Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Homem é morto e esquartejado no Quenta Sollícia em Ação

Edição nº 1373 - 02 Agosto 2013

Air José de Lima (foto), 36 foi preso nesta quinta-feira, 1º, pelo assassinato de Evandro Paz da Costa, na comunidade do Quenta Sol. O autor confessou que, após tocaiar e assassinar Evandro com uma 'fisga' de matar javalis, esquartejou o corpo e atirou os pedaços na represa do rio Grande. 

As polícias Militar e Civil da cidade chegaram a Evandro, após receberem um ofício da Delegacia de Proteção à Família, em Uberaba,  informando que no dia 29/07/2013 havia acontecido um homicídio no povoado do Quenta Sol. O oficio informava que  o autor seria um homem branco trajando calça jeans velha e uma blusa preta e vermelha, que  teria armado uma tocaia e matado o senhor Evandro Paz da Costa com golpes de fisga. 

De posse da informação, os policiais seguiram para o povoado e descobriram um indivíduo com as mesmas características do possível autor, numa casa de madeira, onde foi preso. Depois de muita conversa, conseguiram que o autor, Air Jose de Lima, 36, que possuía  mandado de prisão em aberto, se entregasse. Por esta razão, ficou detido, uma vez que não havia sido configurado o flagrante do crime de homicídio. 

 De acordo com o BO, em primeiro momento, o autor negou o assassinato, mas nas buscas na casa os policiais  encontraram uma calça jeans velha suja de sangue; uma camiseta preta e vermelha também suja de sangue; três fisgas; duas facas e uma pedra de crack. No local, onde o homicídio teria ocorrido, encontraram vários vestígios do assassinato, como poças de sangue  secas e uma bolsa de pano com manchas de sangue. 

Diante dos fatos, e na presença de testemunha, Air confessou que, na dia 29 de julho armou uma tocaia e, usando uma fisga de matar javalis, matou Evandro Paz da Costa, 47, com vários golpes, na frente da mulher e da filha. Air confessou ainda que carregou o corpo de Evandro na moto da vítima até um rio próximo, onde esquartejou o corpo desfazendo dos pedaços. O autor disse ainda que   demorou um dia e uma noite para consumir com o corpo, esperando que ninguém acharia os pedaços.

Foram feitas intensas buscas no intuito de localizar o corpo ou partes, porém sem êxito. 

 

Mãe e filha fugiram para Uberaba

 

A esposa da vítima, S., e sua filha de quatro anos, que presenciaram o crime, fugiram para Uberaba. Nenhum morador do Quenta Sol sabia da morte. De acordo com o delegado Rafael Jorge, a esposa fugiu por medo. “Ela não contou nada pra ninguém e fugiu para Uberaba com a filha. Só dois dias depois é que ela procurou a Delegacia Especializada de Orientação e Proteção à Família, que nos informou  o fato e partimos para a investigação”, disse.

 Ainda de acordo com o delegado, o autor Air, não apresenta indícios de loucura, nem de viciado em drogas, apesar de terem encontrado na casa uma pedra de crack, mas aparenta ser uma pessoa “agressiva”.

O delegado confirmou  também que a prisão de Air só foi possível por ter um mandado de prisao em aberto, na Comarca de Sacramento. “Ele cumpre pena no presídio de Sacramento, e na condicional, ele estava descumprindo as medidas, por isso em maio, a juíza decretou a sua prisão”. 

Nova oitiva do autor estava marcada para esta sexta-feira, 2, às 15h, conforme informou o delegado pela manhã. “Ele está resistente, mas vai ter que falar o local onde está o corpo. Ele está se negando a falar, mas precisamos saber onde está. Se ele jogou no rio como diz, terá de mostrar o local para os bombeiros fazerem a busca”. 

A vítima, Evando Paz da Costa, é natural de Unaí (MG) e o autor, Air José de Lima, é natural de São José do Rio Preto (SP). 

 

Esposa conta o horror que viveu 

SGO, 17, esposa da vítima, Evandro Paz da Costa, no depoimento feito na Delegacia da Mulher, em Uberaba, disse que morava com Evandro desde os 13 anos e, depois de falar do relacionamento  dos dois, passou a relatar sobre a morte do marido.
S. conta que há cerca de duas semanas, um rapaz levou um “sujeito”, que seria o autor do crime, Air José de Lima, em sua fazenda, deixada de herança pelo pai. Afirmou Air que havia comprado as terras do pai de S. e que era para o esposo, Evandro, ir ao povoado conversar com ele. “Evandro chegou em casa muito nervoso, dizendo que  “não tinham  esse direito” e que o homem teria falado que comprou o terreno e era para tirarem as coisas e que o homem o teria ameaçado dizendo que já havia matado cinco pessoas. 
Na segunda-feira, 29, por votla das 7h da manhã, ela, o marido e a filha sairam de moto. Ele iria levá-las para pegar o ônibus às 8h, pra virem a Sacramento. “Quando estavam saindo da fazenda, o homem saiu do mato e pulou na frente da moto (...)”. Ela, Evandro e a filha cairam da moto. S. pegou a filha para sair correndo, mas o homem disse que se corresse as duas. S. abraçou a filha contra o corpo para que ela não visse a cena a seguir. O homem, no caso, o autor confesso, Air José de Lima, com um pedaço de ferro pontiagudo – objeto usado para matar porco do mato/javali -  pulou em cima de Evandro, que estava caído, e enfiou o   ferro em sua testa e, depois, desferiu mais cinco golpes por todo o corpo. Conta mais S. que saiu muito sangue.
Em seguida, sempre ameaçando mãe e filha, Air levou ambas para sua casa onde permaneceu por um certo tempo sempre ameaçando: “Se você contar prá alguém, eu vou cortar sua filha”. Prosseguindo, afirmou S. que o homem perguntou sobre os documentos da moto de seu pai que estava no local,  pegou o telefone de Evandro e lhe  disse que quando chegasse à cidade  era para ligar para ele. S. perguntou sobre o corpo do marido e Air teria dito: “Você pode esquecer, pois esse corpo você nunca mais vai ver”. 
S. disse que subiu na moto com a filha e foi embora, passou no Quenta Sol para abastecer e seguiu para Sacramento, onde chegou por volta das 11h, pois nunca havia andado uma distância tão longa assim de moto. Ela disse que  abandonou a moto próximo a uma fazenda  na entrada da cidade e foi para a rodoviária e aguardou o ônibus até as 17h e seguiu para Uberaba. Só no dia seguinte narrou os fatos aos familiares que a aconselharam a procurar a polícia.
 Air José de Lima disse que já teria matado outras cinco pessoas, mas isto ainda será apurado. O delegado Rafael Jorge explica que o crime caracteriza como homicídio qualificado, por motivo torpe (briga por um terreno), meio cruel, emboscada e ocultação de cadáver.