O assassinato do menor Luiz Phelipe Mendes Lara, 3, na tarde da quinta-feira, 22, por sua própria mãe, Ana Paula Gomes Mendes, 25, chocou a cidade, pelas circunstâncias de crueldade de como aconteceu o crime, em sua própria casa.
Em entrevista ao ET, o delegado Cesar Felipe Colombari da Silva disse que estava estarrecido com as circunstâncias do crime, logo que chegou à Santa Casa. “Fui acionado e compareci à Santa Casa e verifiquei que na verdade era um caso de homicídio e não acidente, como a mãe disse. A sargento Edna deu voz de prisão e a mãe, Ana Paula, saiu correndo, mas eu consegui alcançá-la uma quadra após. A perícia compareceu ao local, onde constamos marcas de sangue no interior da casa”, disse.
Segundo Cezar Colombari, a roupa encontrada da criança estava toda suja de sangue, deduzindo que teria sido trocada. “Se tivesse sido um acidente, a mãe não trocaria a roupa da criança para pedir socorro. No portão, não havia também marcas de que a criança teria subido ali, pois não há marcas de sangue. Nada que indique que houve acidente”, afirmou, informando que o perito constatou que as lesões sofridas pela vítima não eram de acidente.
Afirmou mais o delegado que Luiz Phelipe estava muito machucado. “A criança apresentava mordidas na orelha, no órgão genital, nas costas, escoriações pelo corpo e pescoço todo. A mãe, em vez de socorrer o filho, indo para o Pronto Socorro, ela fez um caminho inverso, seguindo para a casa dos familiares, com a criança já morta no colo”, disse.
Informações preliminares, sem ainda a constatação da perícia, cujo laudo, deve ser expedido em até dez dias, a morte de Luiz Phelipe teria ocorrido por volta das 17h00. “Acreditamos que a criança morreu por volta das 17h00 e a mãe procurou socorro só por volta das 18h00. Nesse meio tempo, ela teria contado uma história para o filho mais velho, de seis anos de idade, pra dizer que houve um acidente, mas a perícia foi categórica: não houve acidente”, afirmou.
Além da mãe e do menor morto, estavam na casa outros dois filhos, um de seis anos, que provavelmente, teria participado do crime, e outro de um ano e meio.
Ana Paula já foi presa em agosto de 2008 por lesão contra o próprio Luiz Phelipe, que tinha apenas um ano e onze meses. Ela foi presa por lesão corporal grave. Ficou presa por dois meses e dez dias, quando teve a liberdade provisória deferida pelo juiz, mas perdeu a guarda do filho. Entretanto, o juiz de outra cidade deferiu a guarda para a mãe, em outubro de 2009.
Na delegacia, Ana Paula permaneceu calada. “Ela não disse nada, se reservou ao direito constitucional de só falar em juízo”, disse o Delegado Cezar, que ouviu também o vizinho que prestou socorro, a avó e o pai de Luiz Phelipe. “A sogra de Ana Paula esteve na casa até por volta das 16h00 e estava tudo tranquilo. O marido saiu para trabalhar às 5h30 da manhã e só chegou por volta das 19h30, quando a criança já estava morta. Na casa, estavam a mãe e os filhos. Há informações, conforme constatação da polícia que o filho de seis anos poderia ter participação no crime, porque tem mordidas de criança no corpo da vítima. E o menino repete a versão da mãe. Quer dizer, nessa uma hora que a criança estava morta, a mãe deve ter incutido nele uma história para repetir”, afirmou mais.
Há vários comentários e especulações pela cidade, mas o delegado afirma que só o laudo pericial vai constatar, inclusive se houve violência sexual. “O laudo fica pronto entre sete a dez dias”, informou.
De acordo com a delegado, o pai da criança assassinada, André Luiz Roberto Lara, está em choque. “Ele está em choque, muito surpreso, disse que não sabe de nada, que estava trabalhando. Mas ele parece ser uma pessoa omissa com o que acontece em casa. Quando a mulher foi presa em 2008, ele a defendeu. Parece ser uma pessoa totalmente alheia à família, mas não tem participação”, frisou.
Conforme frisou o delegado Cezar, a mãe Ana Paula foi autuada em flagrante delito por homicídio duplamente qualificado por meio cruel e pela impossibilidade de defesa da vítima. Por essas circunstâncias, a morte do garoto caracteriza um crime hediondo e inafiançável. Ao ser questionado se a mãe apresentava comportamento alterado devido a droga ou bebida alcóolica, o delegado foi explícito: “Ela não aparentava estar bêbada, nem drogada ou louca. Em quatro anos de delegado, esse é um dos crimes mais bárbaros que eu já vi. Chegamos ao fim do poço. A mãe matar o filho, para mim, é terrível. Já vi filho matar mãe, mas a mãe matar o filho numa situação dessas, com crueldade é de repugnar”, desabafou.
A repercussão do caso tomou dimensões extremas. Na manhã da sexta-feira, 23, três TV estiveram na cidade e inúmeros telefonemas de São Paulo, Belo Horizonte. “ Sacramento, infelizmente, vai estar na mídia, por conta de uma tragédia”.
Ana Paula é natural de Teófilo Otoni (MG) e o marido, André Luiz Roberto Lara, natural de São Vicente (SP).