Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

PM em ação

Edição n° 1290 - 30 Dezembro 2011

Dignidade, respeito, humanização, emoção e lágrimas marcaram a festa de Natal realizada num dos pátios internos do Presídio de Sacramento, na manhã de sexta-feira, 23. Os familiares que têm permissão para visita participaram da confraternização natalina, que contou, pela primeira vez, com um coral formado por presos e troca  de cartões de papel reciclado feito por eles mesmos, tudo sob o aplauso dos agentes penitenciários e demais funcionários do presídio. 

Essa, talvez, tenha sido a primeira festa de Natal realizada no presídio em toda a sua história. Não se tem  registro ou notícia  de outra.  Os pátios de acesso ao pátio receberam decoração natalina com material reciclado, feito com carinho pelos  artesãos de Sacramento, que também  ministraram o curso de reciclagem de papel e da confecção dos cartões. 

O diretor de Segurança do presídio, Paulo Giovane de Castro, explicou  que a  ideia nasceu de uma vontade da direção e do grupo de atendimento psicossocial da unidade. “Nós todos entendemos que hoje o mais importante  é a ressocialização do preso e porque não fazer uma comemoração do Natal, refletir sobre a importância do Natal para todos nós, funcionários e encarcerados? Pensando assim, entendemos de fazer essa confraternização unindo familiares, sentenciados e servidores. 

Segundo o diretor, o objetivo da confraternização é o de integrar as pessoas e dignificar cada detendo do presídio. 'Temos hoje 77 presos no regime fechado, 11 mulheres e 66 homens, todos estão participando e vão receber os cartões de Natal feito por eles mesmos. O curso de reciclagem foi realizado aqui no presídio, ministrado por artesãos da cidade. Os detentos fizeram o papel, confeccionaram os cartões que serão entregues para os familiares juntos com  os presentes que o grupo de atendimento psicossocial arrecadou na cidade. São presentes simbólicos para os filhos dos presos. Quem sabe a gente consiga fazê-los hoje um pouco mais felizes. Isso, para nós e para eles é importante”, reconheceu. 

Ainda de acordo com o diretor Paulo Castro, muitos detentos se emocionaram ao receber a notícia da festa de Natal. “Eles ficaram emocionados, muitos choraram e se aparentam deveras muito felizes. Alguns não veem os familiares há algum tempo, outros que não os viam por estarem no mundo das drogas, estão aqui revigorados, melhores do que estavam na rua e, hoje, revendo seus familiares”, disse. 

Para o diretor, o coral criado por um dos detentos, Prof. Genildo, enriqueceu a confraternização”, disse mais, ressaltando a importância da música  cantada pelo coral e acompanhada por todos os detentos. “Outro trabalho importante foi a formação desse coral, formado por sete sentenciados, ensaiados pelo Genildo. Providenciamos as músicas, o violão e foram duas semanas de ensaios”, informou.   

 

A mensagem final 

 

Após a apresentação, dirigindo-se a todos os detentos, Paulo Geovane Castro expressou sua mensagem de boas festas a todos. “Apesar de tudo, apesar das circunstâncias, apesar do local, apesar das pessoas, apesar das dificuldades, enfim, apesar de todos os pesares, o mais importante é entender que nesse momento, o que estamos fazendo aqui, nada mais que a celebração do Natal. Não do Natal comercial, do Natal capitalista, mas do Natal espiritual, o mais importante para todos nós neste momento. Muitos estão chorando e tomara que essas lágrimas sejam de saudades, de alegria e não de tristeza”, disse. 

Afirmando que aquela manifestação era feita com carinho, o diretor Paulo Castro, falando em nome do diretor geral, em férias, Aparecido Galdino, agradeceu a todos que se envolveram no projeto, em especial as servidoras do atendimento psicossocial, a psicóloga Betânia Bessa Florêncio, a  assistente social Marília de Cássia dos Santos, à Ester Ranuzzi e Claudia Rodrigues.  

“- É do fundo do nosso coração, é sincero esse gesto nosso aqui hoje”, destacou, mostrando que a intenção da direção daquele presídio e a “de levar aos detentos e familiares, cada vez mais, trabalhos de ressocialização, trabalhos de humanização, trabalho de integração entre as pessoas, servidores, família e autoridades locais. Vocês sabem que quando temos que ser duros , somos duros, cobramos, mas também damos muitas oportunidades. Não somos inimigos,  só estamos em posições diferentes, mas podemos viver pacificamente”, finalizou, desejando a todos, em nome do diretor Geral, Aparecido Galdino (em férias), detentos, familiares, servidores, um feliz Natal e um próspero Ano Novo.

Destaque para as detentas que após a mensagem do diretor pediram para cantar  uma música, o que lhes foi permitido. E cantaram o cântico de Pentecostes, “Eu navegarei”. 


Depoimentos

 

“Faz quatro anos que venho aqui e eu quero parabenizar vocês. Obrigada pela oportunidade que estão dando para o Antônio, o Ailton, a Ana Paula, como para os outros detentos. Quero agradecer, porque vocês são muito humanos, desde que chegaram nunca botaram a mão no meu povo aqui. Obrigado por esta oportunidade”, depoimento de uma senhora (não identificada) que tem três parentes no presídio. 

“Foi uma coisa muito bonita. São cinco anos sem nada e hoje essa festa. A cadeia muito para melhor. Fiquei muito emocionada”, de dona Ednalva Gomes Calil, mãe de R., preso há cinco anos. 

“Foi um presente, a gente chora muito, mas fica feliz. É a primeira vez que tem uma festa dessas aqui. Eu nunca tinha vindo aqui e fiquei muito emocionada”, de Eliene Lima da Silva, em visita a L. F., presa há três anos. 

“Chorei o tempo todo, foi emocionante ver que teve alguma coisa boa para eles e para nós, porque a família sente falta”, de Elaine  Majela  do Carmo, que com um bebê, acompanhava sua mãe idosa, na visita  ao filho E.L., preso há três anos.

 A reportagem entrevistou também um dos detentes, Antônio Dias Martins, 36, preso há três anos, e integrante do coral, que se confessou feliz ao participar pela primeira vez de uma comemoração no presídio. “Nós ficamos muito felizes, porque eu estou aqui há três anos e nunca teve uma coisa desse jeito e tem gente que tem mais tempo aqui. Essa foi a oportunidade que a diretoria deu pra nós e nossa família. Quando me chamaram para o coral, não acreditei, fiquei emocionado. Quero agradecer a Deus por essa oportunidade e pelas pessoas que trabalham aqui. Esse foi o maior presente que ganhei,  graças a Deus. Valeu mais do que tudo na vida, porque foi uma coisa que nos fez felizes e à nossa família também. Erramos, mas  como os diretores falam: nós estamos pagando pra sair daqui com a cabeça erguida... Foi uma linda festa”.

 

Ladrões roubam caminhonete

 

A cada dia que passa ações inusitadas são adotadas pelos ladrões. Desta feita, trata-se do furto da caminhonete Ford da empresa Hosana Móveis. De acordo com o empresário Sergio Antônio Felipe, no dia 21, um indivíduo efetuou a compra de uma cama e pagou à vista R$180,00, agendando o horário para a entrega para depois das 15h. Um dos funcionários motorista e montador de móveis transportou a entrega para a rua Inonimada, nº 51, nas proximidades do presídio. 

Na casa, enquanto montava a cama, o funcionário foi rendido por dois homens, que o amarraram sob ameaças e fugiram com o veículo. Assim que conseguiu se soltar, o funcionário acionou a Polícia que imediatamente transmitiu as informações às cidades vizinhas para o cerco bloqueio. De acordo com Sérgio, quando fecharam a barreira de Rifaina, o veículo já havia passado, mas foi localizado próximo a Pedregulho, na entrada de Jeriquara.

“- Com a perseguição da Polícia, os dois saltaram do veículo em movimento que colidiu com um poste. Os dois ladrões tiveram escoriações leves e fugiram, mas a fuga foi apenas temporária. Por volta das 21h00, um deles foi preso ao voltar para a cidade e tentar pegar um taxi. Uma hora depois, o segundo elemento foi preso, graças à denúncia de um fazendeiro de que havia um suspeito na região de sua fazenda”, contou Sérgio, revelando que “um dos elementos é de Franca, com várias passagens pela Polícia, o outro usava documentos falsos e está sendo feita a investigação através das digitais no estado de São Paulo”. 

Sérgio, ex-presidente da Associação Comercial e Empresarial - ACE e membro da atual diretoria, faz um alerta aos comerciantes. “Desconfiem de pessoas desconhecidas, sem documento, que recusam nota e estão sempre com pressa. Por se tratar de apenas uma cama, mandamos apenas uma pessoa pra entregar e montar. A cidade é pequena e ninguém imagina que vai acontecer algo assim, mas acontece. Eles compraram à vista, agendaram a entrega e esperaram a hora. Tem que cuidar, ficar atento com estranhos”, alerta.