Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

Três vereadores avaliam ano legislativo

Edição n° 1290 - 30 Dezembro 2011

Como foi o ano legislativo, que avaliação o Sr. faz da casa em relação ao seu objetivo e o trabalho junto ao poder Executivo? Com essa pergunta, o ET entrevistou três vereadores, o presidente da Casa, José Maria Sobrinho, o vereador da bancada de oposição, Marcelino Marra  Batista, e o vereador da base governista, José Carlos Basso De Santi Vieira. Veja a opinião de cada um deles. 

 

Presidente José Maria

 

 

Ao encerrar no último dia 12, a última reunião ordinária do ano, o presidente da Câmara Municipal de Sacramento, José Maria Sobrinho (PR), em entrevista ao ET, fez uma avaliação positiva dos trabalhos legislativos.

“No ponto de vista institucional fomos extremamente corretos, a Casa pautou o seu relacionamento  com os outros poderes de forma sempre proveitosa  e educada”, avaliou, ressalvando, entretanto, que a relação com o poder Executivo não foi recíproca. “Eu a considero proveitosa, mas não posso deixar de dizer - repercutindo aquilo que os vereadores estão dizendo – que, ás vezes, há uma falta de reciprocidade, sobretudo quando se trata dos requerimentos da Câmara  e que não são respondidos”, disse. 

Para José Maria, esta 'falta de reciprocidade' é a única preocupação sua em relação ao próximo ano. “Isso tem sido objeto de preocupação e como presidente - sempre movido pela educação e respeito à figura pessoal do prefeito - já tratei isso com ele, porque no próximo ano isso não será tolerado, inclusive já estamos avaliando um mandado de segurança para corrigir essa distorção. Então, eu diria que nessa relação temos feito mais do que temos recebido, exatamente pela falta de atenção aos requerimentos dos vereadores”, afirmou. 

 Falando sobre os trabalhos da casa e as ações de natureza administrativa, o presidente se declarou satisfeito. “Sinto-me orgulhoso com as diversas aquisições e melhorias que fizemos e estamos fazendo, como a aquisição de veículo novo, modernização do sistema telefônico, modificação do sistema de som e sonoplastia do plenário. E, sobretudo, o que me deixa muito feliz é que já abri a licitação pra a reforma do prédio, na qual vamos incluir a acessibilidade, pois vejo com muita tristeza que essa casa até hoje não oferece acessibilidade aos portadores de deficiência e Deus vai me dar a graça de realizar isso”, finalizou.

 

Cheque para a Santa Casa 

 

 

Falamos também com o presidente José Maria sobre o cheque no valor de mais de R$ 200 mil que a Câmara teria repassado à Prefeitura, com destinação ao pagamento das despesas da Sana Casa com o fisco, mas que foi devolvido à casa, para ser destinado ao pagamento do 13º do funcionalismo municipal. 

O presidente José Maria começou afirmando que o acordo feito entre o vice-prefeito Pedro Teodoro Rodrigues, e o provedor da Santa Casa, Itair Ferreira dos Reis, naquela casa, não foi cumprido pelo prefeito Wesley De Santi de Melo. 

“- Cada administrador tem seus espinhos, assim como tem suas bem-aventuranças. Eu acredito que o prefeito teve suas razões para isso, ainda que eu não as compreenda, porque o que surgiu aqui como um grande problema dentro da Câmara foi uma situação de penúria dentro da Santa Casa, que eu particularmente considero a mais importante instituição que temos na cidade. Usando toda nossa boa vontade repassamos o dinheiro, que a Santa Casa veio pedir através do provedor e do vice prefeito. Eu entendi que havia um apelo institucional  e repassei o dinheiro. O prefeito devolveu o cheque com o argumento de que o dinheiro que a Câmara vai restituir será usado no 13º. Eu não compreendo essa decisão,  porém a respeito”, afirmou. 

Segundo José Maria, a devolução do dinheiro seria destinada a uma causa tão justa que não usou aquela devolução para fazer política. “Não participei de nenhum jogo político, não participei de nenhum proselitismo político e não quis faturar política nem publicamente com essa postura, porque ele é de uma natureza tão grande, que eu me sentiria pequeno. Não fui para jornais e rádio anunciar que devolvi, jamais e, a partir do momento que o prefeito me ligou, dizendo que não faria com o dinheiro, aquilo que fora acordado com o prefeito e o provedor, me silenciei e só me manifesto se perguntado. Eu  simplesmente relato os fatos, me abdicando de emitir opiniões, porque ao mesmo tempo que  não concordo com o prefeito, também respeito a decisão dele”, disse mais. 

José Maria informou ainda que foi procurado pelo prefeito que solicitou urgência na devolução do duodécimo para proceder a quitação do 13º. “Eu lhe pedi que pague o duodécimo referente a dezembro para que eu possa finalizar a contabilidade”, finalizou. 

 

 

Vereador José Carlos 

 

 

«A avaliação que faço do ano legislativo que se encerra é no sentido de que a Câmara Municipal desempenhou seu trabalho a contento, pois realizou o exercício de suas funções com parcimônia e atento aos interesses da população. É importante dizer que talvez aos olhos da população, a atuação da Câmara seja tímida, pois a grande maioria dos cidadãos espera que o poder Legislativo realize ações que atendam demandas que não são da sua competência e nem podem por ele ser realizadas, vez que estão na órbita da competência do poder Executivo”, avaliou o vereador José Carlos Basso De Santi Vieira, o Fofão, do PV. 

Para o vereador, no trabalho desenvolvido este ano, houve a efetiva participação do poder Legislativo para a conquista de grandes e importantes projetos para a população. “Basta dizer que a tempo e a hora, os vereadores realizaram a aprovação de leis que permitiram a doações de inúmeros lotes para a implantação do Jardim das Acácias e Eurípedes Barsanulfo; o projeto de financiamento para que os alunos das escolas municipais sejam contemplados com o programa, 'um computador por aluno'; projeto de concessão de benefícios para os usuários do sistema único de saúde; projeto do reajuste dos professores da rede municipal, isto em cumprimento à lei federal; projeto de concessão de subvenções para as entidades de assistência social, entre tantos outros”, enumerou. 

De acordo ainda com o vereador José Carlos, ao contrário do que avaliou o presidente da Casa, José Maria Sobrinho, houve um bom relacionamento entre os poderes Legislativo e Executivo. “O Governo Municipal manteve com o Legislativo, - isto sem perder a noção de que o Parlamento é o local próprio para os debates e as críticas sob os mais diferentes ângulos que se analise a situação -, um relacionamento de respeito e de trabalho em prol da população, pois inobstante haver na Câmara ampla maioria de vereadores que não foram eleitos na coligação que elegeu o Prefeito Municipal, não houve em nenhum momento o estabelecimento de empecilhos para o bom andamento do governo municipal”. 

Conclui José Carlos elogiando a atuação do governo. “E, finalmente, faz-se necessário registrar que os avanços que o Executivo Municipal alcançou durante o ano de 2011, embora não tenha atendido a todas as demandas colocadas para a apreciação,  realizou um profundo trabalho em todos os campos da administração pública, visando sempre aos preceitos maiores da transparência e da boa gestão, tendo alcançado a solução de problemas que há anos eram relegados ao esquecimento".

 

Vereador Marcelino Marra

 

 

Um dos mais atuantes opositores do governo, o vereador Marcelino Marra Batista (PSD), avaliando o ano de 2011, apontou entre os vereadores uma falta de integridade política legislativa. “Eu enxergo os vereadores como representante de 15 mil eleitores, e quando estamos aqui nos dispersamos. Acaba que a gente não arregimenta uma força maior para contrapor ou direcionar o Executivo. Tive um trabalho parlamentar que foi quase individual, porque minha luta foi voltada para os interesses dos produtores rurais, porque vejo que é muito mais importante o produtor pagar impostos, do que receber o Bolsa Família”, disse.

 Marcelino vê na produção agropecuária do município o seu grande filão econômico. “Temos de reconhecer que o nosso município é rico, pelos dados do IBGE de 2008, recentemente divulgados, somos o 26º PIB agropecuário do país  e isso é uma força tremenda. Por isso eu gostaria que no próximo ano tivéssemos mais representantes na Câmara que defendessem os interesses econômicos e, consequentemente ,os interesses sociais do município, porque falta uma política econômica para o município”, afirmou. 

Para ilustrar, Marcelino cita o trabalho da jovem  Ravana Leite, 19,  filha do empresário rural Joel Leite e Marly, que,  após concluir o ensino médio na Escola Municipal de Jaguarinha e  tentar alguns vestibulares sem êxito, retornou para a fazenda e foi investir no seu meio. 

Segundo o vereador, Ravana arrendou uma propriedade próxima ao Hotel Portal da Canastra, na região de Sete Voltas, que já possuía uma estrutura leiteira  e construiu a queijeira para a certificação do Queijo Minas. “Ravana toca a propriedade a meia. O proprietário entrou com o rebanho e ela com a fabricação de queijos, a fazenda está toda regularizada, tudo pronto e aprovado, aguardando a certificação”, informou Marcelino, parabenizando a jovem.