Estarrecida, a cidade assistiu ao trágico desfecho dos acontecimentos ocorridos em Uberaba, no último dia 12, que culminaram com três bárbaros assassinatos, de uma jovem mãe, a comerciária Izabela Gianvechio, de 22 anos, e seus dois filhos gêmeos, Ana Flávia e Lucas, de apenas 2 meses e 3 dias de vida, na rodovia que liga as cidades de Aramina e Buritizal (SP). Os autores dos bárbaros homicídios são Matuzalém Ferreira Júnior, 48, conhecido em Sacramento como Juninho, e o empregado rural, Antônio Moreira Pires, 47, vulgo Pedrão, ambos presos pela polícia civil de Uberaba.
O crime brutal chocou a todos e foi destaque nos principais jornais televisivos e escritos do país. Sacramento, mais uma vez, a exemplo do que aconteceu recentemente com o empresário Paulo César Lambreta, foi parte do cenário mórbido de outra tragédia, com várias redes de TV mostrando a cidade para o país.
O empresário Matuzalém Júnior se entregou à polícia na tarde da terça-feira de Carnaval 17 e confessou o seu envolvimento com os crimes praticados, segundo o seu depoimento, pelo seu comparsa, Antônio Pires, o Pedrão, que foi preso em operação montada pela polícia civil, em uma fazenda no município de Sacramento, na tarde do dia 19.
De acordo com Matuzalém, que reconstituiu o trajeto que fizeram no dia do assassinato, o crime ocorreu no município de Aramina (SP). Conta que Pedrão teria arremessado a mãe, Izabela, para fora do veículo, já estacionado, e a executado com dois tiros. Abandonaram a vítima e prosseguiram mais quatro quilômetros, onde o mesmo autor, Pedrão, teria arrastado as crianças para o interior de uma mata e lá também teria sacrificado os dois bebês, possivelmente filhos de Matuzalém, também com disparos da arma de fogo, que foi deixada no local.
No depoimento, Matuzalém não assumiu o crime, mas para a polícia não há nenhuma dúvida de que o empresário premeditou a execução de Izabela e das crianças. Segundo a polícia, ele estava sendo pressionado para reconhecer a paternidade dos gêmeos. "Teve um relacionamento com ela e, possivelmente, podia ser o pai. Não descarto essa hipótese, não", disse à imprensa, a titular da Delegacia Especializada na Orientação e Proteção à Família, Carla Garcia Bueno, que preside o caso.
Antes de desaparecer com as crianças, Izabella contou a uma amiga que recebera um telefonema de Matusalém, marcando um encontro: "Eu atendi, era ele: 'Vou marcar um horário certinho, leva os meninos que eu quero ver os meninos, eu trouxe até uma foto dos meus filhos pra comparar certinho, a gente resolve isso certinho, já. Então três e meia eu te pego'", disse Izabella na ligação à amiga.
Em vários canais de TV foram mostradas imagens captadas por câmera de segurança - Olho Vivo – instalada próximo ao Parque de Exposição Fernando Costa, flagrando o momento em que o carro do empresário, onde já estavam Izabella e os gêmeos, parou próximo a calçada. Um homem que aguardava no local, entrou no veículo carregando uma pasta e, imediatamente, o carro prosseguiu.
No mesmo dia, ás 16h o corpo da comerciária foi encontrado à margem da rodovia SPA-426/330, que liga a cidade de Aramina a Buritizal, a cerca de 50 quilômetros de Uberaba. O corpo de Izabella chegou a ser enterrado como indigente, mas no sábado 14, o corpo foi reconhecido através de fotos, na Delegacia de Polícia Civil de Aramina. No domingo 15 ela foi sepultada em Uberaba, sob forte comoção popular.
Desde então, a polícia intensificou as buscas aos bebês, na expectativa de encontrá-los com vida. Mas, infelizmente, o pior já havia ocorrido. Para estarrecimento de toda a sociedade, os dois bebês foram também barbaramente assassinados na mesma estrada.
Advogado deixa o caso
Notícia publicada no Jornal de Uberaba, edição da quinta-feira (19) com o título “Defesa do principal suspeito deixa o caso”, confirma a informação dada pelo G1 no dia 18.
O advogado Odilon dos Santos, que representava o empresário Matusalém Ferreira Júnior, principal suspeito dos homicídios de Izabella Gianvechio, 22 anos, e dos bebês gêmeos, deixou o caso ontem.
De acordo com o defensor, que acompanhou o suspeito do crime durante sua apresentação à polícia, a decisão foi tomada após a comprovação das mortes, principalmente dos menores, que, a princípio, seriam filhos do indiciado.
“- Tomei a decisão após ele mentir durante três dias, sustentando uma versão completamente errônea à que ele apresentou. Depois de 25 minutos de depoimento, ele pediu para falar comigo em particular e acabou confessando o crime. Ele disse que pediu para o Pedrão (que segue foragido) dar um susto na Izabella e não matá-la. O acusado colocou a culpa no comparsa, dizendo que esse Pedrão teria se alterado e, ao chegar ao local, teria jogado a mulher no chão, disparando dois tiros contra ela. Entretanto, a perícia constatou apenas um tiro”, contou.
O criminalista disse ainda que, ao descobrir sobre os bebês, a situação teria ficado insustentável. Matusalém continuou afirmando que Pedrão teria mandado ele seguir com o carro a 54 km pra frente do local, onde jogou o corpo. Os bebês foram colocados no chão e ele teria atirado nas crianças. Segundo o meliante, o seu carro teria sido deixado com o outro acusado. Quando ele contou tudo, eu fiquei sem reação. Estávamos sozinhos na sala e, imediatamente, chamei a delegada Carla e comuniquei o fato. Até aquele momento, tínhamos a esperança de que os bebês estivessem bem”, relatou.
Emocionado, o advogado disse que, diante dos fatos, começou a chorar. “Depois do seu relato, acompanhei os policiais ao local onde os corpos dos bebês estavam e, quando vi aquela cena, não pensei em outra decisão. Foi a gota d'água. Eu não tinha mais condições de continuar no caso, até mesmo pelo fato de eu ter uma filha de quatro anos. A defesa ficará prejudicada, mas, se eu continuasse, me sentiria mal”, completou.
Crime hediondo: Bebês assassinados com tiros na cabeça
Os corpos só foram encontrados dia 17, porque Matuzalém se entregou e levou os investigadores até o local, em um matagal, perto do local onde a mãe foi encontrada.
O empresário foi ouvido na sede 5ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp) pela delegada Carla Bueno. Após o depoimento Matuzalém acompanhou os investigadores até o local onde os corpos dos gêmeos foram encontrados, ainda nas cadeirinhas. Na saída da Delegacia, familiares e amigos protestavam nas imediações da Risp com gritos de justiça.
O enterro dos bebês, no cemitério São João Batista, em Uberaba, dia 18, foi marcado por revolta e muita emoção. “Enterrei uma filha, agora enterrei os meus dois netos”, disse Hugo Gianvechio, pai da jovem Izabel e avô de Ana Flávia e Lucas. Familiares e amigos se reuniram para protestar contra a violência e pedir justiça. “Queremos justiça, queremos justiça”. “A gente está aqui pedindo um direito da constituição o direito à vida”, exclamavam.
O veículo Fox, que Matuzalém dissera à família, por telefone, ter sido roubado na quinta-feira 12, foi encontrado numa fazenda próxima à rodovia Cândido Portinari totalmente queimado. A polícia conseguiu identificar o carro pelas placas, que já haviam sido divulgadas pela Polícia Civil de Uberaba.
De acordo com a imprensa regional, o advogado Odilon dos Santos, que acompanhou a apresentação de Matuzalémà Polícia Civil, informou que deixaria o caso. De acordo com o advogado, a decisão foi tomada após descobrir que os bebês estavam mortos. “Não consigo fazer a defesa desse caso. O suspeito contava uma outra história e eu não tinha sido informado que os bebês estavam mortos", divulgou o G1.
Matusalém deixou a delegacia escoltado, depois de quase três horas prestando depoimento. Amigos e parentes das vítimas que acompanharam a movimentação pediram justiça.
A justiça expediu um mandado de prisão temporária para Matusalém Ferreira Júnior, que está isolado em uma cela do Presídio Aluízio Ignácio de Oliveira, em Uberaba. O outro suspeito, Antônio Moreira Pires, o Pedrão, que já tem passagem na polícia por tráfico de drogas e outros delitos, acusado de ser o autor das mortes da mãe e bebês, também foi preso pela polícia civil, trabalhando em uma fazenda localizada neste município.
Ambos vão ser indiciados por sequestro, homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver, com penas que variam de 36 a 90 anos de prisão.
Pedrão é preso em fazenda neste município
Logo após Matuzalém Ferreira Júnior se entregar à Policia em Uberaba, na terça-feira 17 e denunciar, durante o depoimento, a participação de Antonio Moreira Piresj, vulgo Pedrão, no assassinato, a polícia civil (PC) de Uberaba acionou a PM local solicitando apoio para prender o acusado no bairro Cajuru, mas Pedrão conseguiu fugir por trás de um terreno que dá acesso ao ribeirão Borá e desapareceu.
As polícias civil e militar montaram uma operação uma operação para vasculhar as márgens do córrego e imediações, tendo, inclusive, a participação de duas equipes da Companhia de Missões Especiais de Uberaba, com cães para auxiliar nas buscas, porém sem êxito, por se tratar de um local de mata extensa e espessa.
A PM permaneceu nas buscas incansavelmente, até que na tarde desta quinta-feira 19, o delegado regional Cezar Felipe Collombari da Silva logrou êxito em suas investigações em auxílio à Delegacia da Família e a polícia civil de Uberaba. Pedrão estava escondido numa fazenda localizada a 15 km da cidade, na MG-190, sentido BR-262.
De acordo com o delegado Cezar, foi identificado o local onde Pedrão estaria, na casa de um amigo, e, uma vez conhecido o seu paradeiro, começaram as negociações através do amigo, sugerindo que Pedrão se entregasse sem resistência, alertando-o para os riscos de um confronto. “Pedrão deitou-se ao chão e se rendeu”.
Ainda de acordo com o delegado, Pedrão disse que temia pela sua vida, dada a repercussão do crime, a comoção e o sentimento de revolta popular que os crimes geraram. O delegado Cezar informa ainda que, o chefe da PC de Uberaba, Ramom Bucci e delegada que preside o inquérito, Carla Bueno, participaram das diligências, que transcorreram de forma tranquila.
Como Juninho foi capaz disso?
“Como Juninho foi capaz disso?” Essa é a pergunta que todos fazem sem encontrar resposta, isto por ser uma pessoa conhecida por ser pacato, amigo, educado e agora mostra-se um “lobo com pele de cordeiro”. O próprio Jornal da Manhã, edição de 19/02 (JMOnline/Alternativa) registrou: “Pacato cidadão Segundo relato de pessoas que conviveram com o assassino de Izabella Gianvechio e seus dois filhos, ele era um sujeito pacato, acima de qualquer suspeita. Tinha um pequeno comércio e costumava ajudar financeiramente a família. Nem os conhecidos do tal Juninho acreditam que ele teve a capacidade de ceifar tão brutalmente a vida da moça e de seus dois bebês. Pois é...” e também a notinha: “Versão piorada: O crime monstruoso praticado pelo réu confesso Matusalém Júnior é uma versão piorada daquele atribuído ao goleiro Bruno, acusado de matar a amante e sumir com o corpo. Bruno, pelo menos, poupou a criança...”
Delegado Cezar ajuda na prisão de Pedrão
O trabalho do delegado regional Cezar Felipe Combari da Silva foi decisivo na captura do segundo suspeito pelo triplo assassinado ocorrido na última semana, o trabalhador rural, Antônio Moreira Pires (Pedrão), foragido desde a ação bárbara que culminou na morte da mãe e dois bebês, dia 12 último.
Atendendo solicitação do 5º Departamento da PC de Uberaba para comandar a operação de captura de Pedrão, que estaria refugiado no município de Sacramento, o delegado Cezar conseguiu informações da população sobre o seu paradeiro.
“- Montamos a operação para dar o 'pulão', no jargão da polícia, no seu esconderijo. Demos a uma pessoa, que estaria lhe dando guarida, a chance de fazer uma intermediação para que ele se entregasse espontaneamente. Para minha sorte, prazer e até desprazer, eu já havia prendido Pedrão, que já conhecia minha forma de trabalhar nessas situações. Ele recordou que, quando fui prendê-lo, eu pedi para que tirassem as crianças da casa para que elas não ficassem vendo aquela cena, e isso criou um elo de confiança, o que fez com que sua apresentação ocorresse de forma muito tranquila, sem uso de força física ou confronto”, afirma, destacando: “Ele se apresentou de forma espontânea assim que me reconheceu, dei a ordem para que ele se deitasse, ele deitou e foi algemado sem nenhuma resistência”.
Informou mais o delegado Cezar que participaram do cerco que fizeram à sede da fazenda onde Pedrão estava escondido, o chefe do Departamento, Ramon Bucci, a delegada que preside o inquérito, Carla Bueno e investigadores das PCs de Araxá, Sacramento e Uberaba dando cobertura na retaguarda. Mas não houve resistência, atendendo ao pedido do delegado Cezar, o autor deitou-se a aguardou até ser algemado. “Ele estava muito arranhado, com escoriações leves, provavelmente consequência da fuga na tarde da terça-feira”, disse o delegado.
Finalizando, com o intuito de tranquilizar a população, o delegado Cezar Colombari informou que o índice de criminalidade ocorrido em Sacramento no último ano foi menor do que o de 2013. “Enquanto em muitas cidades de nossas regionais esse índice tenha aumentado no último ano, em nossa Sacramento e em Araxá, esse índice caiu”.
Na análise do delegado, o que ocorre é o seguinte: “Os crimes que só aconteciam nos grandes centros estão migrando para ao interior, assim como os crimes ocorridos nas periferias das cidades estão vindo para o centro, afetando nossas cidades, nossas famílias. Isso dá uma sensação de caos, mas daí a falar que Sacramento está um terror, não é verdade, porque trabalhamos em cima de números. E a sociedade pode ficar tranquila, porque no que depender do nosso trabalho, estamos atentos, não vamos dar trégua e esperamos a sensibilidade dos deputados em relação às leis que acabam amarrando o judiciário”, concluiu.
Comunicado à família
Odilon já comunicou à família e o indiciado, que segue preso na Penitenciária Professor Aluízio Ignácio de Oliveira, em Uberaba, será informado hoje, pelo próprio criminalista. “Eu não tenho nenhuma procuração e não peguei nenhum dinheiro da família. Estou muito abalado. Sinto muito pelas crianças estarem mortas”, finalizou.