Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Delegado indicia Fabiana pela morte de Maria José

Edição n° 1193 - 19 Fevereiro 2010

Fabiana Silva Campos, aquela que até então seria a principal testemunha do assassinato de Maria José Rodrigues da Silva, no dia 31, foi indiciada, no inquérito pelo delegado Cezar Felipe Colombari da Silva. 

De férias, o delegado só trabalhou um dia no inquérito. “Eu voltei das férias no último dia do inquérito que, em caso de auto de prisão em flagrante, deve ser concluído em 10 dias. Eu só tinha um dia para atuar no caso. Como achei muito estranho o fato de Fabiana sair da cidade e não acionar a Polícia, então determinei que procedesse quase todas as provas”, disse o delegado, afirmando que ouviu as testemunhas novamente, e Fabiana foi ouvida dois dias antes na presença do promotor José do Egito.  

Segundo Cezar Felipe, depois de coletar alguns laudos já estão prontos pela perícia técnica de Araxá e depois de reunidos todos os elementos, encontrou indícios de que Fabiana teve participação no crime, que não é mais homicídio, mas latrocínio. “A Fabiana Silva Campos não é apenas testemunha, não. Alguns elementos colhidos nos leva à conclusão indiciária de que ela teve participação. O principal deles é que o telefone que supostamente estaria quebrado, impossibilitando-a de ligar para a polícia, aqui dentro da Delegacia ele funcionou normalmente e nele há três ligações que ela fez para o Clemir durante a madrugada, às 4h20, 4h21 e 4h22. Em um deles, ela falou com ele por 50 segundos. Então, aquela declaração de que ele ligou pra ela durante a madrugada pra ameaçá-la caiu por terra. Ela é que entrou em contato com ele. E ela pediu-lhe que ele ligasse no celular dela, como uma forma de ter a chamada dele registrada”, informou. 

No depoimento, dado no dia 18, às 11h22, pedido do Promotor para esclarecimento de novos fatos, Fabiana afirma que Clemir exigiu que ela fosse à rodoviária para pegar um ônibus para Franca. “... culminando com a presença dos envolvidos, Clemir e Fabiana, na rodoviária, em torno das 3h00 ou 3h00, permanecendo ali até às 7h00, horário da saída do ônibus para Uberaba; que a declarante aproveitou-se de um vacilo de Clemir e conseguiu, não soube explicar como, apanhar o ônibus da Gontijo, em vez do da Vera Cruz (...). Não pediu ajuda a policiais de serviço na rodoviária, mesmo estando chorando por sentir medo de Clemir (...)”. 

De acordo com o delegado, esse fatos são suspeitos. “Ela declara que ficou na rodoviária aos prantos, conversando com o vigilante e o que vende passagem. Eles foram ouvidos e ninguém viu nada de anormal naquele dia. Eles conhecem o Clemir e o Cheirinho e dizem que eles não estiveram na rodoviária naquela madrugada. Ninguém viu nada de anormal. Ela foi para Uberaba pela Gontijo e comprou a passagem no ônibus, não foi no guichê. Se ela comprasse no guichê e estivesse chorando, seria identificada. Isso é mais um álibi dela”, ponderou. 

No depoimento, Fabiana afirma que após matar Maria, Clemir revirou o guarda-roupas e subtraiu certa quantia em dinheiro e no quarto pegou mais R$ 1.500,00, que estavam numa caixa da ‘Natura’. Disse ainda que a faca não faz parte dos utensílios domésticos da casa, mas já estava na casa, sob uma caixa de papelão no banheiro, há uma semana. 

Clemir, o principal suspeito, que continua preso, ratificou ao delegado que chegou em casa por volta das 23h30 a meia noite, mas há testemunha que ouviu o portão abrir e fechar entre duas e meia às três da manhã. Sobre o suposto envolvimento com o PCC ou Comando Vermelho, para o delegado, é apenas uma tentativa de tirar o foco da polícia.   “Essa é a conclusão da Policia Civil, pode até haver outros indícios, mas peguei o caso com um dia pra vencer o prazo, a menos que ele fosse solto. Agora o inquérito vai para o Ministério Público, que poderá denunciá-la ou não. Os laudos não estão prontos. No inquérito, ambos foram indiciados por latrocínio, morte seguida de roubo. O filho de Zezé, a vítima, iria pegar cerca de R$ 1.500,00 no dia seguinte à sua morte, para comprar uma piscina para os netos. Quem fez isso sabia que ela tinha esse dinheiro, houve, portanto um latrocínio”. 

A pena para latrocínio varia de 20 a 30 anos de reclusão após júri singular, ou seja, quem julga é o juiz.  “Latrocínio é considerado crime contra o patrimônio, por isso não tem júri popular”, informou.