“Queremos saber por que assinamos um contrato e vamos pagar prestação referente a uma casa de 50 m2 e agora ela só tem 36 m2. Estamos sendo enganados”, era o brado dos mutuários do Cajuru II, que marcaram uma reunião para discutir o assunto, a conselho, segundo eles, dos vereadores, Luizão Bizinoto, Luiz Sinhorelli e José Carlos Basso De Santi, o Fofão. Os únicos três vereadores preocupados com o que está acontecendo no bairro. Mesmo assim, à reunião, só compareceu Luizão Bizinoto.
A presidente da Associação dos Moradores do Perpétuo Socorro, Isabel Cristina Pansani, também não compareceu à reunião. A favor da redução do tamanho, não quis saber o que estava acontecendo.
O que a reportagem percebeu é que os moradores reclamantes têm razão. Estão sendo absurdamente prejudicados e nenhuma autoridade toma providência. No mínimo, uma alteração deve ser feita: se a casa diminuiu 30%, a prestação também deve cair. Uma reunião com o prefeito Joaquim Rosa Pinheiro e os moradores do futuro residencial, solicitada pela presidenta do bairro, Isabel Cristina, está sem resposta há mais de 15 dias.
Preocupados com possíveis retaliações, pediram também a omissão dos nomes nas opiniões dadas. Muitos moradores, embora reivindicassem, se recusaram declarar os nomes e ao ser fotografados, viravam de costas ou se afastavam. "A gente é pobre, precisa da casa, amanhã a gente pode perder a casa por causa disso", diziam.
Insatisfeitos mutuários querem providências
A polêmica do Cajuru II começou logo depois da posse do prefeito Joaquim Rosa Pinheiro. "Ninguém falou nada pra gente. Depois que o prefeito Joaquim entrou, ordenaram que parássemos de trabalhar. Eles vieram aqui com as máquinas, desmancharam tudo o que estava feito, diminuíram o terreno, o tamanho das casas e vão tocando o serviço, e a gente não pode nem entrar lá, não temos o direito de ver como vai ficar a casa que a gente vai morar, por isso marcamos a reunião", reclamam.
Um dos moradores assume que levou o bilhete à rádio e explica: "Os donos das casas estão insatisfeitos, todos nervosos. Conversamos com alguns vereadores e aí decidimos fazer essa reunião para discutir. Levei a convocação pra rádio em comum acordo com o pessoal. Mandaram parar a obra, quando o prefeito Joaquim entrou. Depois não chamaram a gente pra explicar nada. Diminuíram o terreno e a casa, que casa não cabe uma família de quatro pessoas, não teremos um quintal", lamentou.
No valão
Um dos trabalhadores do residencial e também mutuário, contou como pararam de trabalhar na atual gestão. "No tempo do Biro, a gente trabalhava no sábado, domingo, feriado. No começo do mandato do Joaquim mandaram a gente parar, disseram que seria por três meses. O material ficou ali até que um dia chegaram com as máquinas e arrancaram tudo o que tínhamos feito e jogaram no valão. O que sobrou ali, em vez de casa, está nascendo é capim. Na época em que trabalhamos aqui construímos radies (bases), feitos de cimento, ferragem, que estão jogadas no valão. Foram ferragens e mais ferragens que a gente ficava montando para a base e foi tudo para o valão. É claro que não era de graça, porque a gente estava trabalhando pra nós mesmos".
Jardim Primavera
O residencial Cajuru II, que vai se chamar 'Jardim Primavera', conforme eleição do nome feita entre os futuros moradores, teve o seu início na gestão do ex-prefeito, Nobuhiro Karashima. Pelo sistema de administração direta, as casas começaram a ser construídas até que foram paralisadas para atender algumas exigências do órgão ambiental.
Projetadas para serem construídas com tijolos ecológicos, de maior resistência que o tijolo maciço e mais do que o tijolo baiano, as casas com 48,61 m2 teriam 5 m2 a mais de área do que as casas do Cajuru I, que medem 43,60 m2. "A vantagem maior ainda seria o tamanho do terreno, com uma área de 180 m2 (12 x 15 m), possibilitando a distância entre uma casa e outra de 6 m, podendo construir uma futura garagem e até outros cômodos", explicou um dos inscritos, criticando o tamanho do banheiro da atual construção: "Se der um p... o vizinho da casa ao lado vai ouvir", brincou.