Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Câmara presta homenagem a Corina Novelino

Edição n° 1320 - 27 Julho 2012

 

Para homenagear a professora e escritora Corina Novelino, que completaria 100 anos no próximo dia 12 de agosto, o Poder Legislativo lançou um selo comemorativo que será usado nas correspondências oficiais da Presidência e fará parte integrante do acervo histórico do Colégio Allan Kardec. Outra homenagem, foi  o cartão de prata com os dizeres do médium Emmanuel: “Se conservares o amor no coração, obra divina do universo, nunca te perderás na sombra, porque terás convertido a própria alma em presença de luz”. 

E, finalmente, uma placa que será afixada no Colégio Allan Kardec, como marco histórico daquela sessão e o reconhecimento do poder Legislativo sacramentano à nobreza das ações de Mãe Corina. 

A solenidade foi abrilhantada pelo Coral Corina Novelino, do Colégio Allan Kardec e Coral Aparecida Rebelo Novelino, da Escola Eurípedes Barsanulfo, que apresentaram belas músicas do cancioneiro popular. Destaque para 'Noite do meu bem', de Dolores Duran, uma das prediletas de Corina Novelino e a composição, 'Corina', de autoria do músico e regente do coral, Moacir Camargo. Ao piano, o jovem Guilherme Cassabian Paiva, que executou o Hino Nacional na abertura da solenidade e o Hino de Sacramento, junto com o flautista Thalles Bianchini. 

 

 

Corina viveu a  máxima do evangelho: ‘Amai-vos uns aos outros’

 

 

O vereador José Carlos Basso De Santi Vieira, autor do requerimento de homenagem a Corina Novelino, enalteceu de forma ostensiva o trabalho de Corina e seu ideal. “...É sabença de todos que Corina Novelino, alicerçada no ideal de Eurípedes Barsanulfo e agindo sob as inspirações e vibrações do amor, deu continuidade às obras desenvolvidas no Colégio através da educação de inúmeros sacramentanos, vez que conhecedora de que somente a educação pode dotar o ser humano de conhecimentos e valores e, assim aprimorá-los em sua consciência a fim de evoluir. Mas além da educação, Corina se mostrou – como tantos outros – uma apóstola da caridade e do exercício da máxima do evangelho: Amai-vos uns aos outros...”. 

 

“Felizes aqueles que puderam conhecer e compartilhar seus ensinamentos”

 

Maria Tereza Abrate Melo, representando o prefeito Wesley De Santi de Melo em sua mensagem destacou: “Falar de Mãe Corina é assimilá-la como a mestra por excelência. Em nome do Poder Executivo, nós só podemos neste momento, nos unirmos ao sentimento de todo o povo desta terra, que vê na figura de Corina Novelino, uma das pessoas que mais se doou através de sua generosidade. A educação de Sacramento deve muito a sua pessoa. Tudo o que ela representou para o nosso povo é sinal claro de que o amor só constrói e cativa. Foram muitos os que ficaram órfãos de seu amor, de sua presença, mas engrandecidos por seu exemplo de dedicação e entrega. Felizes foram aqueles que puderam conhecer e compartilhar seus ensinamentos. Aqui fica registrada a gratidão de todo um povo que reconheceu no seu labor humilde e silencioso, a Mãe Corina de todos”. 

O vereador Bruno Scalon Cordeiro destacou sua alegria em homenagear os vultos que marcaram a história da cidade como Corina. “É como se emoldurássemos a bondade, o amor e esses sentimentos nos reverenciássemos eternamente”, afirmou e concluiu seu discurso com o poema, Bons Amigos, de Machado de Assis. 

O vereador Carlos Alberto Cerchi, ex-aluno de Corina recordou passagens de sua vida estudantil e do legado que recebeu de Corina, ao estudar no primeiro Ginásio noturno de Sacramento.  “Aluno peralta, quando cheguei ao Colégio Allan Kardec, um aluno me disse: 'Ah, italianinho se você veio aqui pra brincar, pode pegar sua sacolinha e vazar'. E isso me marcou muito. Daí pra diante comecei a pensar nos estudos de outra forma e me emocionava pelo fato de aqui haver o trabalho de uma mulher extraordinária”, destacou, recordando outros fatos. 

O historiador, secretário de Cultura e Turismo, Amir Salomão Jacob, ex-aluno de Corina, também trouxe a tona suas reminiscências e o aprendizado, sobretudo na literatura.

O presidente José Maria Sobrinho saudou os presentes destacando a alegria de a Câmara poder mais uma vez instalar-se no Colégio. “Mãe Corina, mãe de amor, mãe de caridade, mãe de fé, mãe de luz, tudo de mãe Corina já foi dito e vou-me restringir a registrar este fato histórico, pela mesma motivação: a grandeza da vida  e a grandeza da memória de mãe Corina”, disse, relatando também fatos de sua vida pessoal, quando teve o  seu escritório de advocacia instalado bem em frente ao colégio por dez anos, e da amizade com Wandinha, uma das filhas de Corina, que chamou carinhosamente de sua 'primeira secretária voluntária'.

 

Para Alzira Amui, ‘Corina realmente nascera para ser Mãe Corina

 

Corina Novelino nasceu na cidade de Delfinópolis, em 12 de agosto de 1912, filha de José Gonçalves Novelino e Josefina Novelino. Teve mais quatro irmãos: Geni, Eusápia, Jandira e Eurípedes Novelino.

Seus pais transferiram residência para Sacramento, quando Corina ainda era muito criança, apenas seis anos, com o objetivo de tratar da saúde da mãe Josefina e matricular  os filhos no Colégio Allan Kardec. Poucos meses depois, dona Josefina falece e Corina, com autorização do pai, muda-se para a casa do casal José Rezende e Edalides, irmã de Eurípedes Barsanulfo. Apenas 29 dias após, Corina e os irmãos perdem também o pai, José Gonçalves.  Os demais filhos, assim como Corina, são todos amparados. Corina estuda no colégio fundado por Eurípedes e soube seguir os seus exemplos, fazendo-se querida de todos na cidade e reconhecida como educadora e dama da caridade por tudo que realizou  em favor da cidade. 

A partir de 1941, sua história de vida, de fato ganha destaque ao assumir a direção do Colégio Allan Kardec, sucedendo a Homilton Wilson, irmão de Eurípedes.  E Corina, aos 29 anos,  passa a realizar sua obra maior: a da caridade sem limites, quer aos menos favorecidos, quer na educação, fundando no Colégio Allan Kardec o  Curso Ginasial noturno, para beneficiar  os jovens trabalhadores que queriam seguir nos estudos. 

Corina dedicou grande parte de sua vida ao magistério como professora do Colégio Allan Kardec e na Escola Coronel José Afonso de Almeida. Mas, graças ao seu dinamismo e desejo de ajudar mais e mais, nasce o Lar de Eurípedes, entidade de amparo a meninas carentes, que se tornaram grandes mulheres atuantes na sociedade. Vale dizer que o Lar de Eurípedes foi mantido durante muito tempo quase que às suas expensas com o ordenado de professora e mais a ajuda de amigos benfeitores. 

Outra obras de destaque na cidade e mantidas pela comunidade espírita nasceram também do seu espírito empreendedor, como “Clube das Mãezinhas” que contava com a ajuda de senhoras da sociedade para costurar enxovais para crianças pobres, obra que continua hoje sob a direção de uma de suas continuadoras, Heigorina Cunha.  Também a Escola Eurípedes Barsanulfo no bairro João XXIII, que nasceu com o apoio de seu primo, Tomás Novelino, e, cujas atividades tiveram início em 1975, dando continuidade à proposta pedagógica de Eurípedes; outra é a Escola de Evangelização Vó Meca, no bairro São Geraldo. Todas visando apenas a ajuda ao ser humano. 

Corina realmente nascera para ser a Mãe Corina, no só das meninas do Lar, mas mãe de muitos. Outro dom de Corina era o dom das letras. Em 1979, Corina abre o Centenário de Eurípedes com o lançamento do livro, 'Eurípedes, o Homem e a Missão', mas escrevia também para jornais e revistas, como a Revista Internacional do Espiritismo, Anuário Espírita; vários jornais, como O Clarim, O Lar de Eurípedes (por ela criado), O Estado do Triangulo, Jornal da LBV de Brasília, A Flama,  de Uberaba, Nova Era,  de Franca; Crônicas para Lamartine Barros, na cidade Rio de Janeiro e outros. Além de obras mediúnicas, dentre elas o romance,  A Grande Espera e  Escuta meu filho.    

Por tudo que Corina foi e representou não só para o Espiritismo , mas toda Sacramento,  fez jus a várias homenagens na cidade: Mãe do Ano, Personalidade do Ano, Cidadã Sacramentana, mas a maior homenagem, com certeza será a de ter sempre seus exemplos seguidos por aqueles que se beneficiaram de seu zelo e são hoje os multiplicadores.  A obra de Corina tornou-se imortal nos corações de todos aqueles compreendem o seu grande ideal e aí reside o mérito da homenagem legislativa pelo centenário de seu nascimento. 

 

Filha agradece homenagens

 

Marileia Abadia Alves (foto), uma das filhas de Corina, em nome das filhas de Corina, expressou os agradecimentos pelas homenagens. Em tom emocionado, lembrou a educação recebida por  Corina que ia além da prática da caridade, compartilhada de casa em casa com todas suas filhas, para que aprendessem “como se deve fazer a beneficência” (...) “Você poderá me ajudar a cuidar das pessoas doentes, limpar as feridas, ler uma leitura, tratar bem a pessoa,  dar um sorriso. Não te basta? Então você irá aprender a costurar e confeccionar roupinhas  para que você mesma possa entregar ás crianças no inverno”. (...) “Essa mulher chama-se Corina Novelino e eu escolhi esta passagem porque ela sempre nos contava,  quando sentava conosco na biblioteca que ela dava tanto valor.   E todas nós aprendemos a costurar e confeccionar roupinhas de inverno para crianças pra que a gente pudesse levar para as famílias mais necessitadas”, disse. 

Alzira Bessa França Amui, em nome da diretoria do Grupo Espírita Esperança e Caridade, Lar de Eurípedes e Colégio Allan Kardec agradeceu as homenagens. “Sacramento foi privilegiada pela passagem  de grandes vultos que fizeram de suas vidas um importante legado de amor e dedicação. Grandes mulheres fizeram parte de sua história a partir de Maria 

Ausente, proprietária das terras que foram compradas para erguer Sacramento, abençoada por Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento. Encontramos na memória sacramentana, a presença de  grandes mulheres, educadoras que não se intimidaram diante de grandes desafios em prol do progresso da cidade. Destacamos as professoras Ana Borges, Maria Crema, Aracy Lopes Pavanelli, Corália Venites Maluf e Corina Novelino. 

Cada uma construiu uma parte da história educacional de nossa cidade. A visão dessas mulheres foi arrojada e alvissareira para a época pelo seu trabalho de educação e amor. Estamos hoje vivendo um momento impar na história de nossa casa, recebendo os vereadores  de nosso município, para, em sessão extraordinária, prestar sua homenagem a esta grande educadora, Corina Novelino. Nos desígnios de Deus estão as grandes missões que só o tempo vem nos mostrar”, disse e passou à biografia da educadora, escritora, médium e mãe, Corina Novelino.