Jornal O Estado do Triângulo - Sacramento
Edição nº 1783- 18 de junho de 2021

PM qualifica panfleteiro


A Polícia Militar, atendendo à solicitação do prefeito Joaquim Rosa Pinheiro, do PFL, qualificou, através de Boletim de Ocorrência, o motorista autônomo, José Pereira dos Reis, o Zezão, 49, por volta das 23h00, do sábado, 30, sob a acusação de calúnia. José estava em sua casa, quando recebeu a visita da polícia dizendo que iria qualificá-lo por panfletagem na cidade, a pedido do prefeito.

Consta do BO nº 1.422.006 que o prefeito municipal Joaquim Rosa Pinheiro (PFL) 49, apresentou à policia um panfleto partidário do PDT, PMDB, PSDB, PT, alegando que José Pereira dos Reis, na companhia de seus familiares fazia a distribuição dos mesmos pela cidade, caluniando a sua administração e denegrindo a sua pessoa perante a sociedade. Após a denúncia, a polícia foi ao encalço de José, lavrando o BO, que foi assinado pelos soldados, Fernando Caixeta Júnior e Geraldo Antonio Miranda.

José Pereira dos Reis, Zezão, como é conhecido admitiu à policia a entrega dos panfletos juntamente com sua mulher e filha. "Eu, minha mulher e minha filha estávamos trabalhando na entrega dos papéis e recebendo por isso", justificou. Fomos pagos para distribuir um panfleto assinado por vários partidos da cidade. Não era nada escondido. Fizemos tudo às claras, durante parte do dia e um pouco à noite", justificou Zezão.

Zezão: Isso é intimidação e perseguição

Procurado pelo Jornal, Zezão explica o que aconteceu. "Eu achei estranho ele me denunciar, porque eu não era o único fazendo a panfletagem. A minha área era o Perpétuo Socorro e o Cajuru e eu estava trabalhando. Sou pobre e defendo o meu ganha pão, a gente ganha por dia para entregar panfletos. Não fizemos nada escondido, entregamos os papéis abertamente. Esse panfleto está assinado por quatro partidos PDT, PMDB, PSDB e PT, não é nada anônimo", explicou.

Revoltado com a situação e pela violenta agressão moral por que passou, Zezão questiona: "Eu quero saber do prefeito porque é que antes da política eu entregava papel, para eles, até ofendendo o Biro. Colocando papel debaixo das portas para eles, até de graça. Por que agora, ele manda me qualificar? Ele quer me intimidar? Eu já trabalhei pra eles até debaixo de chuva e sem ganhar nada e agora eu estava trabalhando, sendo pago. Fiquei muito revoltado com essa situação, porque pela primeira vez o meu nome foi parar na polícia. Por quê? Só porque eu estava trabalhando? Eu estou tranqüilo, de cabeça erguida porque encontrei muita solidariedade. A minha casa encheu de gente, parecia festa", disse.

O panfleto...

O panfleto distribuído e que ocasionou o BO contra Zezão, foi elaborado pelos partidos PDT, PMDB, PSDB e PT que denunciam supostas irregularidades no atual governo como a compra sem licitação de uma sucata de patrol, no valor de R$ 145 mil, e que trabalhou apenas dois dias em 2005 e encontra-se quebrada. Denunciam também a compra de cinco caminhões, também sem licitação, nas mesmas condições da patrol. Outra denúncia grave mostrada no panfleto, foi a presença de funcionários da prefeitura trabalhando no rancho do prefeito, utilizando veículos e equipamentos da prefeitura e, ainda, o arquivamento do pedido de CPI. O panfleto foi divulgado em nome dos quatro partidos, estampando no rodapé a sua sigla.

Comissário de menor

José Pereira dos Reis, Zezão, é tido como um homem integro, ético e de conduta ilibada. Por isso, há mais de cinco anos integra o grupo de Comissariado de Menores, a pedido de ex-juiz da comarca. "Eu espero que isso não afete o meu trabalho de Comissário de Menores, que é um trabalho de voluntário. A gente não ganha nada para trabalhar nisso, mas ocupo o cargo de comissário desde que o juiz José Humberto da Silveira e o promotor criaram o comissariado e me aprovaram para integrar o grupo", explicou, afirmando que vê a atitude do prefeito Joaquim como uma forma de intimidação e perseguição.

Opinião dos presidentes

Aristócles Borges da Matta

O vereador Papinha, presidente do PDT, foi o primeiro a questionar: "Cadê a democracia? Vivemos num estado de direito, onde impera a democracia, consubstanciada no livre pensamento e discernimento de toda sociedade civil que tem o direito, o dever e a obrigação de fiscalizar o poder público constituído em todas os níveis, quer seja, federal, estadual e municipal".

Wesley De Santi Melo

Baguá, presidente do PMDB, também se manifestou: "Vivemos num país democrático, onde a liberdade de expressão encontra-se expressa na Constituição Federal. Os fatos relatados no panfleto são fatos reais, divulgados com o intuito de esclarecer a população. Não houve calúnia à pessoa do prefeito e sim uma divulgação do que está sendo feito pela administração pública".

Pedro Teodoro Rodrigues de Rezende

Para Dr. Pedro, vice-prefeito e presidente do PSDB, a atitude foi lamentável. "Fato lamentável como esse nos entristece e nos envergonha como brasileiros, onde governantes querem usar de seu poder para subjugar o povo, fazer calar as vozes do direito e da massa. Tirar do cidadão honesto uma das poucas riquezas que ainda possui, que é a liberdade, conquistada com sacrifícios e lágrimas de muitos de seu mártires. Democracia compreende o direito de falar e de ser ouvido; de conviver harmonicamente opiniões divergentes, de aceitar a crítica como elemento de construção e crescimento de uma nação. O poder emana do povo e deve ser exercido para o seu bem e nunca contra ele.

João Batista dos Reis,

O Joãozinho do PT também repudiou o ato do prefeito Joaquim: "Esta atitude do prefeito Joaquim não me surpreende. Este seu autoritarismo eu já conheço desde de sua medíocre administração anterior. Muitos lembram da nossa manifestação por falta d'água, com faixas nas suas inaugurações de pracinhas e rotatórias. Naquela oportunidade foi preciso muito diálogo com os policiais que nos abordaram a mando do prefeito, pedindo para enrolarmos as faixas. Provamos para eles que não estávamos infligindo nenhuma Lei.
Não entendi pelo BO se a calúnia alegada eram os dizeres do panfleto. Pois, o mesmo foi assinado por quatro partidos legalmente instituídos em nossa cidade e que respondem legalmente pelos seus atos. Não seria melhor que o prefeito esclarecesse e provasse que as denúncias são mentirosas? Por que não trazer um perito e um avaliador do fabricante da patrol e provar que o preço do sucatão não foi superfaturado? Aliás, quanto realmente foi pago por esta máquina? Porque o Diário Oficial do Município não é distribuído ao público como era na administração do PT?"