Evento que contou com um significativo público, que prestigiou a abertura da exposição de trabalhos artísticos, realizados em 2010, sobre a África, assinados pelos alunos da Professora Maristela Borges Tura com o apoio da professora Walnilda Vieira, da EE Cel. José Afonso de Almeida. Foram expostos também trabalhos de Leila Pain Thiago, do ateliê Leilarte. Encerrando a noite, a palestra proferida pelo professor e advogado, Gilberto Neves, membro do Cenafro, de Uberlândia, debatendo o tema, “Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade”.
Presentes ao evento, dentre outros, o vereador Carlos Aberto Cerchi, presidente da Comissão de Educação, Cultura, Esporte e Lazer, incentivador das causas culturais na cidade e região e que teve a iniciativa das comemorações. Vereador Alex Bovi, presidente do Terno de Congada São Benedito, Delcides Thiago e Antônio Francisco, professora Maristela Borges Tura, a vice diretora da Escola Coronel Odileia Zago Bizinoto e a diretora eleita, Mônica Vieira Almeida, o escritor conquistense Dimas Cruz e jovens estudantes.
Na sexta-feira, 18, além da exposição que permanece aberta a visitação, durante todo o dia, apresentação de capoeira na praça Getúlio Vargas, às 19h00, com a roda do Mestre Beto e desfile de Congada e, às 20h00, palestra proferida pelo sociólogo Júlio Cesar Pereira, sobre a Lei 10.639, de 2003, que versa sobre a inclusão da comemoração no calendário escolar, nos níveis fundamental e médio, e que também tornou obrigatório o ensino da história e cultura afro-brasileiras.
O vereador Carlos Alberto Cerchi falando das comemorações afirmou que “a reflexão sobre os heróis brasileiros é muito importante e Zumbi é de extrema importância porque talvez tenha sido uma das primeiras figuras a contrapor o domínio europeu no Brasil. Ele foi contra as regras impostas e lutou contra elas, morreu por elas. Reverenciar o 20 de novembro é uma obrigação da sociedade e foi nesse sentido que criamos a lei, no nosso primeiro mandato e agora há uma resolução da Câmara que sacramenta essa data no âmbito do Legislativo”.
Combate ao Racismo
O professor e advogado Gilberto Neves, membro do Centro Nacional de Estudos de Políticas da Promoção da Igualdade – Cenafro, com sede em Uberlândia, abordou o tema, 'Combate ao Racismo e Promoção da Igualdade'. “O Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, historicamente, comemora a pessoa de Zumbi dos Palmares, que foi traído e morto pela liberdade, contra a escravidão e pela independência. Essa data é uma referência de luta para denunciar o racismo, a discriminação racial e cobrar do governo, as políticas públicas de promoção da igualdade racial”.
Segundo o professor, racismo não representa apenas uma ofensa pessoal, como um xingamento. “Racismo é também a desigualdade social demonstrado pela cor da pele, tais como o alto índice de desemprego entre negros, a presença ínfima de negros nas universidades, salário desigual e tantas outras discriminações”, destacou.
O Prof. Gilberto mostrou também as causas, as origens e os avanços obtidos pela comunidade negra, tais como as políticas públicas, as cotas raciais, o ProUni, a Lei 10.639, de 2003 que torna obrigatório o ensino da história da África no currículo escolar, o Estatuto da Igualdade Racial e tantas outras. “|Mas é preciso fazer muito mais, porque essa luta é secular, pois só a escravidão durou quase 350 anos e o progresso do país não chegou da mesma forma para os negros”, frisou.
13 de Maio x 20 de novembro
Para o professor Gilberto Neves, a data de 20 de novembro é de extrema importância para a raça negra e explica que ela surgiu no final da década de 1980 e se institucionalizou em 1995, com a Marcha contra o Racismo. “Naquele ano, pela primeira vez, o presidente reuniu os ministros para dar uma resposta às reivindicações do Movimento Negro, que visam resgatar as figuras dos heróis negros no Brasil, que não eram mostrados nos livros da história do Brasil. E dentro desse principio ficou estabelecido que o dia 20 e novembro seria o Dia da Consciência Negra em referência a Zumbi dos Palmares”, explicou.
De acordo com Neves, “a sociedade não pode mais aceitar a idéia de que a abolição da escravatura foi a concessão de uma princesa branca, que um dia resolveu fazer um decreto de alforria. Na verdade, os negros lutaram pela sua liberdade. O que os livros de história sempre passaram era de que os negros eram indolentes, complacentes, que não tinham capacidade de resistência, nem de organização e isso não é verdade”, frisou.
Finalizando, falou do objetivo do Dia Nacional da Consciência Negra. Nosso objetivo é mostrar que os negros construíram e constroem nosso país e que lutaram pelos seus interesses. Houve, sim, muita luta, muitas mortes para se chegar a isso. Zumbi teve a cabeça cortada e exposta em praça pública, uma atitude para intimidar os negros a não lutar, mas isso não adiantou, porque os negros continuaram a lutar. E, hoje resgatamos a memória de Zumbi dos Palmares, para dizer à sociedade: Nós combatemos o racismo, a desigualdade social e vamos fazer isso com todas as forças”, disse, elogiando a iniciativa da Câmara, através do vereador Carlos Alberto Cerchi.