Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Ação dos javalis prejudica tratamento de água

Edição n° 1292 - 13 Janeiro 2012

Se você pensa que Javali é bicho da antiga Gália, a terra de Asterix, está enganado. Um bando desse animal da família dos porcos, com grandes presas saindo da boca, está atazanando a vida de fazendeiros da região da nascente do córrego dos Pintos e também do SAAE, porque o ribeirão abastece os reservatórios de água da cidade. 

Segundo o diretor Osny Zago, a presença desses animais tem trazido problemas no tratamento de água, principalmente durante este período de chuva, provocando alta turbidez (água barrenta) e grande quantidade de resíduos na captação. “Neste ano de 2012, um fato novo ocorreu, a invasão de javalis nas nascentes dos mananciais, embarrelando toda a água captada”, explicou o diretor.

Segundo Zago, “a questão é muito séria, uma vez que, no período de safra, os javalis atacam as lavouras, logo após o plantio, comem as sementes e o adubo por causa do sal. Quando a lavoura cresce, usam-na como pastagem. Já na safra, comem os grãos”.

E agora no tempo chuvoso, Osny Zago explica que  os javalis vão para os vales e áreas úmidas e alagadas como forma de proteção e ali pastam as gramíneas, reviram o solo para comer os tubérculos, como o São José, inhames e outras raízes. “Com este revolvimento do solo, os javalis fazem os barreiros para se lamearem. Esta atividade vem destruindo as nascentes e as margens dos mananciais, provocando um arraste de lama e matéria orgânica muito grande para o curso d'água”, explicou preocupado. 

Afirma mais o diretor que “todo esse movimento provoca um assoreamento na tomada d'água, dificultando a limpeza do gradeamento primário, provocando alta turbidez (sujeira, barro) na água e dificultando a filtragem”.

Justifica Osny Zago que por conta de todo esse problema vem ocorrendo falta d'água na cidade, principalmente à tarde. “Esclarecemos que a intermitência durante este período, é causada pelos problemas citados e assim contamos com compreensão da população, solicitando que faça o uso racional da água”, pediu. 

Segundo Osny, no Estado do Mato Grosso já foi criado dispositivo de controle da espécie, em face aos prejuízos provocados, mas em Minas Gerais ainda não existe regulamentação e desta forma qualquer tipo de constrole da espécie é proibido por lei “Há  cerca de cinco anos, tivemos as primeiras notícias dos javalis na nossa região. As fêmeas chegam a procriar três vezes ao ano. A cada vez, nascem em média dez filhotes. Como não existem inimigos diretos, a proliferação da espécie vem acontecendo rapidamente. A propagação foi tão rápida que, neste curto espaço de tempo, eles são encontrados aos milhares. Na bacia do Rio Araguari, os estragos em nascentes são tão grandes junto às nascentes, que muitas não poderão ser recuperadas”, finalizou.