Detentos concluem curso de bordado a mão

Onze detentos do presídio local viveram a emoção de receber o certificado de conclusão do curso de bordado a mão, ministrado pelo Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec), através do Senar.  Foram 160 horas/aulas durante um mês. 

“- Quinze detentos se inscreveram e 11 concluíram o curso, que é muito importante dentro do nosso objetivo de ressocialização e profissionalização, para dar subsídio que os levem a novas experiências de vida e a novas oportunidades”, justifica o diretor geral do presídio Leandro Fachinelli Toleto, agradecendo a participação dos  instrutores do Pronatec.

Para o diretor Leandro Toleto (na foto com os concluintes), logo após receberem os diplomas, este é apenas um dos muitos diplomas que poderão receber. O próximo curso já agendado para o mês de agosto será de pedreiro.

Alunos falam do aprendizado 

“Gostei muito e quero agradecer primeiro a Deus, ao diretor que correu atrás deste curso e  ao pessoal que veio nos ensinar. Agora vou continuar fazendo os bordados que podem me ajudar ainda mais neste tempo aqui, vou poder distrair e ganhar um dinheiro  com a venda dos trabalhos e quando eu sair já terei um a profissão, alguma coisa que sei fazer”. (M.S., 29, preso há um ano e seis meses, aguardando julgamento por homicídio)

“Quando caí aqui estava desempregado, mas agora tenho um trabalho aqui dentro, e quando eu sair vou ensinar o  bordado  pra minha mãe, minha filha de 11 anos e quem sabe possa trabalhar por conta própria”. (V.S.B., 29, preso há cinco meses por envolvimento com drogas)

Após a entrega dos certificados, Perpetua Eugênio Mota,  responsável pelo lanche da manhã e da tarde fornecido  pelo programa,  recebeu  de presente um jogo de tolhas bordadas pelos alunos. 

O Pronatec, criado pelo Governo Federal, em 2011, tem como objetivo ampliar a oferta de cursos de educação profissional e tecnológica. O próximo curso agendado, segundo o diretor Leandro Toleto, é de pedreiro. 

De acordo com o diretor Toledo, dos alunos que concluíram o curso de bolsas promovido pela Sak´s, no início do ano dez já estão trabalhando.  “Foram abertas dez vagas e sempre que surgirem novas vagas um detento será transferido para o grupo. A empresa traz os trabalhos e todos trabalham na oficina dentro  da unidade. Eles recebem ¾ do salário mínino, que é dividido parte para a família, parte para o Estado, como ressarcimento, e parte para o pecúlio, que é uma poupança que  o detento faz para quando sair da prisão, porque aqui dentro ele não precisa de dinheiro”, finaliza. 

Instrutores falam da experiência de dar o curso no presídio

O instrutor  Daniel Luiz Amorim Couto,  que pela primeira vez ministrou um curso dentro de presídio, disse que se surpreendeu com a motivação dos detentos e elogiou a turma ao falar na entrega dos certificados. “Para mim vocês foram alunos  como todos os outros, tratei cada um de vocês como cidadãos, como empreendedores. Trabalhamos todo os conceitos e    percebi uma mudança de comportamento de vocês dia e dia, na postura, na linguagem. Vocês são empreendedores, mesmo que tenham ainda um resto de pena a  cumprir, vocês têm a responsabilidade de passar o que aprenderam, vocês têm como contribuir para este ambiente”, afirmou. 

Maria de Lurdes Borges Cintra de Carvalho, mobilizadora do Senar  em Sacramento, foi outra que elogiou  a participação dos detentos. “Como primeira experiência dentro de presídio, foi uma coisa muito boa ver o interesse, a dedicação, a vontade de aprender de cada um deles. Foi interessante, porque conversamos muito sobre a vida, conheci as histórias de cada um, a gente foi conhecendo cada um...”, disse.

Maria Madalena Fraga Bráz, coordenadora da Pastoral Carcerária e do Amor Exigente falou ao ET da alegria de participar da formatura. “A gente sempre tem que acreditar na capacidade de o ser humano se recuperar e esta formatura é um passo para isso”, destaca e fala da oportunidade que o Amor Exigente terá de fazer reuniões com os detentos, levando os passos da recuperação visando à redução da reincidência. 

O tenente da reserva, Vicente Rodrigues da Silva, presidente do Conselho Comunitário de Defesa Social, um dos segmentos que mais contribui para as melhorias do presídio, através de ações do Ministério Público, parabenizou os formandos e declarou em entrevista  que o conselho fica feliz por poder participar e ajudar a dar uma condição melhor para os detentos. “Numa solenidade dessas a gente vê que o investimento está valendo a pena e torcemos para que eles de fato levem adiante o que aprenderam”.