Moradores da rua Assyncrito Natal e imediações que acorreram ao local no momento do crime, nunca viram nada igual. As cenas foram dramáticas, chocantes. Esvaindo-se em sangue, Nilson Robson dos Santos, 38, serviços gerais, natural de Franca (SP), nos braços de sua ex-mulher, toda ensanguentada, Márcia Andreia Espiridial, 33, que pedia por socorro, 47, a um aglomerado de pessoas que não sabiam o que fazer, diante um quadro tão chocante, para que salvassem seu ex-marido, esfaqueado segundo ela, por seu namorado, José Antônio dos Santos, vulgo Condião.
Era 1h50 da tarde dessa quarta-feira, 13. Nilson morreu ao dar entrada na Santa Casa de Misericórdia de Sacramento, devido a uma facada no pescoço.
Tudo começou quando Condião foi levar algumas roupas de Márcia à casa de Nilson. Após uma discussão, Nilson levou uma facada no pescoço de Condião e saiu para a rua, deixando atrás de si um rastro de sangue. Cerca de 100 metros depois, caiu no meio da rua, onde ficou uma poça de sangue. A PM, que fazia patrulhamento naquelas imediações, deparou com a tragédia e logo tomou as providências. Imediatamente a ambulância foi acionada e Nilson levado ao Pronto Socorro, porém não resistiu aos ferimentos e veio a óbito.
A PM saiu ao encalço do autor Condião, morador na rua Maria da Cruz, no mesmo bairro, que foi encontrado poucas quadras abaixo. Sem oferecer resistência, Condião foi preso em flagrante e mostrou à polícia o local onde havia jogado a faca tipo peixeira, usada no homicídio, próximo à casa da vítima.
A Perícia Técnica compareceu ao local do crime e o corpo de Nilson encaminhado ao IML de Araxá para as providências de praxe.
Consta do BO, que horas antes do homicídio, Márcia e o autor José Antônio dos Santos registraram um boletim de ocorrência de ameaça contra a vítima, Nilson. Segundo Marcia, pressionada pelo seu atual namorado, Condião.
De acordo com o delegado da Polícia Civil, Cezar Felipe Colombari da Silva, Márcia contou na Delegacia que morou com Nilson durante sete anos e há cinco meses haviam se separado e que nos últimos três meses estava com Condião. Segundo ela, “obrigada”, e que queria voltar com Nilson, mas se sentia ameaçada pelo atual namorado, que, entretanto, afirma em seu depoimento que estava vivendo maritalmente com ela há cinco meses.
Para o delegado, “a história não bate, embora pareça que a história dela seja verdadeira”. Ainda de acordo com o delegado, Márcia não terminou seu depoimento por ter desmaiado na Delegacia. “Ela ficou de voltar nesta quinta-feira, porém ela desapareceu. Ela havia dito que o Nilson tem um irmão que é do PCC e que ela estaria morta se permanecesse na cidade”, disse.
Condião conta sua versão à Polícia
No seu depoimento, José Antônio dos Santos, Condião, disse que conhece Márcia há cinco meses, desde que iniciaram um relacionamento marital e, que há pelo menos um mês, ele e Márcia passaram a receber ameaças de “Maru”, (Nilson, ex-companheiro de Márcia), que queria reatar com Márcia.
Condião diz que ele e Márcia fizeram um BO e que iam embora para casa, quando foram abordados por Maru que, armado com um faca, passou a exigir o retorno de Márcia. Que a certa altura, Maru puxou a faca e perguntou:
“- Você prefere ele ou eu?” – Com medo, Márcia respondeu, “ele”, isto é Nilson. Com a decisão de Márcia, o namorado foi até sua casa pegou as coisas de Márcia e levou tudo até a casa de Maru/Nilson. Conta que já estava indo embora, quando foi ameaçado por Maru, que “levou a mão no meu peito, daí eu peguei a faca dele em cima do sofá e dei uma facadinha nele”.
Condião diz que jogou a faca em cima de um monte de terra, perto da casa de Nilson e foi para sua casa. Declarou ainda que fuma apenas cigarro, nunca usou drogas e que estava em plena consciência no momento da facada.
Conforme o depoimento, o delegado Cezar perguntou-lhe: “- O que significa 'levou a mão no meu peito'. Condião respondeu: 'Doutor, a pessoa levar a mão no peito do outro é uma ameaça e se eu não faço isso ele me faz, pois a faca tava do lado dele'. O delegado César se confessou surpreso com a frieza de José Antônio. “Ele disse isso na maior tranquilidade do mundo, tranquilíssimo, nunca vi uma cena dessas”, afirma.
Informa o delegado que Condião foi autuado em flagrante delito, por crime de homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e motivo banal. “Além do que, ele dificultou a defesa da vítima desarmado, uma vez que pegou a faca e já partiu pra cima”, completou.
José Antônio dos Santos, Condião foi condenado há 22 anos de prisão, pela morte de dois idosos, os irmãos Jerônimo e Sebastião Vieira, durante um assalto, na rua José Sebastião de Almeida (atrás do cemitério), em 1983. Condenado a 22 anos, Condião cumpriu 12 anos e estava em liberdade há 13 anos, trabalhando como pescador.