Há tempos o problema de cães de rua na cidade de Sacramento tem sido motivo de reclamações da população e de reivindicações por parte dos Protetores dos Animais de Sacramento. O problema já foi objeto de requerimentos, denúncias e debates na Câmara de vereadores, nos programas de rádio, na imprensa escrita e até de boletins de ocorrências. Algumas medidas tomadas como a criação do canil, de nada adiantou dadas as precaríssimas condições do local e a falta de alimentos e cuidados com os animais. Fechou-se o canil.
Agora é pra valer, os Protetores dos Animais de Sacramento, na pessoa de Daniel Augusto da Silva, protocolou na Prefeitura um 'dossiê' completo, acompanhado de um vídeo e fotos que mostram a realidade dos cães na cidade, em todos os lugares: nas ruas, nos alpendres de residências, nas igrejas, nas portas de escolas, santa casa, clínicas, estabelecimentos comerciais, restaurantes, praças, prédios públicos e jardins. São cães vadios, doentes e muitas vítimas de maus tratos, mortos por atropelamento ou envenenados.
Na justificativa, Daniel aponta cães cruzando, brigando, e sendo mortos nas ruas da cidade, junto com a população. Chama atenção para o fato de que, dada a quantidade cães abandonados, “as pessoas por mais que gostem de animais começaram a detestar os cães e gatos, passando a agir de forma impensada, por não suportarem mais esses animais nas ruas. A cada dia essa situação está se agravando ainda mais”, justifica, alertando para o risco à saúde da população com a transmissão de doenças.
Requerendo um controle ético de animais domésticos, através da esterilização como controle populacional, Daniel junta ao abaixo-assinado com 1011 assinaturas colhidas em todos os bairros da cidade, boletins de ocorrência, panfletos educativos e a ata de uma reunião o Ministério Público, realizada dia 8 de junho de 2009, com o fim específico de tratar sobre esse assunto. .
Participaram a reunião o promotor José do Egito de Castro Souza; secretário de Saúde, Edward Meirelles de Oliveira; assessor jurídico da Área da Saúde, Éderson Santos Bizinoto; representantes das lojas Maçônicas Acácia do Borá e General Sodré, respectivamente, Ivan Rosa Gomides e Luiz Fernando de Oliveira; o então presidente do Rotary, Joel Vilela Moreira Leite acompanhado do médico vice-presidente, Fernando Fernandes; o veterinário José Alexandre Tosi e os voluntários Wana Iara Rosa Camilo e Daniel Augusto Silva.
O documento foi entregue ao prefeito Wesley De Santi de Melo, agora é esperar as medidas a serem adotadas pelo poder público. Conforme justifica Daniel, “há anos temos trabalhado na erradicação do problema, porém percebe-se que sem o apoio e implantação de uma política pública eficiente, nossos esforços serão em vão. A população como um todo necessita de conscientização e educação com campanhas claras e objetivas para conseguirmos alcançar resultados positivos. Nesse sentido, é que vimos bater às portas do poder Executivo Municipal, pois não podemos mais esperar que as legislações federais, estaduais e municipais continuem sendo letras mortas, enquanto a comunidade de Sacramento adoece juntos com essas pobres criaturas”.
A título de ilustração, registramos o depoimento de uma senhora, ocorrido no primeiro domingo de janeiro, pela manhã. Diz a senhora, que ia pela rua, quando dois senhores saíram de um dos hotéis da cidade e seguiam pela rua atrás dela, quando um deles disse: “Essa cidade parece que tem mais cachorro do que gente. Eu olhei e vi de um lado da calçada dois cachorros, do outro três, mais à frente dois, mais um na esquina e só eu de gente. Fiquei com vergonha”, confessou.