faca e alguém a provoca, essa pessoa tira a faca e reage, a conduta é imediata e existem várias teses jurídicas pra se defender. Mas se o autor vai até o carro, pega a faca e volta ou dá uma volta com o carro e retorna, os intérpretes do Direito entendem que nesse momento a pessoa já está voltando à serenidade, à calma e que repensaria a conduta, o 'apagão' já passou. Se Genildo foi e voltou, fica difícil pra polícia civil sustentar que ele não sabia o que estava fazendo, até porque conseguiu faze uma manobra como carro...”.
Segundo ainda o delgado foram ouvidas a dona da casa e a proprietária do veiculo danificado, mas nenhuma manifestou interesse em apresentar denúncia contra Genildo.