Projeto aprovado na calada da noite na Assembleia permite derrubada dos 48% que restam da chamada mata seca, no Norte do estado, para beneficiar agricultura e carvoarias
Quarenta e seis dos 77 deputados da Assembléia mineira compareceram à sessão extraordinária, no dia 16, para votar, em segundo turno, o Projeto de Lei 4.057/2009, de autoria do deputado Gil Pereira, que prevê o desmatamento da cobertura vegetal do norte do estado. O texto, que retira a mata seca da área de preservação ambiental da Mata Atlântica, foi aprovado por 45 deputados e apenas um voto contrário, do deputado Fábio Avelar , que disse que houve um acordo entre os deputados para que o PL fosse aprovado na noite daquela quarta-feira.
Se a lei for sancionada pelo governador Antonio Anastasia, permitirá que os 48% que restam da mata seca no Norte de Minas, até então protegidos pela legislação federal, sejam desmatados para a atividade agrícola e produção de carvão. O principal argumento é que a mudança abriria na região mais 250 mil postos de trabalho no campo. Mas uma pesquisa científica feita pela Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) aponta que apenas os latifundiários serão beneficiados, visto que a região tem como principais atividades o cultivo de frutas irrigadas, a pecuária e a produção de carvão vegetal. “Falar que o desmatamento abrirá mais 250 mil postos de trabalho é uma falácia. Só os latifundiários sairão ganhando”, criticou o biólogo Mário Marcos do Espírito Santo, doutor em Ecologia e professor da Unimontes.
Já o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Montes Claros, Ricardo Laughton, elogiou o projeto. “Agora podemos voltar a produzir com mais tranquilidade. Havia uma pesada indústria de multas que oneravam a produção e ao mesmo tempo empobreciam a classe rural da região. O que a classe rural deseja é produzir, trabalhar e gerar desenvolvimento para o norte-mineiro”, comentou o presidente.
(Fonte: Alessandro Abdala)