Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Autores presos narram como tudo aconteceu

Edição nº 1577 - 30 de Junho de 2017

Conforme o BO, a esposa de Dídia, Marlúcia Magnabosco Ribeiro, acionou a PM, relatando que Adercides  estava desaparecido desde as 16h00 do dia 27 (terça-feira) e,  que o GPS do rastreador apontava que o veículo estava na cidade de Rifaina. Imediatamente as primeiras diligências foram tomadas, assim como tomou conta da família e amigos a apreensão, por conta da informação da PM paulista. Os policiais confirmaram que o táxi de Dídia estava estacionado na cidade, próximo à rodoviária, na rua Calisto Jorge, bairro centro, com a porta destrancada e com vestígios de sangue.

 Através do registro histórico do rastreador do veículo, foi possível conhecer o percurso realizado desde a saída do terminal rodoviário de Sacramento até a cidade de Rifaina, onde foi abandonado. Próximo à Jaguara, na MG 428, o rastreador mostrou que o taxista Adercides Ribeiro (Dídia) deslocou-se para a fazenda Pedroso, e em determinado momento ficou parado por cerca de quatro minutos. 

A partir desse momento, a PM saiu em diligência para a fazenda Pedroso, seguindo as coordenadas do rastreador, possibilitando a localização do corpo da vítima, encontrada em decúbito dorsal (de barriga para cima) e com sinais de violência. O local foi isolado e acionada a perícia, comparecendo ao local o perito Thiago Silva de Oliveira e seu assistente, que realizaram os trabalhos de praxe. 

Enquanto isso, no sistema de vídeo-monitoramento da cidade de Rifaina, foram vistos dois indivíduos deixando o veículo e se dirigindo para o terminal rodoviário da cidade. Ao analisar as imagens, foi reconhecido o primeiro autor, Ranieli Silva Santos 25. Outra guarnição da PM dirigiu-se até a casa de DMS, que confirmou ter deixado seu irmão Ranieli e seu namorado, Eller Carlos Gonçalez 35,  no terminal rodoviário, e que eles tinham como destino a cidade de Barretos/SP. 

Também a mãe de Ranieli, ao ver as imagens, confirmou que era seu filho e Eller. Outra testemunha foi J,  tio de Ranieli, que relatou que viu os dois entrarem no táxi do Dídia. 

A polícia   recebeu informações de que Ranieli e Eller eram terapeutas de um centro terapêutico e a notícia foi passada para as cidades vizinhas. A Polícia Militar do Estado de São Paulo, após diligências, localizou e prendeu em flagrante os autores que se hospedaram num motel, na rodovia Cândido Portinari, próximo à cidade de Franca. 

Ambos os autores - segundo informações divulgadas na mídia nacional - de Rifaina seguiram num ônibus ou Van para Pedregulho e de lá pegaram um táxi até o motel, onde passaram a noite e ali mesmo foram presos. Eram 7h50 quando a PM francana prendeu os autores em flagrante, que confessaram ao delegado Rafael Jorge, de Sacramento, o bárbaro crime, roubo seguido de morte, o que pode lhes dá uma pena de até 30 anos

Ranieli e Eller chegaram a Sacramento em duas viaturas, acompanhados do delegado Rafael Jorge e dos delegados regionais, Vitor Hugo Heisler, de Araxá, e Heli Andrade, do 5º Departamento da Polícia Civil, de Uberaba, e diversos investigadores. 

 

Polícias Militar e Civil  foram rápidas e incansáveis até prenderem os autores

Ouvido pelo ET, o delegado Rafael Jorge informou que as primeiras providências foram, tomadas logo que as polícias foram acionadas. “Começamos a receber ligações de amigos e familiares de Dídia, informando que ele não atendia celular e que ele não tinha o costume de desligá-lo. E que, pelo rastreador, já fazia muito tempo que o carro estava parado em Rifaina”.

O delegado e sua equipe dirigiram-se para Rifaina, onde o táxi foi encontrado pela PM paulista com as portas abertas e marcas de sangue no veículo, estacionado próximo à rodoviária. “O genro do Dídia abriu o rastreador e percebeu que o registro indicava um desvio no percurso. Pelo GPS, Dídia teria entrado na estrada do Pedroso, onde parou cerca de quatro minutos e, depois, retomou a rota até Rifaina, onde o veículo foi abandonado. Imediatamente, a PM de Sacramento foi para o local indicado pelo GPS onde encontraram o corpo”, narra o delegado Rafael Jorge, informando que tomou uma outra pista, o rastreamento das imagens das câmaras de monitoramento da cidade. 

“- Com o apoio da PM de Rifaina, de posse das imagens, percebemos quando abandonaram o veículo e quando tomaram uma Van para Pedregulho e, de lá, um táxi. Identificamos o taxista, que indicou que os havia deixado em um motel, na cidade de Franca. Pela questão de área de abrangência, a PM de Rifaina entrou em contato com a polícia de Franca, que foi lá efetuou a prisão.  Segui para Franca e lá fizemos a autuação em flagrante dos autores e, depois de ouvidos, foram trazidos para Sacramento”, informou, revelando os fatos seguintes, conforme depoimento dos autores:  

“- Na conversa que tive com os autores, durante o interrogatório, eles relataram que já saíram com a intenção de assaltar o Dídia. Um deles já era cliente do Dídia. Ele tinha o costume de levar o Ranieli até a fazenda Pedroso. 

O Eller já foi com uma faca no bolso. Eles pediram para o Dídia levá-los para o Pedroso e não anunciaram o assalto de cara. Eles saíram, pegaram a estrada de terra e, antes de chegar num carreador de cana, anunciaram o assalto. Segundo eles, Dídia teria reagido, e como perderam o controle da situação, o Eller entrou em luta corporal com Dídia, acertou um pedrada na cabeça dele e partiu com as facadas. 

Foram 15 facadas no peito e a lesão de objeto contundente, que é da pedrada na cabeça.  Eu não acredito que Dídia tenha reagido, porque nenhum dos dois tem marca de luta. Se  Dídia tivesse reagido, teria dado algum soco. Até o canivetinho que ele usava foi encontrado fechadinho no bolso. Se houvesse luta corporal, marcas deveriam ter ficado nos autores”.  

 

No depoimento ao delegado Rafael Jorge, Eller narra que Dídia demorou a morrer, por isso ele deu tantas facadas... “Acredito que tudo tenha acontercido fora do carro, porque no veículo foram encontradas apenas algumas gotas de sangue. Consumado o crime, os autores pegaram o carro e seguiram para Rifaina”. 

 

Para delegado, Raniele é co-autor

Sobre a atitude dos autores ao prestar o depoimento, o delegado Rafael Jorge revela que em nenhum momento eles demonstraram arrependimento. “Foram frios no interrogatório, detalharam e confessaram tudo. Ainda em Rifaina, junto com o filho do Dídia, vimos que faltava a parte frontal do som do carro. Um Iphone estava no carro, e o outro desaparecido. Recuperamos com eles a parte do som, o celular, R$ 425,00 em dinheiro e através de diligências,  encontramos as roupas usadas por eles. A do Eller, está toda suja de barro e de sangue”. 

A respeito de Ranieli ter negado a participação no crime, conforme consta no depoimento, alegando que “só Eller matou o Dídia, que ele tinha intenção apenas de roubar, que eles havia combinado de apenas roubar”, o delegado Rafael Jorge, não descarta a co-autoria do crime. 

“- No meu entendimento, eles planejaram o assalto, então no momento em que Eller passou a atacar o Dídia, o Ranieli, então, deveria ter impedido, ter colocado um ponto final. Mas não, o Ranieli continuou com a ação criminosa com Eller. Fugiram juntos, abandonaram o carro juntos, foram para o motel juntos, gastaram o dinheiro roubado juntos. Então, no meu entendimento, o homicídio foi cometido pelos dois. Mesmo que a ação de matar tenha sido executada pelo Eller, teve a participação e co-autoria de Ranieli. por isso,  autuei os dois em flagrante, por latrocínio (roubo seguido de morte)”, afirmou o delegado.  

Ainda de acordo com Rafael Jorge, ambos negam que tenham relacionamento amoroso, mas por relatos de testemunhas e conhecidos há relacionamento afetivo, sim. “Eles relataram que se conheceram numa clínica terapêutica e não tinham um plano de fuga, Eles relataram que queria roubar para comprar drogas e estavam usando drogas no motel”.

Segundo ainda o delegado, mais algumas pessoas serão ouvidas para complementar o inquérito. “Os laudos periciais feitos no local,  no IML e a perícia no carro do Dídia,  feitas no Estado de São Paulo. Toda essa documentação fará parte do inquérito”, confirmou, informando que dever concluir o inquérito nesta próxima semana. 

“Vou indiciá-los por latrocínio consumado e quero enviar o inquérito à Justiça até a semana que vem. E como latrocínio é crime contra o patrimônio, os autores não vão a júri popular. É o que o código chama de júri singular, não há corpo de jurados, o próprio juiz profere a sentença, cuja pena varia ded 20 a 30 anos de reclusão”, explicou, informando ainda que Eller Carlos Gonçalez tem mandado de prisão aberto, por crime de furto em Monte Alto (SP). “Se ele tivesse sido preso antes, isso não teria acontecido”, pondera. 

Analisando toda a tragédia e o choque vivido pela sociedade, o delegado Rafael Jorge lamentou o ocorrido. “São lamentáveis este e outros atos que vêm acontecendo. Nossa sociedade está doente. Jovens desvirtuando para o crime. As pessoas não têm mais sentido de ética... E começando lá de cima até cá embaixo. O que esperar das pessoas de um país, onde tem até que amarrar uma caneta da lotérica, para o povo não levá-la?”. Então, a coisa não é só lá em cima, somos nós todos”, lamenta, agradecendo o empenho de todos. 

“- Os policiais civis e militares de Sacramento, Rifaina e Franca são muito bons, todos se colocaram de pronto para desvendar o caso. O pessoal da Polícia  Militar teve  um grande empenho, cabo Geraldo, Danilo e Sargento Márcio se empenharam muito. Quando  acontece um fato assim, principalmente com morte, nas primeiras 48 horas é fundamental essa ação rápida, ela é muito eficaz. Depois das 48 horas torna-se mais difícil o trabalho, muitas investigações, muitas vezes sem sucesso. Então, o empenho de todos foi fundamental”, reconhece.