Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Armeiro confirma que consertava arma até prá policiais

Edição n° 1250 - 25 Março 2011

O armeiro Lindomar de Oliveira apresentou-se ao delegado Cezar Felipe Colombari da Silva, na última segunda-feira, para prestar depoimento sobre uma operação das polícias Militar e Civil, que culminou na apreensão de 20 armas de fogo, em sua residência (veja box), dia 18 último. No seu depoimento, o armeiro confessou que a própria polícia levava arma para manutenção. 

A esposa, Maria Amélia, presa durante a operação, questionada sobre o material, armas e munições localizadas no interior de sua residência, disse apenas que um revólver Taurus calibre.32 era de sua propriedade, não sabendo informar a procedência das demais armas, munições e materiais encontrados. “Foram apresentados 04 certificados de registro de arma de fogo, porém somente duas são compatíveis com as armas encontradas. Dentre os materiais, havia armas e munições de uso proibido e restrito”, informou o delegado Cezar.

De acordo com o delegado, Lindomar é armeiro, sem antecedentes criminais e trabalhador. “Ele se declarou uma pessoa apaixonada por armas, diz que é colecionador e que entende de armas. Sobre o fato de dois registros de armas não estarem conferindo, ele explicou como foram feitos os registros. 'Os registros foram feitos pelo correio, a PF nem via a arma', contou. Ele informava pelos correios, a numeração da arma, a PF fazia o cadastro e ele recebia o registro pelos correios. Eu não sabia que o registro era feito dessa forma. Qualquer erro na informação, o registro vem errado. De qualquer forma, as armas ficam apreendidas”, disse o delegado Cezar Colombari.

Sobre a procedência das armas, Lindomar informou que há 15 anos Lindomar  trabalha com armas. “Ele diz que algumas armas foram deixadas para arrumar e nunca mais as  pessoas foram buscar. Ele deu o nome de apenas duas pessoas, que agora vão ser averiguadas. Ele é armeiro e enche a boca pra falar que conhece de armas. Ele é apaixonado por armas e diz que não cobrava pelo serviço. A munição, segundo ele, era para uso próprio, ele gostava de atirar”. 

Lindomar confirmou ao delegado, aquilo que a cidade já comentava após a apreensão das armas: de que policiais levavam arma para que ele fizesse manutenção. “O próprio Lindomar  diz que fazia manutenção de armas para policias e agentes penitenciários. Já  está sendo investigado quais os policiais e agentes levavam armas lá pra ele arrumar. O primeiro ponto é saber se eram levadas armas particulares ou do Estado, devidamente registradas para essa manutenção”, disse mais.

O delegado questionou também Lindomar se os policiais sabiam do arsenal que mantinha em casa. “Ele me respondeu que nenhum policial sabia, pois as armas ficavam guardadas no fundo, pois diante dessa situação, o policial não poderia ficar omisso. São duas situações: uma é levar arma para manutenção e ir embora, outra é levar a arma, ver que no local há armas e munições e não agir. Nesse caso é obrigação do policial prendê-lo em flagrante, se não o fez, cometeu crime e infração administrativa de competência da PM”, comentou. 

De acordo com o laudo técnico, quase todas as armas e munições apreendidas são eficientes, isto é, estão em condições de uso, munições de seis calibres diferentes são eficientes e há numerações raspadas. “A situação dele agora é a seguinte: por fugir do flagrante, não apresentar perigo, não ter antecedentes criminais, o fato de ter emprego fixo, a legislação garante que ele fique em liberdade”, explicou Colombari,  não minimizando o êxito da operação. 

“- O êxito da operação, independente de a pessoa ser presa ou não, foi a apreensão das armas, que poderiam cair em mãos erradas, por exemplo, um assalto em sua própria casa. E se a casa dele fosse assaltada e levassem as armas? Esse sim seria um problema. Não apuramos ainda se ele vendia ou trocava armas”, finalizou.

 

MATERIAIS APREENDIDOS

 

47 cartuchos deflagrados cal .12; 23 cartuchos deflagrados cal .28; 80 cartuchos deflagrados cal .38;  27 cartuchos deflagrados cal .32; 12 cartuchos deflagrados cal .36, 10 cartuchos deflagrados cal .32; 04 cartuchos deflagrados cal .44; 50 cartuchos intactos cal .22; 30 cartuchos intactos cal .38; 09 cartuchos intactos cal .44; 01 cartuchos intactos cal .30 traçante; 21 cartuchos intactos cal .32; 8 cartuchos carregados cal. 12; 1 cartucho cal .28; 2 cartuchos carregados cal. 36; 163 espoletas para munição cal .12; 2 formas de madeira para coronha; 2,6 kg de chumbo; 330 gramas de pólvora; apetrechos variados para recarga de cartuchos; 5,4 kg de ponteiras de vários calibres; 2 cintos de porta munições de couro; 2 bolsas  tiracolo cor cinza; 1 baú de madeira; 1 espingarda/escopeta cal .12  boito; 1 espingarda/escopeta cal. 20; 1 espingarda/escopeta cal. 28; 1 espingarda/escopeta cal .28; 1 espingarda/escopeta cal. 32; 1 revólver cal .32 Taurus;  1 revólver cal .22 Rossi; 1 carabina/rifle cal .22 Rossi; 1 espingarda/ escopeta cal .28; 1 carabina/rifle cal .38 Rossi; 1 espingarda/ escopeta cal .20; 1 espingarda/escopeta cal .20; 1 carabina/rifle cal .44; 1 espingarda/escopeta cal .36; 3 espingarda de pressão por ação de mola calibre 4,5 (chumbinho); 7 armas desmontadas em desuso sem marca e numeração; 1 cano de fuzil com símbolo das Forças Armadas cal .30; 1 cano de fuzil cal .30 sem marca; 4 certificados de registro de arma de fogo (Craf).